A
publicidade está aí ao virar da esquina e em cada esquina. Diariamente, somos
confrontados com inúmeras propagandas chamativas que visam aumentar a nossa
procura de bens. O número crescente de anúncios que invadem o nosso dia-a-dia
tornam apelativo o consumo, por vezes desnecessário, acabando por ter
consequências a vários níveis. Afinal, qual será o impacto das publicidades nas
nossas vidas?
O
mercado publicitário é fundamental para a economia portuguesa. Permite a
criação de riqueza e de empregos, promove a inovação de produtos e serviços,
assim como incentiva a concorrência. As campanhas publicitárias proporcionam
benefícios para a sociedade, sendo indispensáveis para a divulgação de
atividades culturais e de novos produtos, ajudando a promover a
responsabilidade social e a alterar modos de vida e mentalidades. Não obstante,
nem todas as publicidades são um mar de rosas, podendo ter repercussões
negativas.
De
acordo com um estudo da Deloitte, o investimento total em publicidade foi cerca
de 571 milhões de euros em 2017. Estima-se que este investimento tenha contribuído
com aproximadamente 2,5 mil milhões de euros para o PIB português. Ao nível da
criação de postos de trabalho, o impacto total do setor da publicidade rondou
os 51 250 empregos. É de realçar a evolução média anual de 2,4% neste setor,
desde 2012.
A
televisão ganhou o primeiro lugar como meio
de propaganda, tendo se evidenciado o aumento de importância da publicidade
digital em relação aos outros meios publicitários. Salienta-se que o
investimento publicitário não manifesta a mesma magnitude para todas as
indústrias, sendo que no topo das posições para os setores que mais beneficiaram
em 2017 deste investimento encontram-se o comércio, o setor farmacêutico, a
indústria automóvel e os produtos alimentares.
Em
relação a este último grupo de bens, uma nova lei aprovada este ano destina-se
a colocar restrições aos anúncios publicitários dirigidos às crianças. De modo
a incentivar e promover estilos de vida mais saudáveis, os alimentos com
excesso de açúcar são um alvo a abater. Assim sendo, as publicidades a produtos
alimentares com elevado valor energético, teor de sal, açúcar, ácidos gordos
saturados e gorduras tornaram-se vítimas de restrições, estando os anúncios a
estes produtos proibidos na televisão, na internet, e na proximidade de escolas
e parques infantis. Com efeito, as limitações no mercado publicitário
apresentam implicações económicas, sociais e culturais.
Maria
João Gregório, diretora do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação
Saudável, declarou que “ A lei tem como objetivo limitar o estímulo ao consumo
de alimentos menos saudáveis ou não saudáveis. A verdade é que a investigação
científica diz que a publicidade tem impacto no consumo alimentar das crianças,
com impacto no seu estado de saúde na infância e depois na idade adulta”.
Será
que esta mudança vai ter impactos avultados no setor da publicidade? Do meu
ponto de vista, esta restrição levará a mudanças
razoáveis na estrutura e no perfil do investimento comercial. Efetivamente, a
indústria dos refrigerantes e dos chocolates investe enormes quantias em
campanhas publicitárias e desta forma uma parte
destes investimentos desaparecerá, tendo consequências na sustentabilidade do
setor publicitário. Estas restrições vão empobrecer o mercado, acabando por
afetar um vasto elenco de marcas e produtos. Apesar da ausência de valores
concretos, naturalmente irá provocar impactos no setor publicitário.
Mas
será que as restrições neste setor serão capazes de alterar o consumo dos mais
jovens? Na minha perspetiva, esta medida
contribuirá eventualmente para a redução do consumo de alimentos empobrecidos
em vitaminas. Esta lei é direcionada para controlar a publicidade a alimentos
presentes em supermercados, destinando-se a reduzir escolhas alimentares menos
saudáveis e a obesidade infantil. A publicidade influencia os comportamentos e
as escolhas dos consumidores e por este motivo não publicitar este tipo de
alimentos tende a desencorajar os indivíduos na sua aquisição. Apesar destes
produtos continuarem presentes na hora de fazer as compras, o facto de não
existir um apelo ao seu consumo pode ser considerado um fator relevante para
alterar escolhas alimentares.
Em
suma, estas restrições colaboram de forma positiva para a moderação do consumo de
alimentos menos saudáveis e que acabam por prejudicar a nossa saúde, ajudando a
promover um estilo de vida mais saudável. O fim destas campanhas publicitárias
cria espaço para o aparecimento de um novo mundo, emergindo anúncios ricos em
nutrientes e sabores.
Filipa
França da Silva
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário