Num artigo do jornal ‘Expresso’, publicado em abril de 2020, acerca do consumo doméstico de energia no período inicial do confinamento (meados de Março a meados de Abril de 2020), nota-se que este cresceu 10%, em termos homólogos, de acordo com a fonte oficial da EDP distribuição. Este aumento resultou do confinamento decorrente da pandemia do COVID-19, que obrigou a transformação do dia-a-dia das famílias portuguesas. O interior da casa passou a ser o cenário do quotidiano: o regime de teletrabalho, as aulas dadas à distância, o entretenimento através de redes sociais e televisão, e até o próprio contacto com a comunidade - feito de forma digital. Além disso, várias ações quotidianas foram acentuadas, como refeições, aquecimento da água e casa, entre outras.
Isto contrasta com a descida significativa de consumo por parte das indústrias e empresas, que viram a redução e/ou o encerramento das suas atividades económicas. A confirmar este cenário, o relatório mensal de abril de 2020 da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) assinala que o consumo doméstico ultrapassou o consumo industrial, historicamente, na procura de energia elétrica: o consumo doméstico registou um aumento de 30,7%, enquanto que o consumo industrial verificou uma descida de 17,2%, quando comparado com abril de 2019. Também através dos relatórios mensais da DGEG, consegue-se inferir que nos primeiros 9 meses do ano de 2020, o consumo doméstico aumentou em 7,5%, o que demonstra que esta tendência se prolongou para além do confinamento de março e abril.
Além do aumento das despesas com a energia, as famílias têm-se deparado com o aumento dos encargos com a habitação, a saúde (pela necessidade de comprar máscara, álcool-gel e medicamentos) e alimentação, o que tem dificultado a taxa de esforço das famílias.
A pandemia provocou uma quebra no mercado de trabalho, criando uma forte instabilidade, tendo-se verificado um aumento de desemprego, a recorrência ao lay-off e a instabilidade dos contratos precários (particularmente grave no setor cultural, de restauração e hotelaria), provocando uma descida dos rendimentos de muitas famílias portuguesas.
Face a este contexto, o governo procurou apoiar as famílias através de moratórias de encargos na habitação e outras despesas gerais (energia, telecomunicações, entre outros), e, segundo o relatório do Banco de Portugal, entre 27 de março e final de agosto, os bancos receberam pedidos para moratórias relativas a 787.807 contratos de crédito, o que demonstra que existem imensas situações de fragilidade. Instituições Sem Fins Lucrativos ao serviço das famílias também têm auxiliado famílias carenciadas, como é o caso do Banco Alimentar, que entre final de março e abril recebeu cerca de 350 pedidos de ajuda por dia, diz Isabel Jonet, cabeça do Banco Alimentar, ao jornal ‘Observador’. Também é importante denotar o apoio da Segurança Social às famílias, entre eles, Medidas de Apoio de Emprego, Medidas Extraordinárias de Proteção Social e Assistência à Família.
No
contexto em que vivemos, apesar do peso no Orçamento de Estado dos apoios às
famílias e empresas, considero que os mesmos são imperativos para garantir a
sobrevivência das famílias e contrariar o crescimento da pobreza em Portugal.
Ana Luísa Bento
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário