O aumento exponencial das
rendas tem sido um tema muito discutido nestas eleições, trazendo protestos e
reclamações por parte de estudantes e famílias que afirmam que a situação está
a tornar-se insustentável.
O Instituto Nacional de Estatística
(INE) divulgou os dados relativos às rendas para o primeiro semestre deste ano,
no qual podemos verificar que as rendas subiram 9,2%, em relação ao mesmo
período do ano passado. Desta forma, o preço médio nacional por metro quadrado
é de 5€. É notável que as rendas mantêm uma tendência interrupta de subida a
nível nacional desde 2017, primeiro ano em que o INE divulgou estatísticas em
relação a este tema.
Houve 37 municípios em
que o preço por metro quadrado ficou acima da média nacional, sendo a maioria
destes localizados na Área Metropolitana de Lisboa ou no Algarve – os dois
maiores pontos turísticos em Portugal. O Porto encontra-se também entre os 5
distritos mais caros do país, encontrando-se com uma média de 8,33€ por metro
quadrado.
É fácil perceber a
influência que o turismo tem neste aumento galopante das rendas. Com um fluxo
de turistas quase constante e cada vez maior, é mais vantajoso para os
senhorios tornarem as suas habitações alojamentos locais ou alugarem-nas a
imigrantes e estudantes internacionais, com mais poder de compra, por rendas
superiores àquelas que os portugueses conseguem suportar. O aumento muito
significativo da procura derivado do turismo e da ascensão de Lisboa e Porto às
zonas com maior oferta de emprego resultou num aumento ainda mais significativo
das rendas e numa diminuição da qualidade de vida destas populações.
É interessante verificar
que uma das subidas mais expressivas encontra-se no norte do país,
especialmente em Braga, onde as rendas registaram um aumento de 16,4% em
relação ao mesmo período no ano anterior. Tal deve-se à procura de muitas
famílias de saírem da Área Metropolitana de Lisboa, que continua a ser a mais
cara do país. Verificamos que muitos dos imigrantes que tem afluído para
Portugal procuram estabelecer-se em áreas menos turísticas e com um menor custo
de vida.
No concelho de Lisboa, o
preço por metro quadrado atinge os 11,71€, o que significa que nesta região uma
casa com 50 metros quadrados terá uma renda mediana de 585€. Valores
insustentáveis como este levaram a que o número de novos contratos celebrados
caísse drasticamente, em relação ao mesmo período do ano passado, em 10,5%.
Esta situação verificou-se em todo o país, não havendo nenhuma região que
demonstrasse um padrão contrário.
Números como estes são a
prova que as famílias em Portugal não têm capacidade para suportar as rendas
que estão a ser praticadas. O aumento galopante das rendas está a levar à
diminuição da qualidade de vida da população portuguesa, que gasta grande parte
do seu rendimento em renda e menos em atividades lúdicas, que tão importantes
são para o equilíbrio. Provoca também uma dificuldade cada vez maior nos
estudantes de conseguirem ir estudar para a universidade que desejam, uma vez
que as suas famílias não conseguem suportar rendas destas proporções.
Concluo apontando o óbvio
- algo precisa de mudar. Algo precisa de ser feito para estabilizar as rendas e
devolver às famílias o direito a uma habitação cuja renda seja proporcional ao
seu rendimento.
Maria José Costa Silva
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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