A
atual pandemia teve forte impactes a nível económico, social, político e
cultural por todo o mundo. Neste trabalho, vou falar do impacte no setor desportivo,
que foi tão elevado que apenas se pode comparar ao período da 2ª Guerra Mundial.
Numa visão universal, a pandemia parou o mundo desportivo, competições como a
Champions League, NBA, NFL, Euro 2021, Jogos Olímpicos, Formula 1, Moto GP,
Roland Garros, entre outras, foram suspensas e com elas todas as receitas dos
clubes e federações, e economias envolventes, como o turismo, apostas
desportivas, comunicação social, transportes e pequenos negócios associados.
Estas competições foram retomadas, mas com várias condicionantes, sendo a
ausência de público a principal, na maior parte delas.
Em
Portugal, o setor do desporto, por si só, não tem um impacte significativo
direto no PIB (cerca de 1,2%, segundo os dados mais recentes do INE referentes
a um estudo realizado no período de 2010-2012), mas é bastante importante não a
nível da saúde, educação, desenvolvimento pessoal, social e a nível económico,
pois é um gerador de empregos (representa cerca de 1,4% do emprego, de acordo
com os mesmos dados acima referidos) e ainda funciona como um impulsionador de
diversos negócios e serviços que lhe estão associados. Sendo o futebol o desporto com mais
importância em Portugal, os dados do meu trabalho serão maioritariamente
relativos a esta modalidade.
Devido
à pandemia, o futebol português irá ter uma perda no valor das receitas de 350
a 400 milhões de euros, segundo a previsão do presidente da Federação
Portuguesa de Futebol. As principais receitas afetadas que justificam a perda
destes valores são a ausência de adeptos, que afeta a bilheteira, a retração do
investimento de patrocinadores e outros investidores, a diminuição das receitas
das transferências devido ao decréscimo dos valores do mercado e, ainda, das
receitas televisivas, que diminuíram apesar do esforço de operadoras como a
Sport TV, Vodafone e NOS, que continuaram a pagar o que estava estabelecido. Além
deste impacte direto na economia portuguesa por via do desporto, Portugal
também perdeu possíveis receitas pois, este ano, acolheu jogos da Champions
League, irá acolher etapas da Fórmula 1 e ainda da Moto GP, o que, numa
situação normal, geraria enormes receitas para as economias locais e
impulsionaria o turismo. Outra consequência negativa da pandemia no desporto
foi que apenas os escalões seniores foram autorizados a voltar à competição,
sendo que a formação de todas as modalidades ainda está à espera de poder competir.
Este problema afeta um pouco as receitas de alguns clubes, mas o mais
prejudicial será o atraso no desenvolvimento das competências desportivas, pessoais
e os efeitos na saúde dos atletas.
Obrigados
a tomar medidas imediatas para sobreviver, os clubes e associações tiveram de
optar por soluções como o lay-off,
cortes negociados com os jogadores e restantes profissionais dos clubes, aposta
no marketing e no digital para possíveis vendas online dos artigos do clube, adiamento do pagamento de dívidas,
possíveis parcerias com clubes mais capitalizados, procura de novos investidores
e SAD`s, tentativa de venda dos jogadores com salários muito elevados e ainda a
aposta nos jogadores formados no clubes.
Na
minha opinião, o setor do desporto está a crescer, inclusivamente em Portugal,
onde ainda não lhe é atribuída a devida importância, sendo que este tem um
impacte positivo na sociedade e na economia. Com a pandemia, o desporto foi
muito afetado no nosso país e por isso acho determinante a aplicação das
seguintes medidas externas: primeiramente, acho crucial que a DGS não se mostre
tão rígida quanto aos esforços dos clubes para a entrada condicionada de
adeptos nos estádios e recintos desportivos, apelando à responsabilidade social
das pessoas; defendo, também, que o estado deveria aplicar alguns fundos neste
setor e criar medidas de apoio ao desporto, como a redução dos encargos dos
clubes em policiamento nas competições; por outro lado, também é importante a
criação de soluções internas, tais como a aposta por parte dos clubes nas
tecnologias e no marketing digital, como a criação de um site oficial, divulgação do mesmo através de meios como as redes
sociais, e venda dos seus artigos a partir deste. Esta solução poderá gerar
aumento nas receitas pois, acredito que os artigos chegarão a mais pessoas, e leva
à diminuição de gastos com as lojas físicas.
Esta
medida antes enunciada é ainda uma solução para uma possível segunda vaga que
volte a pôr o desporto “de quarentena”, na medida em que permitirá o negócio online. Outra medida poderá ser a
imposição de limites salarias. Por fim, acho que os clubes deveriam pensar a
longo prazo e adotar medidas sustentáveis, como apostar nos jogadores formados
nos próprios clubes pois são ativos baratos e com grande potencial de
valorização, além disso os atletas portugueses seriam cada vez mais valorizados
e, consequentemente, os clubes e respetivas economias.
Fernando Marques
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário