sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Covid-19 e o seu Impacte Ambiental na Europa

   É do conhecimento comum que existiam preocupações ambientais muito evidenciadas na sociedade muito antes de existir a pandemia de Covid-19. Para termos uma noção, em março, na Europa, registou-se uma temperatura média de quase dois graus acima da média registada entre 1981 e 2010. Mas, será que com a pandemia houve impactes significativos no meio ambiente ou é apenas uma especulação que não passa de uma realidade verificada a curto prazo?

  Quando começou a pandemia ou, mais concretamente, o confinamento, foi possível observar ruas vazias, empresas fechadas e muito menos movimento nas estradas. Estávamos perante cidades quase desertas. Com a Europa praticamente parada, conseguimos observar um impacte positivo no meio ambiente, na qualidade do ar de vários países, nomeadamente França e Itália, em que foi possível observar, através de imagens de um satélite (Sentinel-5P) que os níveis de poluição do ar com dióxido de nitrogénio diminuíram.

  O diretor do serviço de monitorização da atmosfera do programa Copernicus, Vincent-Henri Peuch, que tem uma visão receosa quanto ao futuro diz o seguinte: “Não creio que possamos dizer que vai haver um impacte a longo prazo desta redução. No entanto, a curto prazo, acho que essas reduções são úteis”. Podem ser úteis a nível da saúde cardiopulmonar, assim como diminuir a propagação do vírus, apesar deste último não apresentar um consenso científico. Contudo, e apesar dessas reduções poderem ser úteis a curto-prazo, acho que poderemos voltar à situação inicial visto que, no momento atual e com o regresso ao trabalho e às aulas, cada vez mais pessoas estão a trocar o uso dos transportes públicos pelo uso do seu transporte pessoal para se sentirem mais seguras e estarem menos expostas.

    Para corroborar o que foi dito anteriormente, temos a explicação de Oksana Tarasova, responsável pelo departamento de investigação de Ambiente Atmosférico da Organização Meteorológica Mundial, que refere que “não são as emissões anuais que determinam os níveis (de dióxido de carbono atmosférico), é toda a acumulação de CO2 na atmosfera desde o período pré-industrial que realmente forma o nível atual”. Isto faz todo o sentido na minha opinião, porque não seriam alguns meses com um nível de poluição do ar menor que iriam fazer diferença para a atualidade até porque, como a economia não pode estar parada indefinidamente, as pessoas teriam obrigatoriamente de retomar a sua vida “normal”. Para além disso, pode não ser do interesse de algumas empresas dedicarem o seu tempo a políticas ambientais neste momento porque o que realmente lhes interessa é tentar recuperar a nível económico devido ao tempo em que estiveram fechadas.

    Paralelamente a esta questão, é importante falar sobre outro problema que decorre do descartamento indevido de máscaras e luvas que têm sido muito usadas nestes últimos meses e que está a pôr em risco a vida marinha e os oceanos. Acho muito importante as pessoas levarem isto em consideração porque se trata de um problema muito grave neste momento na nossa sociedade e que tem deixado os ambientalistas em alerta.  

   Concluindo, será de destacar que, apesar de ter havido uma melhoria na qualidade do ar nos tempos de confinamento, penso que não se prolongará no futuro e, por isso, tal como com as questões do descartamento mal feito de máscaras e luvas, é preciso repensar as questões ambientais porque não vão deixar de existir devido à crise.

 

Ana Catarina Freitas Gonçalves

 

Referências:

Wilks, Jeremy. Covid-19: o impacto da pandemia no meio ambiente. Disponível em: https://pt.euronews.com/2020/04/13/covid-19-o-impacto-da-pandemia-no-meio-ambiente. Acesso em: 12/10/2020. 

  [artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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