É do
conhecimento comum que existiam preocupações ambientais muito evidenciadas na
sociedade muito antes de existir a pandemia de Covid-19. Para termos uma noção,
em março, na Europa, registou-se uma temperatura média de quase dois graus
acima da média registada entre 1981 e 2010. Mas, será que com a pandemia houve
impactes significativos no meio ambiente ou é apenas uma especulação que não
passa de uma realidade verificada a curto prazo?
Quando começou a pandemia ou, mais
concretamente, o confinamento, foi possível observar ruas vazias, empresas
fechadas e muito menos movimento nas estradas. Estávamos perante cidades quase
desertas. Com a Europa praticamente parada, conseguimos observar um impacte positivo
no meio ambiente, na qualidade do ar de vários países, nomeadamente França e
Itália, em que foi possível observar, através de imagens de um satélite
(Sentinel-5P) que os níveis de poluição do ar com dióxido de nitrogénio
diminuíram.
O diretor do serviço de monitorização da
atmosfera do programa Copernicus, Vincent-Henri Peuch, que tem uma visão
receosa quanto ao futuro diz o seguinte: “Não creio que possamos dizer que vai
haver um impacte a longo prazo desta redução. No entanto, a curto prazo, acho
que essas reduções são úteis”. Podem ser úteis a nível da saúde cardiopulmonar,
assim como diminuir a propagação do vírus, apesar deste último não apresentar
um consenso científico. Contudo, e apesar dessas reduções poderem ser úteis a
curto-prazo, acho que poderemos voltar à situação inicial visto que, no momento
atual e com o regresso ao trabalho e às aulas, cada vez mais pessoas estão a trocar
o uso dos transportes públicos pelo uso do seu transporte pessoal para se
sentirem mais seguras e estarem menos expostas.
Para corroborar o que foi dito
anteriormente, temos a explicação de Oksana Tarasova, responsável pelo
departamento de investigação de Ambiente Atmosférico da Organização
Meteorológica Mundial, que refere que “não são as emissões anuais que
determinam os níveis (de dióxido de carbono atmosférico), é toda a acumulação
de CO2 na atmosfera desde o período pré-industrial que realmente
forma o nível atual”. Isto faz todo o sentido na minha opinião, porque não
seriam alguns meses com um nível de poluição do ar menor que iriam fazer
diferença para a atualidade até porque, como a economia não pode estar parada
indefinidamente, as pessoas teriam obrigatoriamente de retomar a sua vida
“normal”. Para além disso, pode não ser do interesse de algumas empresas
dedicarem o seu tempo a políticas ambientais neste momento porque o que
realmente lhes interessa é tentar recuperar a nível económico devido ao tempo
em que estiveram fechadas.
Paralelamente a esta questão, é importante
falar sobre outro problema que decorre do descartamento indevido de máscaras e
luvas que têm sido muito usadas nestes últimos meses e que está a pôr em risco
a vida marinha e os oceanos. Acho muito importante as pessoas levarem isto em
consideração porque se trata de um problema muito grave neste momento na nossa
sociedade e que tem deixado os ambientalistas em alerta.
Concluindo, será de destacar que, apesar de
ter havido uma melhoria na qualidade do ar nos tempos de confinamento, penso
que não se prolongará no futuro e, por isso, tal como com as questões do
descartamento mal feito de máscaras e luvas, é preciso repensar as questões
ambientais porque não vão deixar de existir devido à crise.
Ana
Catarina Freitas Gonçalves
Referências:
Wilks, Jeremy. Covid-19: o impacto da pandemia no meio ambiente. Disponível em: https://pt.euronews.com/2020/04/13/covid-19-o-impacto-da-pandemia-no-meio-ambiente. Acesso em: 12/10/2020.
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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