quarta-feira, 21 de novembro de 2012

CGD: privatizar ou não?

A privatização da Caixa Geral de Depósitos é um tema que tem sido notícia nos últimos tempos. Porém, devido à elevada controvérsia da questão diversas opiniões têm sido lançadas. Deste modo, os argumentos a favor ou contra têm sido bastante divulgados pela comunicação social.
            Um dos argumentos apresentados contra a privatização da CGD é a necessidade de existência de um banco público para manter o equilíbrio do setor. Um outro motivo apresentado foi que a existência de um banco público é muito importante, isto porque, se um banco privado tiver dificuldades, existe um instrumento capaz de o salvar. Outro argumento apontado foi a ideia de que os bancos públicos sofreram menos na atual crise. Defendendo a mesma posição, manter a CGD pública é necessário pois é este banco que financia as Pequenas e Médias Empresas, sendo que a componente empresarial do país é formada em 90% por PME. Por fim, tendo por base os resultados consolidados dos cinco maiores grupos bancários entre 2008 e 2010, verifica-se que a CGD apresenta elevada rendibilidade.
            A favor da privatização da CGD também surgem argumentos. Todavia, maioritariamente refutações dos argumentos apresentados contra a privatização. Uma das refutações apresentada exprime-se na ideia de que a CGD não é importante para manter o equilíbrio do setor visto que o banco regulador é o Banco de Portugal. Outro argumento é o facto de a crise não ter afetado apenas os bancos privados. A CGD também foi afetada. Ainda no mesmo sentido, dado que 90% da componente empresarial em Portugal são PMEs, a CGD não é o único banco a financiar as empresas. Todo o sistema bancário tem financiado as PME. Além disso, não é por passar a banco privado que a CGD deixará de financiar estas empresas. Defendendo a mesma posição, apontam que, dado a CGD ser o maior banco português, devia apresentar maior rendibilidade que os restantes bancos. E, entre 2008 e 2011, a rendibilidade da CGD tem vindo a decrescer, apresentando em 2011 prejuízo. Uma outra ideia apresentada foi: “Não vai cair o Carmo e a Trindade se a CGD for privatizada”. Isto, porque outras empresas foram privatizadas e não houve grande problema. Por exemplo, a PT e a EDP, apesar de privatizadas são grandes referencias a nível mundial.
            Embora ambas as posições, acerca da privatização da CGD, terem vantagens e desvantagens creio que esta decisão não deve ser tomada de ânimo leve. A privatização é uma forma de captar mais investimento estrangeiro e ganhar eficiência. No entanto, existem outros fatores a considerar. Apesar de saber que o país precisa de liquidez, não creio que privatizar a CGD nos afaste desta situação económica de crise.
A CGD é a marca nacional bancária mais valiosa, e a confiança que advém de ser pública é um aspeto bastante considerado pelos consumidores. Há quem justifique a venda à conta dos maus resultados. Contudo, estes provêm do facto de a CGD ter amortecido o escândalo do BPN e o receado risco sistémico, o que lhe custou muitos milhões de euros. A concessão de crédito às PME e a sua função económica de equilibrar o mercado (indiretamente reguladora) são aspetos dos quais não de deveria abdicar. Além disso, avançarmos com a privatização levaria a uma quebra da "balança de rendimentos" porque as empresas cairiam "em mãos estrangeiras".
Assim, medindo as partes, penso que não privatizar é a melhor solução. Aliás, as privatizações não são mesmo uma boa solução, pois os efeitos que têm na economia são sempre temporários. A longo prazo, esta será a melhor opção visto que privatizar traria mais problemas financeiros do que vantagens ao país.

Carina Alexandra Pereira Miranda

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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