A crise de 2007
levou os bancos centrais a recorrer a políticas monetárias expansionistas, como
era esperado, com ritmos diferentes, sendo o seu objetivo impulsionar a
economia, e consequentemente atenuar a recessão.
Contudo, apesar da
convergência no objetivo e da resposta no que toca a política monetária
expansionista tratar-se da mesma, sendo esta a de baixar a taxa de juro
nominal, o Banco Central Europeu e a Reserva Federal Americana têm caminhos
distintos. Estes caminhos começam logo a divergir quando observamos como a taxa
de juro nominal é alterada: enquanto que a FED realiza operações de mercado aberto
em período overnight, com a compra/venda de obrigações, levando à
criação/destruição de moeda que origina descida/subida das taxas de juro, o BCE
define a refinancing rate, que é a taxa de juro que os bancos pagam
quando estão sem fundos e recorrem ao BCE. Como a refinancing rate é
relevante para os bancos, estes vão adaptar as suas taxas de juro conforme o
movimento desta, tendo assim um efeito muito aproximado às operações de mercado
aberto feitas pela FED.
Além desta
diferença na implementação na taxa de juro, a FED e o BCE seguiram caminhos
distintos nos valores da taxa de juro nominais no pós-crise internacional. Os
dois gráficos seguintes mostram a evolução da taxa de juro na FED e no BCE, que
apresentam diferenças significativas, desde logo pelo timing de levar as taxas de juro nominais para zero - no caso da
FED, em 2008, estava em valores próximos de zero (fig. 2) -, enquanto que no
BCE só aconteceu apenas em 2013 (fig.1). Além disso, na FED, em 2016, deu-se a subida
das suas taxas de juros para arrefecer a economia e para evitar uma possível armadilha
de liquidez no futuro. Por outro lado, o cenário no BCE é bem diferente, tendo
as taxas de juros estagnado no valor zero e sem nenhuma alteração desde 2016.
Fig.1 Fonte: Banco
Central Europeu
Fig.1 Fonte: FED
Dadas estas
diferenças, constatamos que o BCE se encontra numa situação muito vulnerável
dado que se encontra numa situação de zero lower bound, que pode levar a
uma liquidity trap numa próxima recessão. Além desta aparente debilidade
do BCE, podemos constatar que teve um comportamento mais instável e menos
eficaz que a FED, pois demorou cerca de oito anos para levar a taxa de juro
nominal para o valor zero, diminuindo assim a capacidade na atualidade de
aumentar a taxa de juro e consequente perda de poder deste instrumento
monetário.
Ricardo Bessa
Bibiliografia
https://www.ecb.europa.eu/stats/policy_and_exchange_rates/key_ecb_interest_rates/html/index.
en.html
https://fred.stlouisfed.org/series/FEDFUNDS
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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