O
conceito de lixo – todos os resíduos produzidos pela atividade humana que já
não têm utilidade – está a ficar ultrapassado.
Atualmente,
o processo industrial carateriza-se pela utilização de matérias-primas
provenientes da natureza que são transformadas em novos produtos, depois
descartados para o meio ambiente, findo o ciclo de uso. Este processo simples
representa um duplo desperdício, envolvendo os custos de tratamento dos
resíduos e o custo ambiental. Se não refletirmos sobre o modo de utilização das
matérias-primas nesta economia linear de “recolher-produzir-rejeitar”, os
recursos essências paras as empresas transformadoras podiam vir a esgotar-se.
Pelas contas da Global Footprint Network,
precisaríamos de 1,75 Terras para satisfazer as nossas necessidades. Isto
significa que estamos a viver em défice ecológico, o que acontece desde o
início dos anos 70.
É
neste sentido que os países cada vez mais devem dar sinais de convergência para
um modelo de economia circular, onde nada é desperdiçado, mas sim aproveitado. E
há já alguns passos dados nesta direção. A China foi dos primeiros países a
adotar uma lei que promove a recuperação de recursos a partir de resíduos, em
2008. A União Europeia apresentou o “Pacote de Economia Circular”, com uma
visão esclarecida sobre todas as fases do ciclo de vida do produto. Em Portugal
foi aprovado, em 2017, o Plano de Ação para a Economia Circular, no âmbito da
sua estratégia até 2020. De acordo com o plano, o país terá de reduzir a
produção de lixo na ordem dos 10% e atingir uma taxa de reciclagem na ordem dos
50%.
Apesar
da grande probabilidade de as metas não serem cumpridas, a economia circular é
uma oportunidade para Portugal. No nosso país, a quantidade de resíduos
produzida por euro de PIB criado tem vindo a diminuir, no entanto ainda se
encontra abaixo do nível europeu, pelo que ainda existe espaço para progredir
nesta matéria. Um estudo do BCSD Portugal, “Sinergias Circulares – Desafios
para Portugal”, afirma que a indústria ainda gasta perto de 53% do seu volume
de negócios em matérias-primas e despende em 40% dos seus gastos com atividades
de gestão e proteção do ambiente, no domínio de gestão de resíduos.
Agregar
os princípios da economia circular tem associado benefícios: crescimento
económico, poupança de recursos, crescimento do emprego e inovação. A PIB
aumenta em consequência do aumenta das receitas das novas práticas circulares.
O emprego cresce, como resultado dos trabalhos de mão-de-obra na reciclagem.
Para além disso, os consumidores dispõem de produtos mais duradouros e
inovadores.
Contundo,
passar de uma economia linear para uma circular requer pensamento estruturado e
cooperação. Para isso, transformações com grande impacto terão de acontecer e
será necessário agir em várias frentes. As empresas devem unir-se e repensar os
processos de produção, isto é, devem trabalhar numa lógica de “simbiose industrial”
- tipo de parceria em que os resíduos que sobram da produção das empresas são
trocadas entre elas, sendo posteriormente utilizados como recursos nos seus
próprios processos produtivos.
Concluindo,
a economia circular oferece desafios mas, também, oportunidades. Apesar de ser
necessário adotar novos modelos de negócio, enquanto protegermos o ambiente
podemos estimular a economia e fomentar o crescimento e a criação de novos
postos de trabalho. A economia circular é uma mudança que afetará o sistema por
inteiro, mas traz novas oportunidades económicas e garante vantagens ambientais
e sociais significativas.
Eduardo
Bessa
Referências bibliográficas:
https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/potencialidades-da-economia-circular-em-portugal-402662
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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