quinta-feira, 31 de outubro de 2019

´Black Friday` ou ´Black Fraude`?

A Black Friday surgiu nos Estados Unidos da América. Os dados acerca da sua origem não são consensuais, mas há uma maior expressão que remete para o facto da polícia apelidar o dia seguinte ao feriado de Ação de Graças com esse mesmo nome pelo facto de haver um grande tráfego de pessoas e veículos nas estradas, associado à abertura do período de compras natalícias. Há também uma forte associação à Black Friday de 1869, crise financeira que marcou os EUA devido ao crash na Bolsa de Nova Iorque. Ainda assim, o termo Black Friday começou a ser mais usual a partir do ano 1975 graças ao reforço por parte do The New York Times acerca desse termo.
A expressão Black Friday é alvo de cada vez mais atenção por parte dos consumidores, representando consequentemente um maior impacto na sociedade, no comércio e na Economia pela via das receitas. No panorama europeu, foram registados gastos no Reino Unido, relativos a essa data, de £1,23 biliões em 2016, o que evidencia um crescimento de 12,2% face a 2015, data que registou £1,1 biliões. No ano de 2017, verificou-se pela primeira vez um maior crescimento das vendas a retalho no mês de novembro do que em dezembro.
Apesar de apresentar maior impacto, a Black Friday está descaraterizada, aliás, está descaraterizada desde que começou a ser adotada noutros países que não os Estados Unidos da América, visto que é um acontecimento que tem como referência o Dia de Ação de Graças, que é apenas celebrado lá, sendo adotado noutros países apenas como estratégia de marketing. No entanto, a sua descaraterização acompanha o caráter “crescente” do seu peso na Economia visto que agora não se trata apenas da última sexta-feira do mês de novembro mas sim da semana que a antecede, do fim-de-semana seguinte e até da segunda-feira seguinte, apesar de apelidados de nomes diferentes tais como Black Week, Black Weekend e Cyber Monday.
A Black Friday também tem sido alvo de inúmeras críticas pelo facto de se terem vindo a verificar irregularidades decorrentes desta promoção. Muitas vezes, antecipando a promoção, os comerciantes aumentam o PVP inicial de forma a que o preço promocional seja na verdade o preço inicialmente praticado, tentando “vender” a ideia por detrás desta estratégia mas não estando na realidade a praticá-la. Estamos perante um dilema de ideia preconcebida versus realidade.
O consumidor está cada vez mais atento e tenta prever estas situações. Procura manter-se informado, chegando por vezes a fazer mesmo uma lista com os produtos que realmente deseja adquirir para, chegando o dia da Black Friday, confrontar preços e decidir se compensa ou não comprá-los, acabando assim por diminuir um pouco o consumo excessivo praticado pela generalidade dos consumidores que olham para qualquer redução de preço como uma oportunidade, mesmo não tendo necessidade de adquirir esse produto.
Assim sendo, têm surgido algumas iniciativas tanto por parte do consumidor como por parte de outras entidades, como é o caso da DECO, que mostram ao consumidor quais os produtos que estão realmente em promoção.
Esta estratégia mostra-se vantajosa para inúmeras empresas (tanto pequenas lojas como grandes armazéns) na medida em que permite a viragem da sua situação financeira, passando de uma situação vermelha (prejuízo – pré Black Friday) para uma situação que agora podemos chamar de black (lucro – pós Black Friday).
O problema existe: será então melhor para a Economia continuar com uma “Black Fraude” ou acabar com a Black Friday? É importante consolidar o match entre o conceito e a sua prática.


André Vila Mendes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Brexit e a campanha do Facebook

Desde do dia 4 de junho de 2016 que o Brexit passou a ser um dos temas mais atuais e polémicos. Os dias posteriores foram um autêntico caos, existiam pedidos para um segundo referendo, como se tratasse de um jogo de futebol em que todos se culpavam uns aos outros: os jovens acusavam os mais velhos, as pessoas com mais habilitações culpavam as pessoas com menos habilitações e por aí adiante.
Assim, quem votou na decisão de “Sair da União Europeia” e, acima de tudo, “O que levou as pessoas a tomarem essa decisão”, passaram a ser as questões centrais.
Ao analisarmos os resultados da votação do referendo, percebemos que o voto se dividiu por idade, habilitações, classe social e situação geográfica. Logo, através dos resultados estatísticos, percebemos que os jovens pouco votaram, no entanto os que votaram desejavam permanecer na União Europeia (UE). No entanto, do outro lado da moeda estava a população mais velha, que desejava sair da mesma.  
Ao passarmos para uma análise a nível geográfico percebemos que Londres e a Escócia foram os zonas onde a população mais “lutou” para permanecer na UE, enquanto que noutras zonas existiu uma ambivalência bastante notória. Para além disto, os dados permitem ainda concluir que as pessoas com maior nível de formação, votaram de forma mais notável contra o Brexit, comparativamente às pessoas com menos habilitações. Todavia, os estudos também demonstraram que as regiões que mais votaram a favor da saída da União Europeia são aquelas que mais dependem economicamente da mesma, o que nos faz refletir sobre os motivos efetivos que levaram essas populações a votarem dessa forma.
Ao observarmos os motivos dos “Leavers” (população que deseja sair da UE) percebemos que algumas pessoas tomaram essa decisão devido ao descontentamento com a política da altura, ou seja, foi um voto de contestação ao sentirem que ninguém os representava e que não existia um partido que falasse por eles, tal como aconteceu no Brasil aquando da eleição de Jair Bolsonaro e nos EUA com Donald Trump.  
O nome do atual presidente americano voltou a surgir, curiosamente, como uma referência quando se começou a perceber as ilegalidades que foram cometidas durante a campanha do referendo, devido a algumas semelhanças entre as campanhas. Através da análise da “campanha Leave”, percebemos que foram usadas ferramentas de ódio e medo, maioritariamente via online.
Foram diversas as ilegalidades cometidas durante a campanha do Brexit, sendo que uma delas esteve relacionada com o plafond da campanha. O Reino Unido tem leis sobre a quantia máxima permitida para uma campanha e dias antes da votação a “campanha Leave” excedeu o plafond legal em cerca de 750 mil libras. Com este dinheiro ilegal criou notícias falsas, nomeadamente sobre a Turquia e a imigração, que foram propagadas apenas a um grupo restrito da população considerado influenciável. Contudo, uma das maiores ilegalidades foi cometida através de uma empresa chamada Cambridge Analytica. Esta empresa possuía o perfil político de cerca de 87 milhões de pessoas, recolhido ilegalmente no Facebook, o que permitia perceber os seus medos individuais para as atingir com anúncios falaciosos nesta rede social.
Deste modo, é possível pensarmos que esta fraude foi apenas “dinheiro mal gasto” e que foram apenas uns “anúncios online”, porém esta foi a maior fraude eleitoral nos últimos 100 anos na Grã-Bretanha, numa eleição única para a nação, que foi decidida por apenas um por cento dos votos. E se há algo que a eleição para o referendo veio comprovar foi que a democracia liberal foi viciada, mais concretamente que o Facebook deixou viciar, uma vez que não é democrático espalhar mentiras financiadas por dinheiro ilegal, cuja origem é desconhecida.
Em jeito de conclusão, penso que a democracia é um dos bens mais preciosos que possuímos e que, por vezes, a tomamos como garantida e inevitável. Considero que é nosso dever lutar pela mesma e que parte dessa luta passa por não deixar que empresas com influência global possam ser controladas, ou não punidas. A eleição do Brexit, cujo resultado eleitoral afeta o mundo e não apenas um país, demonstrou que já não se trata de apenas “esquerda” ou “direita”, “sair” ou “ficar”, mas sim de termos eleições livres e acima de tudo justas. Trata-se de a decisão final ser do povo e não de quem mais contornou as regras. Trata-se da forma como lidamos com a situação: se não fazemos nada e continuamos a brincar com os nossos telemóveis, ou se lutamos pelos nossos direitos e exigimos mudanças.

Ana Catarina Silva

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Publicidade menos doce

A publicidade está aí ao virar da esquina e em cada esquina. Diariamente, somos confrontados com inúmeras propagandas chamativas que visam aumentar a nossa procura de bens. O número crescente de anúncios que invadem o nosso dia-a-dia tornam apelativo o consumo, por vezes desnecessário, acabando por ter consequências a vários níveis. Afinal, qual será o impacto das publicidades nas nossas vidas?
O mercado publicitário é fundamental para a economia portuguesa. Permite a criação de riqueza e de empregos, promove a inovação de produtos e serviços, assim como incentiva a concorrência. As campanhas publicitárias proporcionam benefícios para a sociedade, sendo indispensáveis para a divulgação de atividades culturais e de novos produtos, ajudando a promover a responsabilidade social e a alterar modos de vida e mentalidades. Não obstante, nem todas as publicidades são um mar de rosas, podendo ter repercussões negativas.
De acordo com um estudo da Deloitte, o investimento total em publicidade foi cerca de 571 milhões de euros em 2017. Estima-se que este investimento tenha contribuído com aproximadamente 2,5 mil milhões de euros para o PIB português. Ao nível da criação de postos de trabalho, o impacto total do setor da publicidade rondou os 51 250 empregos. É de realçar a evolução média anual de 2,4% neste setor, desde 2012.
A televisão ganhou o primeiro lugar como  meio de propaganda, tendo se evidenciado o aumento de importância da publicidade digital em relação aos outros meios publicitários. Salienta-se que o investimento publicitário não manifesta a mesma magnitude para todas as indústrias, sendo que no topo das posições para os setores que mais beneficiaram em 2017 deste investimento encontram-se o comércio, o setor farmacêutico, a indústria automóvel e os produtos alimentares.
Em relação a este último grupo de bens, uma nova lei aprovada este ano destina-se a colocar restrições aos anúncios publicitários dirigidos às crianças. De modo a incentivar e promover estilos de vida mais saudáveis, os alimentos com excesso de açúcar são um alvo a abater. Assim sendo, as publicidades a produtos alimentares com elevado valor energético, teor de sal, açúcar, ácidos gordos saturados e gorduras tornaram-se vítimas de restrições, estando os anúncios a estes produtos proibidos na televisão, na internet, e na proximidade de escolas e parques infantis. Com efeito, as limitações no mercado publicitário apresentam implicações económicas, sociais e culturais.
Maria João Gregório, diretora do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, declarou que “ A lei tem como objetivo limitar o estímulo ao consumo de alimentos menos saudáveis ou não saudáveis. A verdade é que a investigação científica diz que a publicidade tem impacto no consumo alimentar das crianças, com impacto no seu estado de saúde na infância e depois na idade adulta”.
Será que esta mudança vai ter impactos avultados no setor da publicidade? Do meu ponto de vista, esta restrição levará a mudanças razoáveis na estrutura e no perfil do investimento comercial. Efetivamente, a indústria dos refrigerantes e dos chocolates investe enormes quantias em campanhas publicitárias e desta forma uma parte destes investimentos desaparecerá, tendo consequências na sustentabilidade do setor publicitário. Estas restrições vão empobrecer o mercado, acabando por afetar um vasto elenco de marcas e produtos. Apesar da ausência de valores concretos, naturalmente irá provocar impactos no setor publicitário.
Mas será que as restrições neste setor serão capazes de alterar o consumo dos mais jovens? Na minha perspetiva, esta medida contribuirá eventualmente para a redução do consumo de alimentos empobrecidos em vitaminas. Esta lei é direcionada para controlar a publicidade a alimentos presentes em supermercados, destinando-se a reduzir escolhas alimentares menos saudáveis e a obesidade infantil. A publicidade influencia os comportamentos e as escolhas dos consumidores e por este motivo não publicitar este tipo de alimentos tende a desencorajar os indivíduos na sua aquisição. Apesar destes produtos continuarem presentes na hora de fazer as compras, o facto de não existir um apelo ao seu consumo pode ser considerado um fator relevante para alterar escolhas alimentares.
Em suma, estas restrições colaboram de forma positiva para a moderação do consumo de alimentos menos saudáveis e que acabam por prejudicar a nossa saúde, ajudando a promover um estilo de vida mais saudável. O fim destas campanhas publicitárias cria espaço para o aparecimento de um novo mundo, emergindo anúncios ricos em nutrientes e sabores.

Filipa França da Silva

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

A pobreza é uma inevitabilidade?

Segundo a Comissão dos Direitos Sociais, Económicos e Culturais das Nações Unidas, a pobreza pode ser definida como uma “condição humana caraterizada pela privação sustentada ou crónica de recursos, capacidades, escolhas, segurança e poder necessários para o gozo de um adequado padrão de vida e outros direitos civis, culturais, económicos, políticos e sociais”, ou seja, de uma forma mais simples, poderíamos dizer que a pobreza é a privação das condições básicas para termos acesso a uma vida digna.

No seio da União Europeia (UE), a pobreza é normalmente medida em função dos limiares de pobreza monetária relativa, o que implica calcular os rendimentos médios equivalentes dos agregados familiares de um determinado país. A linha da pobreza é, pois, estabelecida e corresponderá a uma percentagem desse rendimento médio. Na UE, considera-se que uma pessoa se encontra “em risco de pobreza” quando os seus rendimentos são inferiores a 60% do rendimento médio por agregado familiar do respetivo país.
No dia 17 do mês de outubro,  celebrou-se o Dia Internacional para Erradicação da Pobreza e há motivos para celebrar. O Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, realizado em 2018, sobre rendimentos do ano anterior, indica que 17,3% da população estava em risco de pobreza, em 2017. Pelos cálculos do Instituto Nacional de Estatística (INE), era pobre quem auferia um rendimento anual inferior a 5607 euros (467 euros por mês). A taxa de 17,3% representa o nível mais baixo desde 2003, ano em que o Instituto Nacional de Estatística começou a tratar este indicador, anunciando na altura uma taxa de 20,4%. Desde então, os valores foram descendo, paulatinamente, no sentido de uma convergência com a União Europeia. Em 2008, Portugal exibia uma taxa de 17,9%, no entanto, com a crise, a taxa voltou a subir – chegando a alcançar os 19,5%, em 2013.
É de destacar que, a amenizar este número recorde, encontram-se as prestações sociais, como pensões, subsídio de desemprego e rendimento social de inserção. Se estas não existissem a proporção de pessoas em risco de pobreza seria de 45%. É de salientar, também, que a maior taxa de risco de pobreza antes de transferências sociais por grupo etário se verifica na população com 65 anos ou mais. Em 2017, a taxa fixava-se nos 89,7% neste grupo, mostrando a sua dependência das transferências sociais. De notar que, mesmo após as transferências sociais, 17,7% da população com 65 anos ou mais vivia numa situação de pobreza naquele ano. Mas são as crianças e os jovens até aos 18 anos que continuam a ser, efetivamente, o grupo populacional mais afetado pela pobreza, nomeadamente pela pobreza monetária, ou seja, que vivem em agregados familiares cujo rendimento ‘per capita’ é inferior a 60% da mediana do rendimento nacional ‘per capita’, apresentando uma taxa de risco de pobreza de cerca de 19% após transferências sociais.

Comparativamente aos 28 países da UE, Portugal está pior do que a média dos seus parceiros comunitários, com apenas dez países a apresentar piores resultados. Considerando os três elementos que definem o risco de pobreza, o Eurostat indica que 16,9% da população da UE estava em perigo mesmo sendo beneficiária de subsídios sociais (17,3% em Portugal), 5,8% estava em risco de privação material severa (6,0% em Portugal) e 9,0% vivia em agregados familiares com baixa intensidade de trabalho (7,2% em Portugal).

É certo que a trajetória recente é bastante positiva, devendo-se em grande medida à recuperação económica do país, à queda do desemprego e ao crescimento económico. Deve-se, igualmente, a uma preocupação acrescida das políticas públicas com as questões sociais, bem como a preocupação de priorizar o crescimento dos rendimentos das famílias de menores rendimentos. No entanto,  estes novos indicadores não podem relativizar a ideia de que Portugal continua a ser um dos países com maior pobreza e com maiores níveis de desigualdade na Europa. É quase impossível não ficar arrepiado com a realidade de um país onde duas em cada dez pessoas são pobres e, se não fossem os apoios públicos para combater a pobreza, quatro em cada dez estariam em situação de pobreza.

Mas a questão que se põem é se a pobreza é uma inevitabilidade? Na minha opinião, o nosso mundo atingiu níveis de desenvolvimento científico e tecnológico capazes de garantir um combate eficaz à pobreza e às desigualdades. Falta, no entanto, o mais importante: garantir uma economia capaz de responder às necessidades das pessoas e políticas públicas que tenham coragem de fazer a redistribuição de riqueza necessária. As políticas públicas e a sociedade no seu conjunto ainda têm um longo caminho a percorrer para construir uma sociedade mais coesa, socialmente mais justa, com menos pobreza e desigualdade.

Sara Vieira Ribeiro
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Combate à pobreza, um desafio (im)possível?

Durante muito tempo as questões de pobreza e desigualdade na distribuição dos rendimentos foram ignoradas pelas principais instituições financeiras internacionais, como o FMI, e pela macroeconomia, porém, atualmente essas mesmas questões têm assumido uma importância crescente e a redução e erradicação da pobreza tornou-se uma das temáticas centrais da economia do desenvolvimento. Como tal, a atribuição do Nobel da Economia a Abhijit Banerjee, Esther Duflo e Michael Kremer vem-nos fazer refletir não só sobre como a metodologia experimental é um fator importante mas, sobretudo, como a ciência económica se encontra ao serviço da população e do seu bem-estar social e económico. O combate à pobreza mundial é uma prioridade, que não deve nem pode ser “deixada na gaveta” das agendas europeia e nacional.
         É um dado que o maior obstáculo à erradicação da pobreza é a existência de desigualdades ao nível de rendimentos, fundamentalmente motivadas pelas desigualdades dentro dos países e entre países. Se, por um lado, assistimos à diminuição da desigualdade na distribuição dos rendimentos no sul e leste asiáticos, em grande parte devido ao seu crescimento económico, por outro, continuamos a verificar que tanto na Ásia Ocidental, na América Latina como na África as desigualdades se acentuam e os níveis de rendimento diminuem continuamente.



         Poucas dúvidas restam de que o aumento da taxa de crescimento económico é fundamental para a redução da pobreza - a importância do aumento no PIB per capita é tanto maior quanto menor for o nível médio de rendimento inicial. Aliado a este fator, está a importância do crescimento inclusivo, ou seja, um crescimento que abranja todos os indivíduos, sendo capaz de diminuir as desigualdades na distribuição de rendimento dos países e, internamente, capaz de atenuar a exclusão e fragmentação social, devida em grande parte a uma governação medíocre e conflitos internos.
         Em África, a população cresce, anualmente, a uma taxa superior a 2%, o que implica que a redução, até 2030, dos níveis de pobreza extrema para menos de 5% obrigará a declínios extremos nas desigualdades e a uma combinação com o crescimento de 2 dígitos do PIB, um cenário nunca antes ocorrido.
         Numa perspetiva mundial, estimativas da ONU constatam que mais de 7% da população continuará em situação de pobreza até 2030, caso não ocorram transformações para diminuir, significativamente, as diferenças de rendimento entre e dentro dos países. O crescimento do PIB, por si só, não é um fator suficiente para promover melhorias significativas nos padrões de vida sociais. É fundamental, reconhecer que a multidimensionalidade da problemática da pobreza exige o desenvolvimento de um conjunto de medidas capazes de extrapolar a dimensão económica da questão, caso contrário tendências como as que se observam vão continuar a ser um entrave.
Desta forma, o investimento público em educação de qualidade e na ampliação do seu acesso, aliado a políticas de emprego, como o aumento do salário mínimo e a construção de uma proteção social adequada, e o investimento em serviços de saúde afiguram-se essenciais. Essenciais são, igualmente, apostas na resiliência às alterações climáticas e na inclusão digital e financeira, impulsionando a criação de empregos a curto prazo e crescimento económico, em transportes, energia e agricultura, priorizando o desenvolvimento de infraestruturas rurais que promovem a redução das desigualdades internas ao país e em sistemas fiscais progressivos aliados à política distributiva - que se assume como um fator de extrema relevância.
         Em Portugal, apesar da redução na taxa de risco de pobreza (17,3%), 2 em cada 10 pessoas são pobres e, na ausência de apoios públicos a situação piora significativamente, isto é, 4 em cada 10 estariam em situação de pobreza. O caminho a percorrer ainda é longo, mas tem-se construído.
Do ponto de vista económico, o aumento do salário mínimo conseguiu tirar trabalhadores da pobreza e reproduzir um efeito positivo nas contas públicas, assegurando a sustentabilidade necessária para reforçar os apoios sociais no combate à pobreza. Qual o próximo passo? Os números falam por si: cerca de 330 mil crianças estão em risco de pobreza, o grupo etário entre os 0 e 18 anos é o mais afetado. Assume-se assim, a forte necessidade de, num país com taxas de natalidade baixas, serem criadas oportunidades não só para os jovens crescerem saudáveis e nutridos como terem acesso a uma escola pública e um ensino superior capazes de se tornarem uma porta de saída da pobreza. Consequentemente, os jovens tornam-se aptos para contribuir ativamente e acrescentar valor na economia, criando impacto no crescimento económico. E, para além disso, há a quebra de um ciclo de pobreza que se perpetua por gerações.
         Mas, não ficamos por aqui, a pobreza energética é outras das nossas realidades. Se a nossa eletricidade não fosse uma das mais caras da Europa, o cenário talvez fosse diferente, mas para que assim seja são necessárias medidas políticas de redução do IVA da eletricidade e a redução das rendas exuberantes praticadas pelas companhias de eletricidade. Não podemos esquecer, igualmente, o ambiente de tensão que paira sobre os valores de arrendamento, em que uma grande parte do rendimento vai para as despesas com a habitação, e sobre os valores da pobreza de género, que afeta mais as mulheres, impondo a necessidade de medidas específicas de género nos objetivos de combate à pobreza e exclusão social.
         Em suma, considero que combater a pobreza e lutar por um mundo mais inclusivo, igualitário e sustentável a longo-prazo são prioridades que exigem determinação e responsabilidade coletiva. E existem, neste momento, dois elementos chave neste desafio: a identificação das áreas onde as pessoas pobres vivem, para que as políticas sejam direcionadas mais eficientemente; e uma “libertação” do investimento público, para que este combate comece a tomar, realmente, proporções significativas.

         Andreia Amorim

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Serão os portugueses desgovernados?

Poupar é a palavra de ordem de muitas famílias, mas nem todas têm a capacidade ou agilidade financeira para o fazer.
Ao longo dos anos, a taxa de poupança dos portugueses tem diminuído. Em 1995, as pessoas poupavam 14,8% daquilo que ganhavam e, em 2018, este valor é de apenas, aproximadamente, 6,9%. Situando Portugal na conjuntura europeia, somos o 18º país que poupa mais, sendo que à nossa frente encontram-se países como o Reino Unido, Luxemburgo, Alemanha, Países Baixos, entre outros. Contudo, existem países que poupam ainda menos que Portugal, tal como a Lituânia, a Grécia, a Roménia. Os romenos são aqueles que menos poupam dentro da União Europeia, chegando a apresentar taxas negativas na casa dos 9%.
Em 2017, a taxa de poupança das famílias portuguesas foi de 4,7% do rendimento disponível, a mais baixa desde 1995. O Banco de Portugal aponta alguns fatores que poderão justificar os baixos níveis de poupança, como a redução da desigualdade na distribuição do rendimento, o acesso mais fácil ao crédito e o aumento do consumo.
Apesar do rendimento das famílias ter aumentado, as pessoas acabam por não poupar tanto dado que preferem usar o dinheiro na aquisição de bens e serviços. O consumo das famílias aumentou bastante nos últimos 23 anos, com apenas uma ligeira redução verificada em 2009, por causa da crise, mas em alguns anos já foi possível voltar aos valores de consumo vivenciados antes da crise financeira.




O consumo tem aumentado, isso é um facto, mas creio que seja importante perceber em que tipo de categorias se deu esse aumento. O gráfico apresentado permite analisar esta questão. A categoria “Alimentação, bebidas e tabaco” aumentou de 3.889,5€ em 1995 para 6.477,3€ em 2017, ou seja, as pessoas conseguiram aumentar o consumo nesta categoria em 66,5%. Para além disso, uma categoria que pode contribuir para analisar se o bem-estar dos portugueses aumentou é “Hotéis e restaurantes”. Esta categoria sofreu uma variação de 126% entre 1995 e 2017, sendo que o valor verificado em 2017 foi de 4.228,1€, comprovando que o estilo de vida dos portugueses melhorou dado que conseguem dispensar mais dinheiro para lazer e bens de luxo.
O European Payment Consumer Report 2018 relata que nos últimos anos a percentagem de europeus que acha que é aceitável comprar bens como televisões e computadores fazendo um crédito ou com dinheiro emprestado tem aumentado. Os europeus parecem não se importar em viver acima das suas possibilidades, porque 16% da população considera aceitável realizar um crédito ou usar dinheiro emprestado para fazer uma viagem, sendo que esta percentagem tem vindo a aumentar nos últimos anos.
Ainda no European Payment Consumer Report, em relação a Portugal, à pergunta “Porque é que não pagaram as contas a tempo?”, 38% dos inquiridos responderam que não tinham dinheiro para o fazer, sendo de realçar que este valor diminuiu face ao ano anterior. Contudo, facilita a perceção do porquê dos portugueses não pouparem, dado que parecem gastar mais dinheiro do que o que recebem.
         Os dados apresentados parecem reforçar um dos pontos mencionados pelo Banco Portugal como justificação para a redução da taxa de poupança, o fácil acesso ao crédito tem permitido a muitos portugueses, os mesmos que responderam que sim às questões anteriores, viver acima das suas possibilidades, realizando créditos e gastando o dinheiro que não é seu.
Os portugueses não parecem estar muito preocupados com a poupança ou com futuro. Estão mais interessados em aproveitar o presente e em consumir hoje. Um estilo de vida melhor e o consumo de bens de lazer tem sido prioridade na vida dos lusitanos, vivendo, se necessário, de créditos bancários. Esta foi a mentalidade que se instalou em Portugal: viver com mais do que o que se tem. Resta, por fim, perceber se isto veio para ficar e até quando vai ser sustentável.

Rita Mesquita

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Chegou a hora de mudar!

O sistema de segurança social português é predominantemente público, consistindo, portanto, num mecanismo de repartição baseado na solidariedade intergeracional - os trabalhadores no ativo financiam as pensões de reforma dos mais velhos.
Atualmente, o país enfrenta uma problemática que está de igual forma a causar enorme preocupação a nível internacional: o envelhecimento progressivo da população. Esta realidade deve-se essencialmente a dois fatores: o aumento da esperança média de vida; e a diminuição da taxa de natalidade.


Qual é o perigo associado? Logicamente, se o número de seres humanos que efetivamente nasce é menor e se o número de idosos está a aumentar, isso significa que, no futuro, existirão menos contribuintes para mais pessoas a necessitar do benefício da reforma.


Ora, nesta fase, a questão que se coloca surge de modo espontâneo: Como será possível garantir a sustentabilidade da segurança social? O governo já idealizou estratégias de combate à eventual crise na proteção social: em primeiro lugar, tomar medidas que incentivem o aumento da natalidade, sendo que, para este efeito, o PS anunciou, no seu programa eleitoral, que iria reforçar as deduções fiscais em função do número de filhos; em segundo lugar, construir políticas que induzam ao aumento da imigração, pelo que o primeiro ministro defende que pretende acabar com as quotas para contingentes laborais para quem vem de fora da União Europeia, com o objetivo de alargar a população empregada no país que realiza contribuições para as pensões da geração mais velha. De facto, estes nudges são essenciais para amenizar o negativismo dos impactos económicos inerentes ao colapso do sistema social uma vez que travam o esforço financeiro exigido pelo ritmo de envelhecimento demográfico.
Para além destas soluções, o antigo ministro do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social afirma que a possibilidade de entrar num sistema de capitalização está completamente “fora da mesa”. É certo que o domínio público continuará a ser fundamental para estabelecer a justiça redistributiva no país, na medida em que os subsídios de doença, subsídios de sobrevivência, pensões de invalidez e mesmo algumas pensões de velhice terão de ser gastos suportados pelo Estado de modo a evitar o crescimento da pobreza/exclusão social e continuar com uma cultura equitativa. Agora, porque não incentivar, sobretudo os jovens, a poupar para a sua reforma? Isto permitiria reduzir os encargos do Estado para com os seus cidadãos e aumentar substancialmente os níveis de poupança em Portugal, que são muito baixos.


Logo, estender as fontes de financiamento a planos de reforma privados complementares é na verdade bastante vantajoso, pois acaba por ter em consideração este entrave da economia portuguesa. Por exemplo, os EUA têm um sistema designado por 401(k), no qual o trabalhador investe uma parte do salário numa aplicação financeira, principalmente em fundos mútuos constituídos por um portfolio diversificado de ações e obrigações. Para gerir estas carteiras de investimento, as empresas contratam sociedades de investimento especializadas de forma a otimizar a poupança. Assim, Portugal deveria tentar começar a replicar este género de proteção social de modo mais expressivo, fornecendo recompensas fiscais a quem enveredasse pela opção de Planos de Poupança Reforma individual, com o intuito de desenhar um sistema de segurança social mais autónomo.
Chegou a hora de mudar! É hora de criar uma ligação mais firme entre o público e o privado. Todos temos responsabilidades sociais e é crente aquele que acredita que só o Estado o tem. E digo isto principalmente para os jovens, futuro elemento potenciador do crescimento económico, que devem preocupar-se crescentemente em distribuir o rendimento ao longo do ciclo de vida de modo a assegurar um valor indispensável para consumo na reforma.
A privatização do sistema de segurança social em Portugal será um processo complexo de implementação, no entanto, em qualquer prática de longo-prazo tem de existir um ponto de partida, no sentido de reformar estruturalmente o seu funcionamento. Se assim não acontecer, como serão suportados os gastos com as pensões associados ao aumento progressivo da população idosa? Ou o governo decide contrair ainda mais dívida pública, ou ocorrerá um aumento de impostos para a nova geração, o que compreensivelmente não é aconselhável pela dimensão de confiança, credibilidade e retração económica que apresenta para o país.
Deste modo, é imprescindível que cada um se torne o principal responsável pela sua independência financeira, enquanto que o Estado continua a exercer a sua função nesta batalha ligada ao desafio demográfico.

Tiago Almeida Ribeiro

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

domingo, 20 de outubro de 2019

Utopia da Educação

        “Education is the best economic policy there is.” Tony Blair tinha razão ao afirmar que a Educação é a melhor política económica que existe. Porquê? É do conhecimento geral que a Economia e a Educação andaram sempre de mãos dadas. Nesta sociedade de informação e de mudança, onde a criatividade e o individualismo habitam, a Educação é um recurso essencial para o desenvolvimento das economias mundiais. E a verdade é que a Educação é um fator relevante nas políticas públicas, com o objetivo de combater a exclusão e preservar os vínculos sociais.
Assim, a Educação e a formação tornaram-se as ferramentas necessárias para o alcance de uma sociedade mais competitiva e em crescimento. Mas será isto mesmo verdade? Será a Educação sinónimo de crescimento económico? E será que isto acontece para todas as sociedades, no sentido de todos os indivíduos adquirirem as mesmas competências consideradas essenciais para entrar no mercado de trabalho atual?
Nenhum país atinge um grande desenvolvimento económico sem ter apostado em capital humano. A verdade é que só podemos atingir um crescimento económico sustentado se não alienarmos uma Educação de qualidade. O grande objetivo das economias atuais é competirem num mundo cada vez mais exigente, isto é, caraterizado por alterações tecnológicas e métodos de produção diferentes. Ter uma economia suficientemente aberta e sustentada na exportação e importação de bens e serviços é sinónimo de crescimento e, para isto ser atingido, é necessária uma mão-de-obra produtiva para levar uma economia a atingir prosperidade e desenvolvimento. E uma mão-de-obra produtiva é conseguida através de políticas que fomentem a Educação nos países.
Contudo, é notório que nem todos os países têm o mesmo acesso à Educação. Mas como é que podemos definir Educação? Educação é apenas aquilo que nos é ensinado em sala de aula? Não! A meu ver, a Educação é uma definição genérica do conhecimento total que um indivíduo possui. Nesta definição de Educação, além da aprendizagem em sala de aula, estão também englobados, por exemplo, os livros que uma pessoa lê, os valores sociais que se assimilam ao longo das suas vivências e as competências transversais que um indivíduo possui.
Nos últimos tempos, devido à crescente competitividade que existe no mercado de trabalho, o elemento diferenciador das pessoas são, necessariamente, as competências transversais. Desta forma, as soft skills tornaram-se a chave para muitos indivíduos colmatarem a sua Educação e apresentarem um currículo mais sólido. E é a par disto que o World Economic Forum divulgou um estudo intitulado “New Vision for Education - Unlocking the Potential of Technology”.
Este estudo baseia-se na seleção de 16 competências que consideram ser as mais críticas do século XXI, num estudo que abarca 91 países. O objetivo desta pesquisa é ver as lacunas existentes entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento e a prova de que há muitos alunos, ao redor do mundo, que não estão a ter a Educação e a fomentar as competências necessárias para atingirem prosperidade no séc. XXI.
Estas competências, em sentido geral, estão divididas em três grupos: as literacias fundamentais; as competências técnico-profissionais e criatividade; e as qualidades de carácter. Para estas soft skills serem objeto de análise foram usados indicadores e índices para a sua mensuração, como, por exemplo, o PISA, o Índice de Criatividade Global e o Índice de Diversidade Cultural.

 

FONTE: New Vision for Education - Report (2015)

Assim, através destas competências podemos efetuar uma comparação entre países. Contudo, não seria sensato compararmos países com diferentes níveis de rendimento, porque já se saberia de antemão que existiriam discrepâncias avultadas. Desta forma, este estudo dividiu os países em 5 Clusters.


FONTE: World Bank

Com a observação gráfica acima, podemos tirar uma conclusão notória entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento. Ora, os países desenvolvidos (Cluster 1), que incluem países como Estados Unidos e a Alemanha, tendem a ter uma melhor performance, em média, na maioria das competências, em comparação com países em desenvolvimento (Cluster 3), que incluem países como a Turquia e o Brasil. Contudo, é ainda mais desafiador efetuar comparações entre os grupos 4 e 5, que incluem a África Oriental, visto que muitos destes países não fizeram parte dos índices de comparação.
         Algo interessante neste estudo é que podemos fazer uma análise detalhada entre os países com rendimento elevado da OCDE e a sua performance em cada soft skill. De uma forma geral, países como o Japão, Finlândia e Coreia do Sul são os que apresentam um melhor desempenho em praticamente todas as competências.
Desta forma, temos um panorama geral para também concluir que o Chile, a Eslovénia e Israel apresentam os piores resultados deste grupo. Para além de fazermos uma análise vertical, onde encontramos várias lacunas, também existem diferenças horizontais em cada país. Por exemplo, a Polónia apresenta uma boa performance em indicadores relativos às literacias fundamentais, mas apresenta lacunas no pensamento crítico e curiosidade. Desta forma, este gráfico pode servir de retrospeção para cada país, no sentido de cada um ver quais são as competências que tem que aprimorar.


Seria interessante olharmos concretamente para o caso português. Portugal apresenta 49% na classificação percentual do país, em comparação com o mundo. Desta forma, verificamos que Portugal precisa de melhorar, essencialmente, as competências em TIC, ou seja, a habilidade de usar tecnologia e saber criar conteúdo e criatividade. Porém, a nossa classificação não está bem notada e é de salientar que Portugal devia passar por uma reestruturação com base em aumentar as competências consideradas essenciais para um indivíduo se envolver no mundo atual, com facilidade e reconhecimento.



               Posto isto, que soluções é que os países deveriam implementar para colmatar as lacunas existentes nestas competências? A tecnologia educacional tem sido posta em prática, baseando-se em disponibilizar a Educação para um público mais amplo e a um custo muito menor, em aumentar a produtividade dos professores e apostar noutras formas de aprendizagem diferenciada ou disponibilizar uma instrução de qualidade a um preço igualitário. Esta tecnologia educacional pode ser implementada para desenvolver as competências do séc. XXI, como a comunicação, criatividade ou a persistência. Contudo, a tecnologia, que é um recurso em grande expansão na nossa sociedade, mas não colmata todas as lacunas, é apenas um elemento num conjunto vasto de soluções que permite a diminuição das disparidades.
               Em suma, uma aposta na Educação, por parte dos indivíduos, e uma reestruturação das políticas dirigidas ao setor, com vista a uma melhor aquisição de competências essenciais, é a chave para a sobrevivência num mundo altamente competitivo e é um dos maiores desafios que um país tem de atravessar, caso pretenda atingir prosperidade e crescimento económico.

Mariana Azevedo Gomes

Referências:

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]