terça-feira, 8 de outubro de 2019

Refugiados na Europa e o seu impacto

Os refugiados têm outros sítios para ser alocados? Será que a Europa é o único destino em que estarão em segurança? Com a vinda dos refugiados para a Europa vai haver menos postos de trabalho disponíveis? Vão estes roubar empregos aos desempregados locais? Vamos estar a ajudar os refugiados quando existem muitas pessoas, quer na Europa, quer em Portugal, que também precisam de tanta ou de mais ajuda do que eles? Este é o dilema em que existe uma divisão de ideias por parte de autoridades responsáveis.

De acordo com a Amnistia Internacional Portugal, a maioria dos refugiados foge para países em desenvolvimento. Os países que mais acolhem refugiados são a Turquia (3,7 milhões), Paquistão (1,4 milhões), Uganda (1,2 milhões) e Sudão (1,1 milhões)".

Qual o impacto económico da vinda dos refugiados para a Europa? parece que esse impacto tende a ser positivo. Depois de analisarem os dados económicos e relativos às migrações dos últimos 30 anos, uma equipa de economistas franceses liderada por Hippolyte d’Albis, da Escola de Economia de Paris, concluiu que os requerentes de asilo melhoraram o Produto Interno Bruto e aumentaram as receitas líquidas em cerca de 1%.

Os requerentes de asilo que se deslocam para a Europa reduziram o desemprego e contribuíram para dinamizar as economias dos países de acolhimento. E não sobrecarregaram as finanças públicas, asseguraram os cientistas. O estudo efetuado inclui dados de vários países, como Áustria, Bélgica, Dinamarca e Portugal, entre outros. Os requerentes de asilo começaram a contribuir mais para o PIB dos países de acolhimento após três a sete anos de permanência.

O tema também é analisado pela OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, que publicou um trabalho sobre como irá esta vaga de refugiados afetar a economia europeia. Segundo a OCDE, “no curto prazo, a despesa pública adicional pode funcionar como um estímulo à procura”. A instituição estima que “em 2016 e 2017, a despesa adicional para apoiar os refugiados impulsionou a procura agregada da economia europeia em 0,1 a 0,2% do Produto Interno Bruto”.

E os custos da integração dos refugiados? Segundo o relatório da OCDE, os custos variam muito de país para país, mas estão entre 0,1% e 1% do Produto Interno Bruto (PIB). Os autores do relatório enfatizam que esse dinheiro é um investimento e que, mais tarde, essas pessoas contribuirão para a economia dos Estados recetores.
O caso da Itália: nos últimos meses, a Itália tem insistido, perante os parceiros europeus, que já fez mais do que o suficiente para ajudar os migrantes que atravessam o Mediterrâneo. Roma quer que outros Estados membros façam também alguma coisa.
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), Itália recebeu mais de 120 mil pedidos de asilo. O Governo italiano diz que, nos últimos três anos, quase 700 mil pessoas chegaram às costas italianas. Para as autoridades, há também que enfrentar todos os custos que receber, registar e prestar assistência a milhares de pessoas implica - mais de 4 mil milhões de euros.
Itália tem vindo a insistir numa ajuda financeira da parte da União Europeia. Para Roma, os parceiros europeus têm de assumir a sua parte de responsabilidade pelos que se atrevem a cruzar o Mediterrâneo.

Tomás Pinto

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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