quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Despesas das Famílias Portuguesas em Tempo de Pandemia

 

Num artigo do jornal ‘Expresso’, publicado em abril de 2020, acerca do consumo doméstico de energia no período inicial do confinamento (meados de Março a meados de Abril de 2020), nota-se que este cresceu 10%, em termos homólogos, de acordo com a fonte oficial da EDP distribuição. Este aumento resultou do confinamento decorrente da pandemia do COVID-19, que obrigou a transformação do dia-a-dia das famílias portuguesas. O interior da casa passou a ser o cenário do quotidiano: o regime de teletrabalho, as aulas dadas à distância, o entretenimento através de redes sociais e televisão, e até o próprio contacto com a comunidade - feito de forma digital. Além disso, várias ações quotidianas foram acentuadas, como refeições, aquecimento da água e casa, entre outras.

Isto contrasta com a descida significativa de consumo por parte das indústrias e empresas, que viram a redução e/ou o encerramento das suas atividades económicas. A confirmar este cenário, o relatório mensal de abril de 2020 da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) assinala que o consumo doméstico ultrapassou o consumo industrial, historicamente, na procura de energia elétrica: o consumo doméstico registou um aumento de 30,7%, enquanto que o consumo industrial verificou uma descida de 17,2%, quando comparado com abril de 2019. Também através dos relatórios mensais da DGEG, consegue-se inferir que nos primeiros 9 meses do ano de 2020, o consumo doméstico aumentou em 7,5%, o que demonstra que esta tendência se prolongou para além do confinamento de março e abril.

Além do aumento das despesas com a energia, as famílias têm-se deparado com o aumento dos encargos com a habitação, a saúde (pela necessidade de comprar máscara, álcool-gel e medicamentos) e alimentação, o que tem dificultado a taxa de esforço das famílias. 

A pandemia provocou uma quebra no mercado de trabalho, criando uma forte instabilidade, tendo-se verificado um aumento de desemprego, a recorrência ao lay-off e a instabilidade dos contratos precários (particularmente grave no setor cultural, de restauração e hotelaria), provocando uma descida dos rendimentos de muitas famílias portuguesas.

Face a este contexto, o governo procurou apoiar as famílias através de moratórias de encargos na habitação e outras despesas gerais (energia, telecomunicações, entre outros), e, segundo o relatório do Banco de Portugal, entre 27 de março e final de agosto, os bancos receberam pedidos para moratórias relativas a 787.807 contratos de crédito, o que demonstra que existem imensas situações de fragilidade. Instituições Sem Fins Lucrativos ao serviço das famílias também têm auxiliado famílias carenciadas, como é o caso do Banco Alimentar, que entre final de março e abril recebeu cerca de 350 pedidos de ajuda por dia, diz Isabel Jonet, cabeça do Banco Alimentar,  ao jornal ‘Observador’. Também é importante denotar o apoio da Segurança Social às famílias, entre eles, Medidas de Apoio de Emprego, Medidas Extraordinárias de Proteção Social e Assistência à Família.

No contexto em que vivemos, apesar do peso no Orçamento de Estado dos apoios às famílias e empresas, considero que os mesmos são imperativos para garantir a sobrevivência das famílias e contrariar o crescimento da pobreza em Portugal.

  

Ana Luísa Bento

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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