sábado, 10 de novembro de 2012

Educação Portuguesa e Europeia

Educação é um direito a que todos nós devíamos ter acesso sem limitações para promovermos o nosso crescimento intelectual e melhorarmos o nosso nível de vida. Formalmente, de acordo com o dicionário Priberam, educação é um conjunto de normas pedagógicas tendentes ao desenvolvimento geral do corpo e do espírito, é instrução.
Actualmente, o grau de educação que cada indivíduo possui é um factor de exclusão importantíssimo para a obtenção de um emprego visto que cada vez mais a mão-de-obra que as empresas recrutam é qualificada. Além de factor de exclusão, também é factor de desenvolvimento, isto é, encontra-se uma relação directa entre o desenvolvimento dos países e o nível de educação da população, sendo que os que investiram mais precocemente na educação são os que têm melhores níveis de produtividade, crescimento económico e inovação tecnológica actualmente.
De acordo com a base de dados Pordata, em 1972, a despesa em % do Pib em educação era de 1,4%, registando uma subida para 3,8% em 1990, derivada também da entrada de Portugal para a União Europeia. Em 2010 verificou-se que a despesa se situava nos 5% do Pib, enquanto que em 2011 (último dado actualizado) baixou para os 4,6% do Pib. Este último dado revela que a despesa com educação baixou voltando a níveis de 2005, incentivando a ideia de que a educação, em crise, é uma despesa que pode ser cortada. Esta ideia é completamente falaciosa e vem relembrar os anos de atraso com que Portugal partiu para a revolução industrial e tecnológica e que tanto nos tem afectado nos últimos anos devido à falta de competitividade e diferenciação e da baixa aposta na formação dos seus trabalhadores e de mão-de-obra qualificada. Já Aristóteles afirmava: “A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces”.
Em comparação com a União Europeia e de acordo com os Estudos Territoriais da OCDE, Portugal tem dos níveis de escolaridade mais baixos da União Europeia em termos de % da população activa (isto é, que possuí, pelo menos, habilitações de nível secundário superior) entre os 25 e os 34 anos, que se situa aproximadamente nos 36%, ficando atrás de países como a Espanha (60%), Itália (62%), Luxemburgo (79%) e de um país que não pertence à UE e que pelo senso comum é visto como um país atrasado, Malásia (59%). Estas referências também se associam aos níveis de rendimento per capita e ao crescimento económico de cada país, onde obviamente se encontra uma relação positiva entre nível de escolaridade e níveis de rendimento e crescimento. Usando como exemplo Portugal, onde a taxa de crescimento média de 1992-2005 foi de 2%, esta situou-se abaixo da média da OCDE, que foi de 2,5%, assim como o seu nível de escolaridade segue o mesmo padrão, Portugal (36%) contra a média da OCDE (79%).
Na minha opinião, a gestão da educação em Portugal está a ser feita com muitos erros, entre eles a criação de barreiras ao acesso à educação e o desperdício contínuo da mão-de-obra qualificada aqui produzida e que acaba por emigrar para outros países depois do investimento feito para criá-la. Ainda acredito em Portugal e que ele vai ter um lugar para mim e para os outros estudantes.

Hugo Ricardo Pires Veloso

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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