domingo, 24 de outubro de 2021

Aumentos na eletricidade e no gás natural

         Portugal é caracterizado por ser um país muito dependente das energias fósseis, visto que o seu território não permite que estas sejam produzidas internamente. A eletricidade e o gás têm sido temas cada vez mais comentados devido ao impacto do aumento dos preços dos mesmos na vida dos portugueses.

A eletricidade está ao preço mais alto dos últimos 19 anos. Um dos motivos para este acontecimento são os pagamentos de cada vez mais taxas relativas à emissão de gases poluentes (poluição), como o dióxido de carbono. Por outro lado, há também mais consumo, uma vez que as centrais a gás e a carvão estão a ser mais utilizadas e essa energia é mais cara na produção do que as energias renováveis ou as barragens. Por isto, o preço da produção da eletricidade está mais caro, refletindo um aumento do preço nos consumidores finais. É importante perceber que estes aumentos não são, necessariamente, para as empresas lucrarem à custa dos clientes. Como é de esperar, as empresas querem ganhar e não perder dinheiro. Neste sentido, se a matéria-prima se torna mais cara, o preço final aumenta também.

É possível fazer duas distinções de mercado: o mercado regulado, em que os preços são definidos pelo Estado, pela entidade destinada a definir os preços; e o mercado liberalizado, que é constituído por várias empresas, como a Galp e a Iberdrola, em que cada uma tem as suas caraterísticas e os seus preços.

A partir de outubro de 2021, no mercado regulado, a fatura da luz sobe 3% para mais de 900 mil consumidores de eletricidade, mas também a fatura do gás aumenta 0,3% para mais de 200 mil consumidores.

Relativamente à eletricidade, de acordo com a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), o preço da tarifa de energia do mercado regulado passou para cinco euros por MWh. Isto significa que os clientes com potência contratada de 3,45 kVA pagarão, aproximadamente, mais 1,05 euros na fatura média mensal. No caso da potência contratada ser de 6,9 kVA, o aumento rondará os 2,86 euros. A ERSE analisou também os consumidores-tipo e concluiu que "o impacto estimado da atualização da tarifa de energia para os consumidores do mercado regulado é de aproximadamente mais 3%, em relação aos preços em vigor, no total da fatura de eletricidade (com IVA)".

Já no gás natural, o regulador da energia comunicou que "apesar da redução da tarifa de acesso às redes, perspetiva-se uma subida no custo de aprovisionamento do gás natural, o que justifica o acréscimo nas tarifas transitórias de venda a clientes finais". Serão afetados cerca de 243,5 mil consumidores, representado 2% do consumo nacional. Neste caso, o mercado em destaque é o livre. Pela análise efetuada pela ERSE, um casal sem filhos, caraterizado por um consumo tipo 138m3/ano, terá um aumento de 0,04 euros por mês, com uma fatura média mensal de 10,90 euros. Por outro lado, um casal com dois filhos com uma fatura média mensal de 20,23 euros enfrentará um aumento de 0,07 euros por mês, com consumo tipo 292m3/ano.

          Do meu ponto de vista, apesar destes aumentos de preço desfavoráveis para os consumidores de eletricidade e gás natural, há sempre uma forma de contornar, seja poupando ou mudando para hábitos mais sustentáveis. A verdade é que os portugueses pagam muito porque também consumem bastante. Se mudarmos de forma significativa os nossos comportamentos, conseguiríamos reduzir os custos.

          Algumas práticas que podemos aplicar são, por exemplo: aproveitar a luz natural para iluminar o interior das casas; utilizar painéis solares, como forma de aquecimento, por exemplo, para a água; desligar os vários aparelhos da tomada, pois os aparelhos mesmo em modo stand-by continuam a consumir energia; utilizar as máquinas de lavar com programas de baixa temperatura, visto que os eletrodomésticos que geram mais calor são os que tendem a gastar mais eletricidade. Os consumidores podem também estar atentos aos preços das várias empresas de energia existentes no mercado e mudar caso outra empresa tenha custos inferiores e seja mais do agrado do consumidor. Tudo isto fará a diferença no ambiente… e na carteira!

 

Ana Rita Lopes

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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