Hoje
em dia, todos os cuidados com o ambiente e com o impacto sobre o clima são
poucos e muito urgentes, se queremos ser uma geração solidária com os mais
desfavorecidos e indefesos, bem como com os vindouros. Neste sentido, é cada
vez mais nítida e notória a preocupação das populações, dos governos e das ONG com
as questões ambientais e com a extinção de recursos naturais a médio e
longo-prazo, gerados pelo excesso de consumo e pela ambição de poder e riqueza.
Os
governos de alguns países, entre avanços e recuos, têm vindo a tomar medidas que
reduzam o impacto ambiental e estimulado um consumo sustentável. Entre estas,
na atualidade, têm tido particular enfoque a redução do consumo de carnes
vermelhas, a diminuição do uso do papel e a eliminação do plástico.
O
consumo de carnes vermelhas é para muitos considerado extremamente prejudicial
para a saúde e, também, para o ambiente, tanto a nível de gastos como a nível
de emissões de gases de efeito de estufa (metano e dióxido de carbono). Neste
segmento de pensamento, o governo propõe a redução de 50% na produção de carne
bovina até 2050 pois, segundo vários estudos feitos em Portugal, por um
quilograma de bifes de carne vermelha cortado, incluindo o processo de digestão
dos ruminantes e o uso de fertilizantes nas pastagens, são emitidos 27 kg de
dióxido de carbono, o equivalente a uma viagem de carro de 146 km. A nível
económico, depois de efetuada esta proposta, é de esperar que as carnes
vermelhas possam chegar a Portugal a preços mais “competitivos”. Deste modo,
estar-se-á a atuar estrategicamente para que baixe o consumo de carnes
vermelhas e, simultaneamente, para que não se comprometa o crescimento
económico.
Acredita-se
que este conjunto de medidas contribua para a liberalização do comércio
mundial, e que daí decorre um benefício para a nossa economia, visto que
Portugal importa metade da carne que consome, apesar de exportar animais vivos.
Contudo,
as medidas de redução da produção e consumo de carne bovina trarão no curto
prazo impacto negativo na economia agrossilvopastoril portuguesa, dado que a
componente animal tem grande influência nesse sistema. Este ponto de vista é
corroborado pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), que mostrou
“surpresa e oposição” à redução da produção e consumo de carne bovina,
defendendo que a mesma pode “comprometer o crescimento económico”. O presidente
da CAP afirmou, com veemência, que o país “tem é de reduzir o que importa e não
o que produz”. E defende que, “se as pastagens biodiversas fixarem 500
toneladas de CO2 e emitirem 140, há um balanço positivo”.
E
quanto ao plástico e ao papel? E as
preocupações com a vida marinha?
Em
outubro de 2018, foi proibido o uso de garrafas, sacos e louças de plástico na
administração do Estado. Adicionalmente, o governo visa reduzir o consumo de
papel em 25%. Prevê-se que a redução do consumo de papel e demais consumíveis
origine a otimização de processos e a atualização de procedimentos
administrativos, a par de uma dimensão ambiental de uso eficiente de recursos.
A longo prazo, espera-se uma racionalização da despesa pública efetiva
acompanhada de mudanças tanto culturais como de hábitos e práticas.
Reduzir
a produção e o consumo de plásticos culmina num projeto para a proteção da vida
marinha. Nos últimos anos, a poluição marinha tem vindo a agravar-se, sendo
disso um bom exemplo o conjunto de notícias que hoje circulam, em especial as
de animais marinhos que engolem materiais de plástico que acabam no oceano e
das enormes ilhas de plástico no Oceano Índico.
Claramente
que a diminuição da produção de plástico e de papel será crucial para preservar
o ambiente. Devemos e podemos arranjar soluções mais ecológicas e económicas
como, por exemplo, apostar nas tecnologias ao invés do uso de papel, e investir
no uso de materiais alternativos aos plásticos em materiais tecnológicos com
maior durabilidade que os atuais.
Em
suma, é claramente visível que tanto o nosso planeta como o nosso país poderão,
de um modo geral, ser caraterizados por terem sociedades consumistas e egoístas,
só tomando medidas de vulto adequadas quando o impacto dos desequilíbrios
ambientais nos afetam direta e negativamente. A nível ambiental, é crucial que
todos mudemos de atitude, para que consigamos dar a volta à situação em que nós
próprios nos pusemos, sendo de realçar a particular responsabilidade daqueles
que dominam a economia. Espera-se que o resultado da diminuição de materiais
poluentes no nosso ecossistema resulte num decrescimento efetivo da despesa pública
e num crescimento económico saudável. Isso deverá permitir o recorrentemente anunciado
arrepiar de caminho, fazendo a urgente e premente inversão de sentido,
colocando-nos, em definitivo, na rota irreversível de um desenvolvimento
económico sustentável e de uma sociedade verdadeiramente democrática e
solidária com as gerações futuras.
Ana Isabel Gomes
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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