O Brexit foi mais uma vez
adiado, e agora só deverá acontecer em Outubro de 2019 (e isso se acontecer
mesmo), mas toda essa incerteza tem trazido vários efeitos negativos para a
economia do Reino Unido.
O Brexit, mesmo não
acontecendo, afeta a vida das pessoas: são muitos os imigrantes que voltaram
para os seus países de origem, e muitas pessoas que queriam imigrar desistiram
da ideia e escolheram outros países como destino. Outro
efeito é vários negócios mudarem-se para países mais estáveis e para outros
destinos dentro da UE, para continuarem a ter acesso livre a esse mercado. Também
diversos investimentos planeados foram cancelados ou adiados indefinidamente
devido à instabilidade sobre qual será o verdadeiro futuro do Reino Unido.
Um dos setores que já foi
afetado e poderá ser ainda mais afetado é o dos serviços financeiros, um setor
chave para economia britânica. São três pontos importantes sobre isso, os quais
vemos abaixo:
i) O impacto do Brexit no sistema de
regulamentação
Este é um dos pontos mais
complexos já que vários negócios financeiros apresentam regulamentação
europeia. Com a saída, isso poderá gerar um problema nessa legislação, de forma
a criar mais problemas para os negócios funcionarem em território britânico. Se
o Reino Unido não mantiver as mesmas leis, muitos negócios vão se prejudicar e
até mesmo abandonar o país. Um exemplo é indústria de apostas online que
atua no país através das leis da Comunidade Europeia.
ii) O impacto do Brexit na economia da cidade de
Londres
Londres é a principal
cidade do Reino Unido e o maior centro financeiro da Europa e do mundo, isso
segundo dados de setembro de 2017, e poderá perder o seu poder com o Brexit, já
que parte dessa importância resulta do fato de estar dentro da União Europeia e
funcionar respeitando a zona do euro e sob a supervisão da União Europeia. Os
muitos negócios da cidade perderiam este suporte, e poderiam deixar o mercado
britânico, mudando-se para destinos como Paris, Frankfurt ou Amsterdão,
aumentando assim o desemprego e diminuindo a entrada de divisas no país, bem
como provocando uma “fuga de cérebros” em grande escala.
iii) O impacto do Brexit nas importações e nas
exportações
As importações e as
exportações seriam altamente prejudicadas, já que hoje em dia o comércio entre
os países da UE é completamente livre. O Reino Unido precisaria buscar acordos
com novos parceiros comerciais, o que num primeiro momento prejudicará sua
balança comercial, mas que poderá abrir oportunidades em novos mercados, como
os países asiáticos, por exemplo. Mas acordos comerciais levam bastante tempo a
ser negociados, e esse poderia ser um processo muito moroso. Outro ponto é a
distância entre esses países, que dificultariam essas trocas comerciais, se
comparados com os países europeus.
Ou seja, os efeitos do
Brexit, especialmente nos serviços financeiros, podem ser muito negativos. Esse
adiamento no entanto acabou por ser um mal menor, apesar das perspetivas
econômicas após uma saída continuarem sendo negativas. Caso o Reino Unido
tivesse saído da UE sem um acordo, o impacto da saída seria catastrófico,
segundo muitos especialistas, como o Fundo Monetário Internacional, que prevê
que o crescimento da economia poderá ser 3,5% inferior ao previsto até 2021.
Neste momento de
instabilidade, é notável o fato de o governo britânico estar cada vez mais
condicionado nas suas opções, e por isso será expectável que a incerteza
perante o processo do Brexit conheça ainda mais desenvolvimentos inesperados ao
longo dos próximos meses.
Cociorva Iulian
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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