Tendo por base a nova
realidade enfrentada em todo o mundo devido à pandemia de COVID-19 e, também, às
medidas adotadas por cada país no decorrer desta nova fase, é de destacar o
caso controverso da Suécia que, contra todas as opiniões, decidiu que o
confinamento não era necessário para a contenção do vírus. O governo insistiu
que a estratégia adotada tinha como finalidade ajudar a saúde pública e evitar
a imposição de medidas demasiado restritivas, que não podiam ser mantidas
durante vários meses, e não para salvar a economia.
Assim, não foi imposto um confinamento à população, mas foram
indicadas uma série de recomedações e algumas, embora poucas, restrições. De
facto, preconizou-se que, sempre que fosse possível, os indivíduos deveriam
exercer as suas funções profissionais em regime teletrabalho. O governo pediu, também,
que se praticasse o distanciamento social, que neste país não é muito difícil
de realizar tendo em conta a sua baixa densidade populacional e também devido à
sua cultura, pois esta valoriza os comportamentos individuais e a
autodisciplina.
Embora
o confinamento não fosse uma opção, a Suécia adotou medidas restritivas,
algumas delas sendo: ajuntamentos limitados a 50 pessoas; escolas secundárias
(maiores de 16 anos) e universidades passaram a ter aulas lecionadas à
distância; e, quarentena nos lares. Em contrapartida, os restaurantes, bares e
cafés permaneceram abertos.
No que diz respeito à componente económica, o PIB sueco caiu
8,6% na primeira metade do ano de 2020, tudo no segundo trimestre, sendo que a
média europeia se situava nos 14,4% (segundo o Eurostat). Esta queda pode ser
explicada devido à grande dependência das exportações, que representam quase
50% do PIB e que, com a pandemia, diminuíram drasticamente. De facto, algumas
grandes empresas, como a Volvo Cars, estiveram paradas devido a problemas na
cadeia de fornecimento na Europa e no resto do mundo. Por outro lado, o turismo
representa apenas 3% do PIB da economia sueca, mas o seu abrandamento também contribui,
embora menos, para esta queda.
É de grande interesse referir o impacte das decisões no
setor da saúde. De facto, a taxa de letalidade sueca foi, numa dada altura, uma
das mais altas e verificou o valor mais elevado de mortes de que havia registo
há 150 anos, no primeiro semestre de 2020. No seu maior pico até à data, chegou
a ter 107,84 casos por milhão de habitantes (Junho de 2020). Quando comparado
com outros países de igual dimensão (como Portugal), que optaram pelo
confinamento, os valores referidos no que diz respeito à mortalidade são bastante
díspares. Ou seja, mesmo com os lares em quarentena, o grande número de mortes
nestes não foi evitado. No início da pandemia, o principal epidemiologista da
Suécia, Anders Tegnell, procurava uma resposta mais sustentável para o país.
Mas, mais tarde, admitiu que o plano adotado não foi de encontro ao esperado e
que, com o conhecimento obtido ao longo dos meses, a tática utilizada poderia ter
sido diferente. Até à data de 21 de Outubro de 2020, registava um total de
106380 casos e 5922 mortes.
Assim sendo, na
minha opinião, a estratégia adotada pela Suécia não foi uma boa ideia. As
repercussões, quer na economia quer na saúde pública, foram bastante negativas.
Face à incerteza que esta situação trás,
principalmente quando a informação disponível sobre o vírus e a forma como este
se comporta era e é ainda muito vaga o mais seguro será agir com precaução, ainda mais tendo em conta que esta
situação já afeta muitas pessoas e pode afetar muitas mais. Temos de admitir a
possibilidade que nem toda a gente será responsável por si e pelos outros, e que a obtenção da imunidade de grupo, tal como já constatamos, está
longe de acontecer…
Julie Cima Mejanes
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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