Hoje em dia, o tema das
energias renováveis é algo bastante frequente e mediático, quer pela crescente
aposta, quer pela onda de responsabilização ambiental. Embora estas energias
limpas estejam em voga, até que ponto é que têm alguma relevância no panorama nacional?
Em 2012, estimava-se que
o consumo de energia de combustíveis fósseis fosse cerca de 75% e o consumo
relativo a energias renováveis tivesse uma proporção de 20%. Destacava-se o
elevado consumo de petróleo, seguido do gás natural.
Sete anos depois, o
panorama altera-se. De acordo com a APREN, entre janeiro e agosto de 2019, as
fontes de energia renováveis foram responsáveis por mais de metade da produção
energética em Portugal. As energias limpas somaram um total de 51,8% da
produção total, constituídas com grande destaque pela energia eólica (26,10%)
seguida da energia hídrica (17,4%). Ao contrário da crença comum, a energia
solar em Portugal tem um papel ainda bastante baixo, conferindo apenas 2,4 %. Os
restantes 48,20% são relativos aos combustíveis fósseis. Verifica-se assim a
mesma tendência, sendo os principais combustíveis o petróleo, gás natural e,
com menos intensidade, o carvão.
É notório o
desenvolvimento desta temática no país, sendo classificado como o quinto país
com uma percentagem de 54,2 de incorporação energética de renováveis no setor
da eletricidade, em 2017, de acordo com os últimos dados disponibilizados. Já a
UE-28 localiza-se nos 30,8%.
Embora o panorama pareça
cada vez melhor, não nos podemos esquecer de uma realidade que tende a ser mais
ocultada. É visível o crescimento da vertente renovável e menos poluente em
Portugal, mas não conseguimos ainda ser autossustentáveis e, por isso, consumimos
mais energia do que aquela que conseguimos produzir, necessitando assim de
recorrer a outros mercados para colmatar esta ineficiência. Esta falha implica
dependência energética do exterior, sendo por isso a economia nacional afetada
por fatores externos cada vez mais comuns.
Em 2018, Portugal
importou energia no valor de 9 303 milhões de euros, 7 345 milhões
dos quais pertencentes a produtos petrolíferos, e exportou no valor de
4 377 milhões. Dado este cenário, apresentou um saldo importador de
4 926 milhões de euros, que pode ser comparado a 45% do orçamento anual do
Serviço Nacional de Saúde.
A economia nacional
apresenta um valor bastante alarmante da dependência energética do exterior, conferindo
cerca de 80%. Este ano, em particular, os conflitos na zona do médio oriente,
causados por ataques em campos petrolíferos na Arábia Saudita ou por incidentes
diplomáticos entre Irão e Reino Unido, implicaram grandes oscilações nas
cotações do crude, por exemplo. Uma dependência tão elevada implica um grande
grau de vulnerabilidade em termos produtivos, mas também na estabilidade
económica. Fatores externos cada vez mais comuns, como instabilidades
geográficas em pontos-chave quer por condições climatéricas, guerrilhas ou
crises, tornam as economias mundiais mais vulneráveis às oscilações das
matérias-primas.
Helena Pereira
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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