À
medida que a tecnologia avança, o mercado de trabalho se transforma. Com a
automação de funções realizadas por trabalhadores vindo de forma ainda não familiar,
surge a preocupação de como seremos afetados pelo surgir de novas máquinas,
assim como a preocupação de como irá funcionar o mercado de trabalho do futuro.
É
claro, o processo de automação de atividades humanas não é algo novo, porém
nessa era da informação na qual vivemos a maneira como ela se dá parece ser
diferente. Dessa vez, não são apenas os trabalhos manuais de baixa renda que
estão sob “ameaça” da automação, mas também aqueles que se encontram no nível
de média renda, como posições de funcionários de escritório. Há relatórios que
sugerem que quase 50% dos empregos nos Estados Unidos estão sob o risco da
automação, enquanto no Reino Unido esse número está em 35%. Mas nos países em
desenvolvimento o valor sobe para dois terços dos trabalhos.
Na
história, vimos casos quando a automação tomou muitos trabalhos de baixa renda,
porém muitos trabalhos de renda mais alta foram criados em resposta. As
máquinas que substituíam os trabalhadores precisavam ser projetadas, e depois
necessitavam de manutenção. Porém, com o foco em eficiência e inferiores custos
vistos na era da informação, menos trabalhos estão sendo criados do que seria
necessário para manter um equilíbrio.
Uma
coisa precisa ser esclarecida: a automação não significa exatamente a extinção
da função do trabalhador. Muitas vezes, o que realmente acontece é que uma
máquina irá complementar os trabalhadores, tirando a necessidade de eles
fazerem um trabalho repetitivo, o qual a máquina realiza de forma muito mais
eficiente. Isso permite aos empregados focarem-se nas partes mais proveitosas
do trabalho, não apenas onde eles são mais produtivos, mas também onde eles se
sentem mais realizados ao trabalhar.
Com
isso, as capacidades humanas que não podem ser espelhadas por robôs com a
tecnologia atual são a caraterística principal dos trabalhos que não estão sob
grande ameaça da automação, derivando daí também as exigências esperadas dos
trabalhadores futuros que irão conviver com inteligências artificiais e um novo
ambiente no mercado de trabalho. Competências sociais, interpessoais e
criatividade serão as maiores demandas para os trabalhadores.
Mas
as mudanças vêm rapidamente no século XXI, de tal forma que o mercado de
trabalho previsto nesse mundo de máquinas pode chegar mais cedo do que os
trabalhadores estarão preparados para que tal aconteça. Então surgem as
questões de como lidar com os trabalhadores que de fato não conseguirem escapar
da automação. Por exemplo, motoristas de camião que não têm um alto nível de
educação, para onde irão se os camiões passarem a serem dirigidos
automaticamente? Sob quem cairá a responsabilidade de tratar dos trabalhadores
que ficarem sem lugar devido as mudanças muito rápidas? Existem múltiplas
alternativas a serem consideradas para seguir em frente.
Primeiramente,
seria responsabilidade das empresas prover aos trabalhadores que terão suas
funções extintas um treinamento para se inserir de volta ao mercado? Mesmo que
isso fosse feito, não se pode acreditar que seria completamente efetivo,
especialmente considerando trabalhadores com funções manuais com baixa
educação, ainda mais nos países em desenvolvimento, onde eles estão sob maior
risco.
Considerando
ainda a educação, o sistema atual também precisa de mudanças para adequar as
novas e futuras gerações ao cenário que elas enfrentarão, preparando os
estudantes com as competências que serão requeridas no mercado. Isso reflete o
fato que, para adaptar ao futuro que chega a passos largos, nossa visão da
sociedade, assim como a relação estudo/trabalho terá de mudar.
A
visão atual que separa o trabalho do estudo não será a mais apropriada, pois a
dinâmica imposta pelo mundo no qual a informação viaja rapidamente e a
tecnologia evolui constantemente exige constante melhora. Não será possível, no
futuro, manter a visão de que aqueles que trabalham não precisam mais estudar.
Com
um sistema no qual a demanda por trabalho diminui, com funções extintas e/ou
reduzidas, e sem um número suficiente de funções novas sendo criadas, deve-se
esperar uma queda na renda da população. Para sustentar isso, uma hipótese
discutida é a renda básica universal, assim como taxações dos próprios robôs que
substituirão os trabalhadores. Essas hipóteses vêm da expectativa de que, mesmo
com as mudanças anteriores ocorrendo, ainda haverá falta de empregos para a
população.
Com
a chegada do futuro, muitos desafios se apresentam, porém muitas oportunidades
também. Afinal, o progresso tecnológico é inevitável, e seus efeitos são vistos
de forma benéfica pela humanidade. Não há uma resposta definitiva para o que
deve ser enfrentado, porém a necessidade de preparar a sociedade para enfrentar
esses problemas está cada vez mais perto.
Pedro Antônio Rocha Giuffrida
[artigo de opinião produzido no âmbito da
unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de
Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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