Definimos turismo como um conjunto de
atividades realizadas por um indivíduo durante as suas viagens e estadias em
lugares diferentes daqueles do seu quotidiano. Portugal é um país de referência
no que toca ao turismo, graças à nossa margem litoral, bem como toda a nossa
gastronomia típica, monumentos, história, etc. Por conseguinte, o turismo tem
um grande impacte nas contas públicas portuguesas. De acordo com o Pordata, em 2019
o turismo representou cerca de 8,6% do PIB.
A importância do turismo tem vindo a
aumentar ao longo dos anos. Todavia, com a presente crise sanitária e as
restrições à mobilidade e à interação social, podemos facilmente perceber que o
turismo teve uma queda abrupta. Em Portugal, o primeiro caso de COVID-19 foi
detetado a 2 de março e a partir deste mês os valores começaram logo a cair. Neste
mês, não tanto ainda pelas restrições, mas pelo facto de a situação ser uma
total novidade e os avanços acerca do controle e do conhecimento do vírus ainda
estarem numa fase muito precoce, fez com que houvesse uma diminuição de
dormidas e de hóspedes, ambos, na ordem dos 60%. Em consequência, diminuíram
também os rendimentos gerados pela atividade na ordem dos 60.3% em relação ao
período homólogo.
Apesar da má situação em março e do receio
acerca da nova situação epidemiológica, em abril e maio, com o decretar do
estado de emergência, as quedas tornaram-se ainda mais acentuadas, ou seja, em
relação ao ano de 2019 as quebras nos proveitos totais do turismo foram por
volta dos 97%. Nestes dois meses, a atividade turística esteve praticamente
estagnada, com um grande número de estabelecimentos de alojamento turístico encerrados
ou sem qualquer tipo de atividade (80,6% em abril e 70,4% em maio).
Por sua vez, o fim do confinamento
obrigatório e a retoma da normalidade fez com que em junho e julho já se
fizessem notar melhorias. Apesar das piores prestações em comparação com o ano
anterior, as quedas já não foram tão preocupantes como nos meses antecedentes. O
proveito total tem vindo a subir ao longo destes meses e as variações homólogas
negativas têm vindo a diminuir de intensidade. Apesar de os dados para o mês de
agosto ainda serem muito preliminares, estes também apontam para uma melhoria e,
inclusive, uma subida do número de dormidas para algumas regiões, como o
Algarve e o Alentejo. Associado a este crescimento temos, certamente, o facto
de o Algarve ser uma região de destaque na época balnear, bem como ser este o
mês típico de férias de muitos trabalhadores portugueses, já que foi graças aos
residentes que tivemos uma subida no número de dormidas. Percebemos ainda que o
facto de a zona do Alentejo não ter sofrido quedas tão acentuadas (foi das regiões
que registou sempre menores descidas) estar, muito provavelmente, relacionado
com a sua pacatez e também pelo facto de esta ser das zonas menos afetadas com
a situação epidemiológica.
Toda esta situação leva-nos a pensar numa
nova forma de turismo. Isto é, um turismo mais ativo e não tanto de apreciação,
nem de grupos. Esta alteração já se tem vindo a notar ao longo destes meses
dado que os tipos de alojamento turístico que menos têm sofrido são os
alojamentos locais, apartamentos turísticos e o turismo rural, dado que estes
são caraterizados por um número mais pequeno de hóspedes.
No tocante ao turismo rural este permite aos
turistas um vasto leque de atividades e uma maior convivência com a natureza e
o ar puro, já que, por exemplo, a vida citadina não o permite. O
desenvolvimento do turismo rural leva também ao combate a um dos problemas de
Portugal: o abandono do interior. Ou seja, este tipo de turismo faz com que se atraia
mais investimento e pessoas ao interior, combatendo a sua desertificação.
Em suma, apesar de já se terem feito notar algumas alterações nos padrões de turismo, com toda esta nova situação, ainda estamos numa fase muito inicial e temos de trabalhar para sermos capazes de lidar com um turista mais ativo e cada vez mais exigente, apesar das restrições impostas.
Hugo Ferreira
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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