domingo, 18 de outubro de 2020

O Envelhecimento Populacional

De acordo com o relatório Global Health and Aging, apresentado pela World Health Organization (WHO), estima-se que o número de pessoas com mais de 65 anos cresça de 524 milhões em 2010 para cerca de 1,5 biliões em 2050, com a maior parte deste crescimento a vir dos países em desenvolvimento.



 Em 2050, prevê-se que o número de pessoas com idade igual ou superior a 65 anos seja bastante superior ao de crianças com menos de 5 anos.

Acerca de 100 anos as pessoas viviam, em média, até aos 30 anos. Em 2020, a esperança média de vida é de 73,2 anos. As mulheres em Hong Kong e no Japão vivem mais que qualquer outra pessoa no mundo, com uma esperança média de vida de cerca de 88 anos. Na Nigéria e Serra Leoa, por outro lado, homens e mulheres vivem, em média, cerca de 55 anos.

De acordo com o Berlin Institute of Population and Development, populações pertencentes a regiões predominantemente ricas vivem, em média, mais 17 anos que aqueles que vivem em África.



A composição e dimensão de uma população é determinada por três fatores demográficos: natalidade, mortalidade e migração. Como referido anteriormente, a esperança média de vida tem aumentado substancialmente desde 1950. Isto pode ser explicado pelo progresso tecnológico, melhores condições de vida, maior educação e rendimentos, maior acesso a cuidados de saúde, entre outros. Por outro lado, as taxas de natalidade têm diminuido. Esta diminuição pode ser explicada pelo maior nível educacional (especialmente das mulheres), a diminuição da taxa de mortalidade infantil, a urbanização, métodos contracetivos mais acessíveis e baratos, entre outros.

Embora estes dois fatores sejam os principais causadores do envelhecimento populacional, a migração internacional é também um determinante importante. Em países com elevados fluxos de imigração, o processo de envelhecimento populacional pode ser abrandado temporariamente, uma vez que os imigrantes tendem a ser mais jovens.

Por exemplo, no caso dos EUA o envelhecimento populacional é mais lento que o dos seus parceiros comerciais na Europa e Ásia. Isto acontece porque os EUA é o país com o maior número de imigrantes (cerca de 50 milhões). Estes imigrantes contribuem para o aumento das taxas de natalidade. Entre 1960 e 2005, os imigrantes e seus descendentes constituíam 51% do crescimento populacional nos EUA. Entre 2005 e 2020, constituirão 82% desse crescimento.

As implicações económicas e sociais do envelhecimento populacional estão a tornar-se cada vez mais presentes, com problemas como a diminuição da população ativa, o aumento dos custos de cuidados de saúde, dificuldade em pagar pensões, entre outros.

O rápido envelhecimento populacional implica um menor número de pessoas a participar na força laboral. Isto leva a uma escassez na oferta de trabalhadores qualificados. Esta situação provoca o declínio da produtividade, maiores custos com o fator trabalho, lenta expansão dos negócios e reduzida competitividade internacional.

Para compensar, muitos países consideram a imigração como solução para “abastecer” as suas forças de trabalho. A Austrália, o Canadá e o Reino Unido são exemplos de países que mais atraem imigrantes com elevadas competências.

Ainda, uma vez que a procura de cuidados de saúde aumenta com a idade (prevalência de doenças crónicas), países com um elevado  envelhecimento populacional precisam de alocar mais dinheiro e recursos aos sistemas de saúde. Isto é difícil de fazer uma vez que a despesa em saúde como % do PIB já é muito elevada nos países desenvolvidos.

Para além disto, o sistema de cuidados de saúde também apresenta problemas de falta de profissionais, aumento da procura de cuidados domiciliários e a necessidade de investir em novas tecnologias.

Outro problema é que países com populações mais envelhecidas dependem da força laboral para pagar impostos, de modo a financiar os custos com a saúde, as pensões, etc.

Algumas soluções para o envelhecimento populacional são: a imigração, como já referi; um sistema de reforma gradual, onde as pessoas diminuem as horas de trabalho, mas permanecem na população ativa e a pagar impostos (diminuem também as despesas com pensões); e promover e recompensar o trabalho voluntário e artístico entre idosos.

Estas atividades melhoram a qualidade do tecido social, contribuem para o bem-estar dos seus participantes, favorecem a economia e reduzem os custos de saúde, uma vez que, prevenindo o isolamento social, as pessoas apresentam taxas mais baixas de deterioração física e mental.

Ana Amorim Marques

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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