sábado, 23 de outubro de 2021

Economia pandémica

O Grande Confinamento, como designa o Fundo Monetário Internacional, provocado pela chegada do Coronavírus, afetou a sociedade como um todo: a nível económico, laboral, psicológico, social, entre outros. De forma a combater este problema, o governo foi obrigado a tomar medidas para colmatar as suas consequências, o que provocou  um grande rombo nas contas públicas do país. Este inesperado problema sanitário levou à declaração de Estado de Emergência, limitando algumas liberdades o que se refletiu imediatamente na vida da população.

                            Taxa de variação homóloga do PIB



                       Dívida pública em % do PIB


Uma das consequências do Estado de Emergência foi o encerramento temporário de estabelecimentos comerciais e de serviços, o que levou a uma enorme queda do produto interno bruto (PIB) e, consequentemente, à queda da receita fiscal. Algumas firmas tiveram de despedir funcionários ou até encerrar, o desemprego disparou, algumas pessoas foram forçadas a recorrer ao RSI, e uma vez que a economia portuguesa é fortemente ligada ao turismo sofreu ainda mais por registar uma enorme queda no recebimento de estrangeiros. A tendência verificou-se ao longo do território e na imagem abaixo podemos observar a evolução do desemprego por concelho nos períodos homólogos compreendidos entre Dezembro de 2019 e durante o ano de 2020.


Os rendimentos dos agregados familiares médios caíram cerca de 7%, aumentou a desigualdade na distribuição de rendimentos (a diferença entre o percentil 5 e 95 aumentou mais de 9%), como se verifica na figura abaixo,  e aqueles que já viviam mais próximos do limiar de pobreza foram os mais afetados, ao contrário dos mais qualificados, que puderam permanecer em teletrabalho. Como regista o The Social Observatory, esta crise impactou a pobreza, tendo 400 mil pessoas caído abaixo do limiar de pobreza. Os grupos profissionais que mais peso relativo ganharam no número total de desempregados foram os trabalhadores do setor terciário, contrastando com o setor primário.


Com esta panóplia de acontecimentos, o governo português foi obrigado a mobilizar-se e tornar-se mais interventivo, executando uma série de medidas que se materializaram em ajudas às empresas e outras entidades. Colocou em prática algumas ajudas, como a execução de um programa de ‘lay-off’,  a segurança social prestou apoios  extraordinários e implementou  ainda um apoio extraordinário a trabalhadores independentes e sócios-gerentes.
O atual momento é de imensa incerteza. A pandemia deixou o território fragilizado e é necessário reorientar o perfil de especialização da economia portuguesa qualificando o atual e futuro mercado laboral. Tornou-se imperativo aumentar a abrangência dos mecanismos de proteção social e combater as várias formas de precariedade, de modo a preparar um futuro económico e social mais robusto e equitativo, especializando o trabalho e criando redes produtivas com maior valor.
No dia em que escrevo, já passa mais de um ano desde a primeira infeção pelo Coronavírus e, felizmente, já há mais de 86% da população que está inteiramente vacinada contra o vírus, o que torna Portugal no 10º país do mundo com a maior taxa de doses administradas por 100 habitantes, assegurando-se assim um elevado grau de imunidade contra a doença. Por outro lado, o desemprego regista uma trajetória descendente há já seis meses, segundo o IEFP.
Isto aparenta ser uma lufada de tranquilidade e a situação, esperamos nós, voltará ao seu “normal”. Apesar da crise sanitária estar aparentemente a chegar ao seu fim, deixa grandes marcas por apagar, sendo necessário existir um grande programa de reformas e grandes esforços para lhe fazer frente.
De forma a melhor compreender todo o processo, recomendo vivamente visitar os artigos abaixo indicados, a partir dos quais foram retiradas informações.

Hélder Domingues

https://oobservatoriosocial.fundacaolacaixa.pt/en/-/the-impact-of-covid-19-on-poverty-and-inequality-in-portugal-and-the-cushioning-effect-of-policies

https://www.observatorio-das-desigualdades.com/observatoriodasdesigualdades/wp-content/uploads/2020/12/UmOlharSociolo%CC%81gicoSobreaCriseCovid19emLivro.pages.pdf

https://www2.novasbe.unl.pt/Portals/0/Files/Reports/Portugal%2C%20Balanco%20Social%202020-Relatorio.pdf

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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