“Education is the best
economic policy there is.” Tony Blair tinha razão ao
afirmar que a Educação é a melhor política económica que existe. Porquê? É do
conhecimento geral que a Economia e a Educação andaram sempre de mãos dadas.
Nesta sociedade de informação e de mudança, onde a criatividade e o
individualismo habitam, a Educação é um recurso essencial para o
desenvolvimento das economias mundiais. E a verdade é que a Educação é um fator
relevante nas políticas públicas, com o objetivo de combater a exclusão e
preservar os vínculos sociais.
Assim,
a Educação e a formação tornaram-se as ferramentas necessárias para o alcance
de uma sociedade mais competitiva e em crescimento. Mas será isto mesmo
verdade? Será a Educação sinónimo de crescimento económico? E será que isto
acontece para todas as sociedades, no sentido de todos os indivíduos adquirirem
as mesmas competências consideradas essenciais para entrar no mercado de
trabalho atual?
Nenhum
país atinge um grande desenvolvimento económico sem ter apostado em capital
humano. A verdade é que só podemos atingir um crescimento económico sustentado se
não alienarmos uma Educação de qualidade. O grande objetivo das economias atuais
é competirem num mundo cada vez mais exigente, isto é, caraterizado por
alterações tecnológicas e métodos de produção diferentes. Ter uma economia suficientemente
aberta e sustentada na exportação e importação de bens e serviços é sinónimo de
crescimento e, para isto ser atingido, é necessária uma mão-de-obra produtiva
para levar uma economia a atingir prosperidade e desenvolvimento. E uma mão-de-obra
produtiva é conseguida através de políticas que fomentem a Educação nos países.
Contudo,
é notório que nem todos os países têm o mesmo acesso à Educação. Mas como é que
podemos definir Educação? Educação é apenas aquilo que nos é ensinado em sala
de aula? Não! A meu ver, a Educação é uma definição genérica do conhecimento
total que um indivíduo possui. Nesta definição de Educação, além da
aprendizagem em sala de aula, estão também englobados, por exemplo, os livros
que uma pessoa lê, os valores sociais que se assimilam ao longo das suas
vivências e as competências transversais que um indivíduo possui.
Nos
últimos tempos, devido à crescente competitividade que existe no mercado de
trabalho, o elemento diferenciador das pessoas são, necessariamente, as
competências transversais. Desta forma, as soft
skills tornaram-se a chave para muitos indivíduos colmatarem a sua Educação
e apresentarem um currículo mais sólido. E é a par disto que o World
Economic Forum divulgou um estudo intitulado “New Vision for Education -
Unlocking the Potential of Technology”.
Este
estudo baseia-se na seleção de 16 competências que consideram ser as mais
críticas do século XXI, num estudo que abarca 91 países. O objetivo desta
pesquisa é ver as lacunas existentes entre os países desenvolvidos e os países
em desenvolvimento e a prova de que há muitos alunos, ao redor do mundo, que
não estão a ter a Educação e a fomentar as competências necessárias para atingirem
prosperidade no séc. XXI.
Estas
competências, em sentido geral, estão divididas em três grupos: as literacias
fundamentais; as competências técnico-profissionais e criatividade; e as
qualidades de carácter. Para estas soft skills
serem objeto de análise foram usados indicadores e índices para a sua
mensuração, como, por exemplo, o PISA,
o Índice de Criatividade Global e o Índice de Diversidade Cultural.
FONTE: New Vision for Education - Report (2015)
FONTE: World Bank
Com
a observação gráfica acima, podemos tirar uma conclusão notória entre os países
desenvolvidos e os países em desenvolvimento. Ora, os países desenvolvidos
(Cluster 1), que incluem países como Estados Unidos e a Alemanha, tendem a ter
uma melhor performance, em média, na maioria das competências, em
comparação com países em desenvolvimento (Cluster 3), que incluem países como a
Turquia e o Brasil. Contudo, é ainda mais desafiador efetuar comparações entre
os grupos 4 e 5, que incluem a África Oriental, visto que muitos destes países
não fizeram parte dos índices de comparação.
Algo interessante neste estudo é que podemos fazer uma
análise detalhada entre os países com rendimento elevado da OCDE e a sua performance
em cada soft skill. De uma forma
geral, países como o Japão, Finlândia e Coreia do Sul são os que apresentam um
melhor desempenho em praticamente todas as competências.
Posto isto, que soluções é que os
países deveriam implementar para colmatar as lacunas existentes nestas
competências? A tecnologia educacional tem sido posta em prática, baseando-se
em disponibilizar a Educação para um público mais amplo e a um custo muito
menor, em aumentar a produtividade dos professores e apostar noutras formas de
aprendizagem diferenciada ou disponibilizar uma instrução de qualidade a um
preço igualitário. Esta tecnologia educacional pode ser implementada para
desenvolver as competências do séc. XXI, como a comunicação, criatividade ou a
persistência. Contudo, a tecnologia, que é um recurso em grande expansão na
nossa sociedade, mas não colmata todas as lacunas, é apenas um elemento num
conjunto vasto de soluções que permite a diminuição das disparidades.
Em suma, uma aposta na Educação,
por parte dos indivíduos, e uma reestruturação das políticas dirigidas ao setor,
com vista a uma melhor aquisição de competências essenciais, é a chave para a
sobrevivência num mundo altamente competitivo e é um dos maiores desafios que
um país tem de atravessar, caso pretenda atingir prosperidade e crescimento
económico.
Mariana Azevedo Gomes
Referências:
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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