sábado, 10 de novembro de 2012

Economia Verde

Atualmente, o ambiente tem revelado, cada vez mais, a sua importância. Daí a preocupação crescente com esta temática.
Como sabemos, o ambiente é um recurso natural precioso, do qual todos dependemos, uma vez que somos seres insatisfeitos e somos “obrigados” a recorrer a ele para saciar as nossas ilimitadas necessidades.
No Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a economia verde aparece como uma economia que "resulta numa melhoria do bem-estar humano e da equidade social ao mesmo tempo em que reduz de forma significativa os riscos ambientais e a escassez ecológica; uma economia de baixo carbono, uso eficiente dos recursos e inclusão social". (Jornal de Negócios)
De facto, através dos contributos que vários economistas, e especialistas de outras áreas, têm dado acerca desta temática, são várias as vantagens que se podem auferir da implementação de políticas verdes, do investimento verde. Este investimento deve ser estimulado, visto que se considera haver um potencial sucesso e aumento do bem-estar social. Na revista Visão, o verde surge como “a cor que dá dinheiro”.
“No atual contexto de crise mundial (…) parece ser entendimento que o ambiente, e toda a sua problemática, deve ser deixado para segundo plano, havendo que priorizar as soluções para os problemas económicos.” (Jornal de Negócios1). Mas será esta uma posição correta por parte do estado português? Será que apostar neste sector não seria vantajoso? As respostas a estas e outras perguntas não têm, contudo, uma resposta harmoniosa, pois são várias as posições que se assumem.
No que diz respeito ao emprego, a revista Visão (com base em estudos realizados por organizações como as Nações Unidas) avança valores merecedores de atenção: investindo 2% do PIB no “verde”, o total de empregados neste sector, que é, atualmente, de 3,2 milhões de pessoas, poderia passar para 3,44 milhões em 2015. Para o mesmo ano, a projeção de postos de trabalho para Portugal (de acordo com a Quercus) é de 61 mil.
Aliás, a “Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que uma transição do atual modelo industrial para uma economia mais verde deverá gerar entre 15 e 60 milhões de novos empregos nos próximos vinte anos”, de acordo com o estudo intitulado "Rumo ao Desenvolvimento Sustentável: oportunidades de trabalho decente e inclusão numa economia verde".
Ainda com base numa publicação da Visão, os dados mostram que, no PIB total da economia, um investimento de 2% conduziria, numa perspetiva de longo prazo, a um aumento do mesmo em cerca de 130 biliões de dólares.
“Portugal está a evoluir «a bom ritmo» na «transição para uma economia verde inclusiva», afirmou o Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho”. (…) Apontou como
exemplo que no ano passado 50% da eletricidade foi produzida a partir de fontes renováveis.” (Governo de Portugal)
A ONU afirma que, ainda que não sejam tomadas medidas adicionais, efetivamente, a riqueza mundial e as condições de vida vão melhorar até 2050, todavia, considerando os números aqui apresentados, não devia ser sequer opção ignorá-los.
Se a economia verde é um trilho que percorrido trará vantagens (não obstante as desvantagens que também poderá contemplar) a vários níveis, por que é que não se verifica (quase que) nenhuma ação neste sentido?
É certo que o panorama da crise atual desempenha um papel importante nas decisões a tomar nesta matéria, e Portugal tem-se deparado com uma espécie de ignorância, imobilização, no que diz respeito à economia verde.
Temos, por um lado, um sector aliciante em que o investimento poderá representar melhoramentos significantes a vários níveis, por outro lado, temos as restrições orçamentais cada vez mais acentuadas que, obviamente, vêm limitar o nosso campo de ação. Daí a importância eminente de ponderar, de gerir a receita pública da melhor forma possível.
Não devemos deixar escapar oportunidades tão aliciantes e vantajosas quanto esta, quer a nível individual, quer a nível nacional, como a nível internacional.

Maria Costa Reis

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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