A Islândia tem
cerca de 350 mil habitantes e em 2018 o número registado de turistas foi de 2,3
milhões, ou seja, existiram cerca de 6 turistas por habitante. Através destes
números, podemos facilmente perceber o porquê de o turismo ser o setor mais
importante na Islândia.
No ano de 2008, a
Islândia era o país da Europa mais abalado pela crise. A crise neste país
envolveu os 3 principais bancos islandeses e isto levou, posteriormente, à
emissão de um decreto pelo poder executivo no sentido de responsabilidade de
nacionalização das instituições financeiras, evitando assim o colapso do país. O
que se sucedeu foi a desvalorização da coroa islandesa, o caus político e, como
solução para o clima de instabilidade que se fazia sentir, o governo decidiu
apostar no turismo.
Mas porque se deu
este boom no turismo? Foi essencialmente depois das erupções vulcânicas
sentidas em 2010 no país que o mundo começou a tomar consciência da realidade
exótica da região, não só por causa do acontecimento mas também devido à forte
aposta na publicidade por parte do governo local. Sem dúvida que o turismo
salvou a Islândia num período delicado e também fez com que os impactos da crise
económica se atenuassem.
No entanto, apesar
de, a curto prazo, os efeitos terem sido positivos, a longo prazo, algumas
externalidades negativas começam a surgir. Este massivo número de turistas,
apesar de favorável ao desempenho económico do país, acarreta muitos efeitos
negativos, entre os quais degradação da fauna e flora local e também a perda de
identidade do país em termos linguísticos e culturais.
Parece existir um
contrassenso nalgum ponto desta evolução. Até quando se vai sobrepor o
interesse económico ao bem-estar dos habitantes locais? Já existem alguns
relatos de insatisfação. Os moradores na capital temem perder a sua identidade
com a corrente proliferação de hotéis. Para além disso, teme-se a especulação
imobiliária devido à crescente procura de acomodação. Como tentativa de
solucionar a situação, o governo limitou a quantidade de quartos oferecidos no Airbnb.
Os habitantes
acreditam na necessidade de um aumento de guardas florestais e, por outro lado,
na imposição de uma taxa de ingresso em parques nacionais, porém, esta proposta
foi chumbada em 2015 no parlamento. Mas claro que todas estas medidas exigem
verbas.
É inegável a
relevância do turismo para este país, no entanto, é preciso dar passos no
sentido de preservar e proteger a natureza. A pergunta que resta é: estará a
Islândia a caminho de uma “bolha” do turismo ? As previsões apontam para o
continuar do crescimento do turismo, porém, a ritmos decrescentes. Não obstante
esta situação, existe também uma preocupação com a variação cambial, uma vez
que o desempenho do turismo está diretamente relacionado com isso.
Caso
a moeda suba muito, a bonança do turismo pode-se alterar. Mas, por enquanto, é
expectável o turismo continuar a acontecer em grande escala e as medidas de
proteção ambiental aumentarem, sobretudo através da imposição de taxas.
Rita
Isabel Leite
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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