sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Poupanças das famílias

Numa altura que se fala tanto em crise, aumento de impostos e redução de salários, isto é, uma redução substancial dos rendimentos disponíveis, a taxa de poupança das famílias portuguesas aumentou!
Assim, e de acordo com o Instituto Nacional de Estatística e ao contrário do que era esperado, as famílias portuguesas têm poupado nos últimos tempos, ou seja, a taxa de poupança das famílias aumentou para 10,9% no início de 2012, o que indica um aumento de 1,4% em relação ao ano anterior.
Com os cortes salariais observados nos últimos dois anos, a tendência das famílias portuguesas tem sido de diminuir o consumo, por forma a controlar melhor o rendimento disponível e na perspectiva de que o nível de vida possa vir a agravar, observou-se um aumento considerável das poupanças, optando por investir em depósitos bancários para poder obter algum tipo de retorno.
No entanto, apesar da taxa de poupança ter sido a mais elevada desde 2003, estes valores percentuais ainda são reduzidos em comparação com os valores observados no resto da Europa, que rondam os 13,9%.  
Podemos também constatar que o aumento observado, tem problemas de assimetria, pois, segundo o mesmo estudo feito pelo INE, quase 90% das poupanças é gerada por apenas 20% dos agregados familiares e, por outro lado, para um terço das famílias, o saldo é negativo, gastando mais do que aquilo que ganham. Mostrando assim que o que é poupado ainda é reduzido, não salvaguardando um futuro próximo. Não nos podemos esquecer que o objectivo das referidas poupanças é tentar garantir um futuro estável.
Estes dados observados pelo INE, surpreenderam o Governo, dado que, com menos dinheiro disponível esperava-se uma diminuição das poupanças. Assim o Governo não conseguiu o aumento de receita fiscal esperado e terá que reformular as metas a atingir, perante os novos dados das poupanças.
Será que estas poupanças, embora em percentagem baixa, transmitem a ideia de que os portugueses poderiam ser tributados com mais impostos? É o que nos leva a pensar depois de ouvirmos o presidente do BPI dizer que os portugueses aguentam mais impostos!

 Rita Fernandes

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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