Já há algum
tempo que somos bombardeados todos os dias com inúmeras más notícias e eis que
no meio de tanta má notícia surge uma que, á primeira vista, se apresenta como
boa, “ Salários reais dos Portugueses vão aumentar em 2013” . Em primeiro lugar
convém referir o que se entende por salário real, sendo este o salário que é
medido em termos de poder de compra do salário nominal num dado período. Assim,
se os preços subirem de um modo generalizado, ou seja, se houver inflação, e os salários se mantiverem constantes,
vai-se verificar uma diminuiçao do salário real, pois com o mesmo salário vamos
conseguir adquirir um cabaz de bens mais pequeno, uma vez que os bens são mais
caros.
Em
2011, Portugal sofreu uma quebra muito grande dos salários reais. Este diminuiu
6,7%, o valor mais negativo de toda a OCDE. Portugal tem vindo a apresentar, durante três anos consecutivos,
diminuições dos salários reais, embora só as duas últimas tenham sido de
grandes dimensões (6,7% em 2011 e 5,1% em 2012). Ao analisar os dados da OCDE,
verifica-se também que Portugal é o sexto país com salário médio mais baixo (em
paridade poder de compra).
Estima-se no entanto que em 2013 esta situação
volte a ser invertida e que os salários reais voltem a apresentar um valor
positivo, mas no entanto muito reduzido: os salários reais vão então aumentar
0,6% em 2013. Este aumento poderá advir de vários motivos, tal como uma
diminuição generalizada dos preços ou um aumento dos salários nominais. Tendo
em conta que estamos num contexto de crise muito complicado, seria complicado
que se verificassem grandes diminuições de preços e/ou aumentos dos salários
nominais, assim este aumento dos salários reais pode facilmente ser explicado
pela devolução aos funcionários públicos dos subsídios que lhes haviam sido
retirados ainda recentemente. Mas, no entanto, esta luz ao fundo do túnel vai
desaparecer rapidamente, pois prevê-se que em 2014 os salários reais voltem a
diminuir em 0,9%. Na Alemanha, a situação dos salários reais é bem melhor dado
que no próximo ano se vai verificar um aumento de 1% e 1,3 % em 2014.
Como
os portugueses não consideram este aumento dos salários reais como de longa
duração, estes não vão alterar o seu comportamento e como tal o consumo privado
vai continuar a recuar. O consumo privado recuou 5,9% em 2012 e estima-se que
em 2013 e 2014 a
tendência se mantenha, mas com o valor absoluto da variação a diminuir para
1,7% e 0,2%, respectivamente.
Conclui-se
então que embora estejam a aparecer, esporadicamente, sinais que aparentam uma possível
recuperação da economia portuguesa e de um futuro mais risonho para os
portugueses, este continua ainda muito incerto e sem previsões de grandes
melhorias nos próximos anos.
Elias Miguel Pinhão Pereira
Barroso Vilela
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