segunda-feira, 26 de outubro de 2020

O impacte Covid-19 no crescimento do comércio ´online`

 Num estudo de 2018, a Google e a Boston Consulting Group (BCG) estimaram que os negócios online em Portugal representavam 9 mil milhões de euros, isto é, cerca de 5% do PIB Português. Este valor encontra-se abaixo da média dos restantes países europeus, onde o comércio digital representa aproximadamente 8%.

 

Fonte: Eurostat

As compras online continuam a aumentar na União Europeia, juntamente com a expansão do uso da internet e a melhoria dos padrões de segurança da mesma. Os consumidores também apreciam a possibilidade de fazer compras a qualquer hora e em qualquer lugar, com o acesso a um vasto de leque de produtos e a facilidade de comparação de preços.

Durante a pandemia do coronavírus, com as lojas físicas fechadas e com as restrições face à proximidade entre cidadãos, é expectável que o e-commerce vá aumentar cada vez mais. Cerca de 60% da população da União Europeia com as idades compreendidas entre os 16 e 74 anos efetuaram compras online durante o ano de 2019, uma ligeira subida face aos 56% registados em 2018, e um aumento de quase o dobro face aos 32% em 2009.

A faixa etária com o maior aumento na realização de compras online está entre os 25 e 34 anos, um aumento de 46% em 2009 para 79% em 2019.

Face aos membros da União Europeia, os países que registam um volume de negócios mais elevado no comércio online são a Dinamarca, a Suécia, a Holanda e a Alemanha.

A pandemia veio revolucionar o comportamento dos consumidores e como tal as empresas devem ser capazes de se adaptar, caso contrário vão perdendo o seu valor. De acordo com uma análise do Group M – que agrega o grupo de agências de meios da WPP -, os portugueses passam mais 62% do seu tempo na internet.

Em Portugal, segundo o estudo da Group M, em abril, estimou que o efeito da pandemia gerou um acréscimo nas vendas online de cerca de 60% face aos valores de 2019. Durante o período de crise pandémica, a Sociedade Interbancária de Serviços (SIBS) anunciou que o valor médio das compras online aumentou 18%.

Estamos perante um cenário em que as empresas sem um canal de e-commerce competente viram o seu volume de negócios ser prejudicado pela nova metodologia utilizada face à situação pandémica. Para as empresas portuguesas, o crescimento online deixou de ser uma opção e passou a ser um mecanismo determinante para estabelecer relações com os seus consumidores. Estudos mais recentes realizados pela BCG mostram que, após o período de confinamento, vai existir um grupo de consumidores que vão optar pelas compras online em vez de se deslocarem às lojas físicas.

Através do comércio digital é possível obter inúmeras oportunidades de compra em milhares de lojas em todo o mundo. Isto é, com o aumento de oportunidades, vai existir um aumento da sua competitividade de forma drástica.

Apesar da queda de muitos setores, o setor retalhista é dos que pode tirar mais proveito desta mudança de paradigma. De modo a aproveitar este crescimento, as empresas vão ter que se adaptar e é necessário uma resposta logística relacionada com os mecanismos utilizados na venda dos seus produtos, tais como a gestão de inventários, a sua distribuição e ainda devem utilizar ferramentas analíticas que sejam capazes de prever os níveis de procura de modo a assegurar a sua capacidade de resposta.

As empresas enfrentam também um novo desafio no mundo digital onde a experiência do consumidor é fulcral para o seu negócio. Assim, para que a empresa consiga ter sucesso em reter o consumidor de modo a este efetuar alguma compra, a empresa deve procurar oferecer uma experiência de primazia através de um design simples e intuitivo, tempos de processamento rápidos e com várias alternativas de pagamento.

Em suma, a situação pandémica atual exige uma presença sólida no comércio online, e pode agora atingir valores que justificam a aposta no mundo online muito mais atrativa do que até agora. As empresas que pretendam aumentar ou mesmo manter a sua competitividade devem procurar aumentar os seus negócios online e oferecer aos seus consumidores a melhor experiência possível.

 

João Davide Figueiredo Martins

 

Bibliografia

https://ec.europa.eu/eurostat/web/products-eurostat-news/-/DDN-20200420-2

https://expresso.pt/coronavirus/2020-04-16-Covid-19.-Portugueses-compram-e-gastam-mais-na-internet

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

Sem comentários: