A Black Friday surgiu
nos Estados Unidos da América. Os dados acerca da sua origem não são
consensuais, mas há uma maior expressão que remete para o facto da polícia
apelidar o dia seguinte ao feriado de Ação de Graças com esse mesmo nome pelo
facto de haver um grande tráfego de pessoas e veículos nas estradas, associado
à abertura do período de compras natalícias. Há também uma forte associação à Black
Friday de 1869, crise financeira que marcou os EUA devido ao crash
na Bolsa de Nova Iorque. Ainda assim, o termo Black Friday começou a ser
mais usual a partir do ano 1975 graças ao reforço por parte do The New York
Times acerca desse termo.
A expressão Black
Friday é alvo de cada vez mais atenção por parte dos consumidores,
representando consequentemente um maior impacto na sociedade, no comércio e na
Economia pela via das receitas. No panorama europeu, foram registados gastos no
Reino Unido, relativos a essa data, de £1,23 biliões em 2016, o que evidencia
um crescimento de 12,2% face a 2015, data que registou £1,1 biliões. No ano de
2017, verificou-se pela primeira vez um maior crescimento das vendas a retalho no
mês de novembro do que em dezembro.
Apesar de
apresentar maior impacto, a Black Friday está descaraterizada, aliás,
está descaraterizada desde que começou a ser adotada noutros países que não os
Estados Unidos da América, visto que é um acontecimento que tem como referência
o Dia de Ação de Graças, que é apenas celebrado lá, sendo adotado noutros
países apenas como estratégia de marketing. No entanto, a sua descaraterização
acompanha o caráter “crescente” do seu peso na Economia visto que agora não se
trata apenas da última sexta-feira do mês de novembro mas sim da semana que a
antecede, do fim-de-semana seguinte e até da segunda-feira seguinte, apesar de
apelidados de nomes diferentes tais como Black Week, Black Weekend e
Cyber Monday.
A Black Friday
também tem sido alvo de inúmeras críticas pelo facto de se terem vindo a
verificar irregularidades decorrentes desta promoção. Muitas vezes, antecipando
a promoção, os comerciantes aumentam o PVP inicial de forma a que o preço
promocional seja na verdade o preço inicialmente praticado, tentando “vender” a
ideia por detrás desta estratégia mas não estando na realidade a praticá-la. Estamos
perante um dilema de ideia preconcebida versus realidade.
O consumidor está
cada vez mais atento e tenta prever estas situações. Procura manter-se informado,
chegando por vezes a fazer mesmo uma lista com os produtos que realmente deseja
adquirir para, chegando o dia da Black Friday, confrontar preços e
decidir se compensa ou não comprá-los, acabando assim por diminuir um pouco o
consumo excessivo praticado pela generalidade dos consumidores que olham para
qualquer redução de preço como uma oportunidade, mesmo não tendo necessidade de
adquirir esse produto.
Assim sendo, têm
surgido algumas iniciativas tanto por parte do consumidor como por parte de
outras entidades, como é o caso da DECO, que mostram ao consumidor quais os
produtos que estão realmente em promoção.
Esta estratégia
mostra-se vantajosa para inúmeras empresas (tanto pequenas lojas como grandes
armazéns) na medida em que permite a viragem da sua situação financeira, passando
de uma situação vermelha (prejuízo – pré Black Friday) para uma situação
que agora podemos chamar de black (lucro – pós Black Friday).
O problema existe:
será então melhor para a Economia continuar com uma “Black Fraude” ou
acabar com a Black Friday? É importante consolidar o match entre
o conceito e a sua prática.
André Vila Mendes
[artigo
de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e
Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário