O
hidrogénio é obtido através de um processo chamado eletrólise, que separa o
hidrogénio do oxigénio (moléculas que constituem a água) através de
eletricidade. Se esta eletricidade for obtida através de fontes renováveis,
obtemos hidrogénio verde, sem qualquer emissão de dióxido de carbono, tanto
durante a sua combustão como durante a sua produção.
Sendo uma alternativa válida ao
gasóleo e gasolina, este combustível é uma fonte de energia limpa que ajudará à
descarbonização do planeta, que é urgente tendo em conta o agravamento das
alterações climáticas e a crescente procura por energia.
Fonte: EDP
Além de sustentável, o hidrogénio
verde é fácil de armazenar e de transportar, no entanto, há muitas controvérsias
relativamente a este assunto e ao investimento nesta energia pelo facto de a
sua produção exigir um maior gasto de energia e um custo mais elevado e, ainda,
muitos cuidados com a segurança pelo facto de ser bastante inflamável.
Este tema tem os dois lados da moeda:
de um lado, estão os que são totalmente a favor da inovação e do aproveitamento
das mais-valias do nosso país; e, do outro, temos os mais céticos, que não
apoiam o investimento precoce por parte de Portugal, dos portugueses.
A energia que o hidrogénio nos pode
fornecer tem uma utilidade ilimitada em todos os setores: desde a indústria até
às nossas casas, para empresas e cidadãos, pelo mundo fora. Claramente, a sua produção
e a substituição de outros combustíveis pelo hidrogénio exigirá muita
investigação e grandes investimentos, o que levará o seu tempo. Contudo, tendo
em vista, para o futuro, uma economia verde e considerando os compromissos que
Portugal, a Europa e vários países de todo mundo assumiram para a neutralidade
carbónica (PNEC2030 e RNC2050), devemos encarar de frente os desafios
tecnológicos e financeiros e não temer a transição energética e o
desenvolvimento de novos modelos de negócio porque, queiramos ou não, serão uma
realidade.
Este elemento tão simples tem uma
enorme capacidade para revolucionar o mundo e pode ser obtido através da
utilização de águas residuais. A título de exemplo, será capaz de reduzir as
emissões de carbono dos veículos ligeiros de 50 a 90% em relação aos atuais níveis
(movidos a gasolina), dos especializados em mais de 35% e, no que diz respeito
aos autocarros, permitirá uma poupança de combustível de 1,5 vezes maior do que
os autocarros a diesel e de 2 vezes maior do que os autocarros a gás natural. No
gráfico abaixo podemos observar as emissões de gases com efeitos de estufa
provenientes dos transportes em alguns países da UE-27. Portugal encontra-se na
12ª posição, tendo emitido mais de 17 mil toneladas de dióxido de carbono no
setor dos transportes, em 2018.
Fonte: PORDATA
No final de julho, foi aprovada, em
conselho de ministros, a Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2), que
pretende “promover a introdução gradual do hidrogénio numa estratégia mais
abrangente, de transição para uma economia descarbonizada”. Esta prevê, até
2030: investimentos entre os 7 e os 9 mil milhões de euros; uma redução das
importações de gás natural entre 380 a 740 milhões de euros; e a criação de
8500 a 12000 novos empregos, diretos e indiretos. Neste contexto, destaca-se “a
criação de um projeto âncora de produção de hidrogénio verde, em Sines”, sendo
uma localização estratégica não só pela existência do porto marítimo, que
facilitará a exportação, mas também pelo potencial das energias renováveis
(eólica e solar) que serão utilizadas na produção de hidrogénio. Considerando
que o custo da energia terá um peso significativo no preço do hidrogénio,
Portugal encontra aqui a sua vantagem competitiva, visto que tem o preço mais
baixo de energia solar do mundo.
Posto isto, não é difícil de perceber
que, de facto, o hidrogénio será um elemento essencial para a trajetória da
neutralidade carbónica de todo o mundo, com uma contribuição verdadeiramente
relevante, e que Portugal poderá ter um importante papel na produção do mesmo.
Portanto, deverá, na minha opinião, apostar e investir na produção de
hidrogénio, tendo em vista não só o alcance dos objetivos ambientais mas também
a ambição por um possível crescimento económico e por melhores oportunidades.
Bruna Ferreira
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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