segunda-feira, 25 de outubro de 2021

A maioria das moratórias de crédito terminaram. Estarão as famílias preparadas para voltar a pagar a prestação do crédito?

No passado dia 30 de setembro de 2021, a maioria das moratórias de crédito terminaram, tendo os particulares e empresas de retomar o pagamento das prestações de empréstimo no mês de outubro. Isto tudo porque, inevitavelmente, as famílias portuguesas começaram a sentir os efeitos económicos (perderem o emprego, tiveram redução das suas atividades ou diminuição dos salários devido a terem deixado de ter horas extra, por exemplo) da crise pandémica Covid-19, e as empresas a viram as suas atividades ser reduzidas. Desta forma, o Governo, após negociações com a banca, concedeu uma moratória de seis meses aos créditos de habitação, que mais tarde foi prolongado.

O decreto-lei do Governo diz que os bancos devem mostrar-se preocupados com a sinalização de clientes em dificuldades e apresentarem soluções para os créditos de clientes que beneficiaram das moratórias publicas, tornando o pagamento mais facilitado.

A lei ainda dita que, em caso de dificuldades financeiras, as famílias com crédito à habitação ficam “asseguradas” pelo período mínimo de 90 dias, não podendo os bancos avançar com ações em tribunal, resolver esses contratos ou vender esses créditos a empresas terceiras.

Segundo dados do Banco de Portugal, no final de janeiro de 2021, 54 mil sociedades não financeiras tinham empréstimos em moratória, no montante global de 24 mil milhões de euros. Dos empréstimos a particulares, estavam em moratória 16,1%, no montante global de 20 mil milhões de euros, 86% dos quais correspondiam a empréstimos para habitação (3,7 mil milhões de euros).

As moratórias foram sem dúvida um “balão de oxigénio” que permitiu a sobrevivência financeira a quem foi mais afetado pela pandemia (efeito apenas temporário). Mas isto apenas corresponde a olharmos para um lado, pois se olharmos para o outro o processo de volta ao pagamento dos créditos vai ser doloroso para muitas famílias, pois estas podem vir a sentir-se encurraladas a nível financeiro.

 

Carlota Moreira Silva

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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