sábado, 23 de outubro de 2021

TAP: a Decisão do Momento

            A TAP, Transportes Aéreos Portugueses, tem sido um nome que tem estado na boca dos portugueses nos últimos anos. Isto porque muito se tem debatido acerca da sua privatização, sendo que a principal razão desta discussão serão as sucessivas injeções de capital por parte do Estado português.

          É uma história que dura já há vinte anos e que muitos defendem ser o maior erro político de António Costa, mas o que é facto é que a privilegiada TAP continua a receber injeções de capital, havendo até quem lhe chame de “orgia financeira”.

        Se, por um lado, há quem defenda a sua nacionalização devido a ser uma das maiores exportadoras, criando postos de trabalho e pagando milhões em impostos e contribuições, por outro lado, há quem apoie mesmo a sua privatização dizendo que todo o dinheiro que está a ser investido nunca será reavido e, por isso, trata-se de um assalto ao bolso dos portugueses. Parece que nem Bruxelas está convencida com o plano traçado pelo governo português, pois antes de dar luz verde ao plano de reestruturação pediu ao governo uma investigação profunda. Para ajudar à festa, a TAP acaba de finalizar esta semana o despedimento coletivo de 72 trabalhadores, mais um gigante falhanço nesta história que não parece ter fim.

       Para além de tudo isto já falado, e como se não fosse suficiente, juntou-se recentemente à lista dos problemas a GroundForce, onde a TAP tem participação, devendo à companhia aérea 19,7 milhões de euros.

        Mas a questão que se mantém é: quantos mais milhares de milhões terão os portugueses de investir para ver chegar o fim desta novela?

          Na minha opinião, investir na TAP pode ser um mal sem fim, pois de todas as vezes que financiamentos já foram feitos nesta empresa a verdade é que tudo voltou à estaca zero e mais dinheiro dos contribuintes teve de ser investido na companhia anos mais tardes. O grande argumento de que a TAP é importadora do turismo cai por terra quando analisados os seguintes dados: em 2019 (pré-pandemia), a TAP apenas transportou uns míseros 19% de passageiros do Porto e 3,5% de passageiros de Faro. Se o Algarve é a porta de entrada do turismo em Portugal, certamente não será por intermédio da TAP.

          Pondo mais uma vez em perspetiva toda a situação, a ultima injeção da TAP no valor de 1,2 mil milhões de euros é o equivalente a metade do orçamento do estado dedicado ao ensino superior ,e caso isto não seja suficiente para convencer todos os portugueses de que a companhia aérea portuguesa é um péssimo negócio, falemos da qualidade do serviço prestado. Uma empresa que de lowcost nada tem e que se orgulha de ser conhecida pela sua qualidade, é alvo de constantes queixas devido a atrasos e serviços medíocres. No ranking de avaliação de companhia aéreas, a TAP situa-se no fim da tabela, junto a companhias lowcost que cobram até menos 70% do valor dos bilhetes da TAP.

          Sendo assim, e para concluir, penso que a privatização da TAP seria a melhor solução pois quer os portugueses quer o Governo não irão aguentar, pois as avultadas injeções de capital não são sinónimas de sucesso, podendo muito bem ter sido dinheiro “deitado ao lixo”. Acredito plenamente que a sua passagem de responsabilidade a uma identidade privada poderá dar melhor seguimento ao processo e fazer uma melhor gestão da companhia, garantido igualmente as contribuições pagas pela companhia a Portugal.

 

Carolina Oliveira Gonçalves

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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