O processo de transição para uma população mais
envelhecida tem sido um fenômeno contínuo e cada vez mais recorrente, que afeta
a maioria dos países Europeus. A população da EU-27 em 2019 era de cerca de 446,8
milhões de pessoas, sendo que a percentagem de indivíduos com mais de 65 anos
era de 20,3% (um acréscimo de 0,3 pontos percentuais comparado ao ano anterior,
e de 2,9 pontos percentuais em 10 anos), tendência que se prevê tornar mais
acentuada nas próximas décadas.
Este processo tem colocado
grande pressão sobre os países e as suas economias, especialmente nos países do
sul da Europa, em que a mais recente tendência demográfica demonstra um ritmo
de envelhecimento rápido e preocupante. Itália apresenta a mais elevada
percentagem de indivíduos com mais de 65 anos, em comparação com a população
geral, com cerca de 22,8%, seguida da Grécia com 22% e, por fim, com 21,8%,
Portugal e Finlândia.
De acordo com os dados
apresentados pelo Eurostat referentes
a 2019, o crescimento da percentagem relativa de pessoas mais envelhecidas pode
ser possivelmente explicado por diversos motivos sociais. O aumento da
longevidade é um padrão visível há algumas décadas e fortemente relacionado com
o aumento significativo da esperança de vida na maioria dos países, no qual o
avanço na tecnologia, o investimento na educação e maior acesso a cuidados de
saúde, podem ser algumas das explicações para o crescimento deste fenómeno.
Podemos, inclusive, referir o contributo dos níveis consistentemente baixos de
fertilidade ao longo dos anos, com cada vez menos nascimentos, e que desta
forma conduzem à diminuição da população mais jovem face à mais envelhecida. O
aumento da educação, o acesso abrangente a informação sobre saúde pública, taxas
de mortalidade infantil cada vez mais baixas, entre outros, são explicações
plausíveis. Existe ainda uma última explicação para esta drástica mudança das
estruturas etárias, e essa seria a migração internacional. A saída de
indivíduos mais jovens e em idade fertil, não compensada pela entrada de
imigrantes, conduz ao contínuo declínio de população jovem e, consequentemente,
a menos nascimentos.
Dados os fatores referidos
anteriormente, a previsão futura é de um contínuo envelhecimento, e aumento
significativo da população mais idosa, o que desencadeia um conjunto de impactes
sociais, culturais e econômicos significativos, que levaram à necessidade de um
ajustamento urgente a este contexto. O impacte na sustentabilidade económica é
uma questão preocupante para os países do sul da Europa, que verificam uma
redução progressiva da força de trabalho, e pressão nos sistemas de segurança
social, entre outros.
O serviço nacional de saúde
Português emitiu um despacho com estratégias nacionais para o envelhecimento
ativo e saudável da população entre 2017 e 2025, em que são mencionadas linhas
orientadoras nas áreas da saúde, educação, segurança e investigação, para
melhorar a qualidade de vida das pessoas idosas. Em Itália foram conduzidos
estudos que levaram ao desenvolvimento de políticas que visam promover uma
maior qualidade de vida e maior estabilidade económica e social. Por fim, na
Grécia foram realizados estudos que alertaram para as condições precárias dos
idosos e uma urgente necessidade de repensar as políticas fiscais e migratórias
do país.
Assim, tendo em conta o que foi acima descrito, acredito que colocar em prática as políticas sociais, fiscais e migratórias podem ser fundamentais no abrandamento do envelhecimento. Promoção de estilos de vida saudáveis, maior vigilância e melhores cuidados permitiriam garantir um envelhecimento saudável. Algumas medidas que acredito que se mostrariam úteis seriam facilitar a integração da mulher no mercado de trabalho após dar à luz, políticas fiscais atrativas para investimento e imigração (especialmente dos mais jovens), acesso geral a cuidados infantis poucos dispendiosos ou gratuitos, e diminuir cargas fiscais impostas às famílias.
Vera Araújo
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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