Os
jovens portugueses cada vez mais alargam a sua estadia na casa dos pais. Muitos
pensam que é por conforto ou falta de vontade, mas será sustentável viver
sozinho com níveis de rendimento baixos no início de carreira e rendas elevadas?
A
empregabilidade dos jovens não é de todo uniforme, com contratos irregulares, sem
segurança no emprego ou salários razoáveis, onde muitas vezes as habilitações
de nível superior não são valorizadas. A entrada no mercado de trabalho, para
inúmeros jovens, é marcada por uma fase onde predomina o desemprego, a
precaridade e a insegurança, à qual está associada a dependência económica por
um período incerto. Neste contexto, a instabilidade financeira dos jovens surge
como um dos motivos para o prolongamento da juventude, permanecendo cada vez
até mais tarde na casa dos pais, adiando a sua independência.
Ao
mesmo tempo, o preço das habitações é cada vez mais elevado e desproporcionado
quando comparado com o valor médio dos rendimentos. Tudo isto leva a que a
autonomia dos jovens seja adquirida cada vez mais tarde.
Existe também uma significativa diferença entre a saída de homens e mulheres,
sendo que, por norma, as mulheres abandonam mais cedo a habitação familiar. No
caso de Portugal, a diferença é de quase dois anos (28 anos para as mulheres e
29,9 para os homens).
Estas
condições incentivam os jovens a procurar outras oportunidades, sendo a opção
de emigrar a melhor escolha para a maioria deles. Em sete anos, o país perdeu
mais de 158 mil jovens entre a mão-de-obra empregada.
É
por isso que é cada vez mais importante existirem apoios que ofereçam aos
jovens alguma possibilidade de estabilidade no início de carreira. Alguns
desses apoios estão relacionados com o empreendedorismo jovem, como o FINICIA,
Empreender+, Programa Investe Jovem e o Programa de Apoio ao Empreendedorismo e
à Criação do Próprio Emprego. Estes programas focam-se em jovens entre os 18 e
os 35 anos que tenham alguma ideia de negócio e a quem são fornecidos meios de
investimento, bolsas, parcerias científicas e inovação para impulsionarem o seu
negócio.
Em
termos de apoio ao arrendamento, o mais conhecido é o Programa Porta 65 Jovem.
Este programa apoia o arrendamento jovem de habitação para residência
permanente, atribuindo uma percentagem de valor da renda como subvenção mensal.
O objetivo é garantir uma maior equidade e eficiência do apoio público ao arrendamento
por jovens.
Mas
estas são medidas que poderão não bastar para manter jovens no emprego nacional
e que consigam tornar-se independentes num país onde os salários líquidos se
mantêm baixos. Por isso, o melhor caminho passa seguramente por melhorar os
rendimentos do trabalho para quem está a iniciar uma carreira profissional e por
apoios às famílias jovens.
Sílvia
Dias
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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