domingo, 11 de novembro de 2012

A evolução dos salários reais em Portugal

Já há algum tempo que somos bombardeados todos os dias com inúmeras más notícias e eis que no meio de tanta má notícia surge uma que, á primeira vista, se apresenta como boa, “ Salários reais dos Portugueses vão aumentar em 2013”. Em primeiro lugar convém referir o que se entende por salário real, sendo este o salário que é medido em termos de poder de compra do salário nominal num dado período. Assim, se os preços subirem de um modo generalizado, ou seja, se houver inflação,  e os salários se mantiverem constantes, vai-se verificar uma diminuiçao do salário real, pois com o mesmo salário vamos conseguir adquirir um cabaz de bens mais pequeno, uma vez que os bens são mais caros.
            Em 2011, Portugal sofreu uma quebra muito grande dos salários reais. Este diminuiu 6,7%, o valor mais negativo de toda a OCDE. Portugal tem vindo  a apresentar, durante três anos consecutivos, diminuições dos salários reais, embora só as duas últimas tenham sido de grandes dimensões (6,7% em 2011 e 5,1% em 2012). Ao analisar os dados da OCDE, verifica-se também que  Portugal é  o sexto país com salário médio mais baixo (em paridade poder de compra).
 Estima-se no entanto que em 2013 esta situação volte a ser invertida e que os salários reais voltem a apresentar um valor positivo, mas no entanto muito reduzido: os salários reais vão então aumentar 0,6% em 2013. Este aumento poderá advir de vários motivos, tal como uma diminuição generalizada dos preços ou um aumento dos salários nominais. Tendo em conta que estamos num contexto de crise muito complicado, seria complicado que se verificassem grandes diminuições de preços e/ou aumentos dos salários nominais, assim este aumento dos salários reais pode facilmente ser explicado pela devolução aos funcionários públicos dos subsídios que lhes haviam sido retirados ainda recentemente. Mas, no entanto, esta luz ao fundo do túnel vai desaparecer rapidamente, pois prevê-se que em 2014 os salários reais voltem a diminuir em 0,9%. Na Alemanha, a situação dos salários reais é bem melhor dado que no próximo ano se vai verificar um aumento de 1% e 1,3 % em 2014.
            Como os portugueses não consideram este aumento dos salários reais como de longa duração, estes não vão alterar o seu comportamento e como tal o consumo privado vai continuar a recuar. O consumo privado recuou 5,9% em 2012 e estima-se que em 2013 e 2014 a tendência se mantenha, mas com o valor absoluto da variação a diminuir para 1,7% e 0,2%, respectivamente.
            Conclui-se então que embora estejam a aparecer, esporadicamente, sinais que aparentam uma possível recuperação da economia portuguesa e de um futuro mais risonho para os portugueses, este continua ainda muito incerto e sem previsões de grandes melhorias nos próximos anos.

Elias Miguel Pinhão Pereira  Barroso Vilela

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Sem comentários: