sábado, 31 de outubro de 2020

Aposta nas energias renováveis em Portugal: prós e contras

 

Hoje em dia, estamos inseridos numa sociedade onde cada vez mais o meio ambiente é o palco das principais preocupações devido ao processo de consciencialização ecológica que tem sido levado a cabo ao longo dos últimos anos.

 Portugal, apesar das suas dimensões reduzidas, conta com condições geográficas que permitem a exploração dos recursos naturais renováveis para a produção de energia, promovendo, assim, a eficiência e a sustentabilidade do setor. Como resultado dessas condições naturais favoráveis, existe cada vez mais uma perspetiva de possibilidade de que o consumo elétrico em Portugal seja inteiramente feito recorrendo apenas a recursos renováveis. Porém, sendo por vezes a discussão em torno deste tópico polémica, este artigo pretende expor algumas das vantagens e desvantagens na utilização destas novas energias para que depois se possa debater a possibilidade de existência de um futuro para as mesmas.

Focando, numa primeira instância, esta discussão de vantagens e desvantagens numa ótica económica, a mais evidente razão para a introdução destas energias no cenário português prende-se com a elevada dependência externa do país. Isto, por sua vez, deve-se ao facto de Portugal possuir escassos recursos energéticos endógenos, nomeadamente, aqueles que asseguram a generalidade das suas necessidades energéticas (como o petróleo, carvão e o gás natural). A solução, porém, passa por aumentar a contribuição das energias renováveis -  hídrica, eólica, geotérmica, biomassa, ondas e marés - conferindo assim a autonomia energética do país.

Por outro lado, de acordo com o Fórum Económico Mundial, em alguns países, a indústria de energia renovável atingiu o chamado ponto de inflexão, isto é, o custo de produção associado às energias renováveis é o mesmo – ou até menor – que aquele associado às fontes derivadas de combustíveis fósseis.

Adicionalmente, pode ser também referido que a implementação destas energias conduz à investigação em novas tecnologias que melhor permitem a eficiência energética e respetiva sustentabilidade do setor. Consequentemente, este aperfeiçoamento constante do setor da energia renovável tem aumentado o seu grau de competitividade. Assim, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), esta indústria já é responsável pela criação de novos postos de trabalho quando comparada com a indústria de combustíveis tradicionais.

Passando o foco desta análise para o plano ambientalista, é possível argumentar que o impacte das energias renováveis no planeta e respetivo equilíbrio é menor do que o provocado pelas fontes de energia com origem nos combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás), uma vez que não produzem dióxido de carbono ou outros gases com “efeito de estufa”, reduzindo assim a pegada ecológica do país, tornando-se, portanto, numa solução para evitar a degradação ambiental.

No entanto, estão também associado a esta energia limpa elevados custos iniciais de investimentos devido à especificidade e complexidade das infraestruturas necessárias, o que pode tornar a produção desta energia onerosa.

Por outro lado, fontes de energias renováveis (vento, água e luz solar), estão sujeitas à imprevisibilidade da natureza. Como resultado, elevada escassez dos mesmos, por longos períodos, impossibilita a produção de energia. Assim, o risco de diminuição da produção de energia de fontes renováveis pode comprometer o abastecimento da população.

Concluo, porém, este meu raciocínio opinativo por afirmar que as energias renováveis são o futuro que Portugal já há muito e bem o iniciou. Apesar de apresentarem elevados investimentos e custos, possibilitam também a produção de uma energia limpa que protege o ambiente e, considerando também uma ótica económica, diminui a dependência externa energética portuguesa, fomenta a pesquisa em I&D, ao mesmo tempo que cria novos postos de emprego.

Mariana Rodrigues de Miranda Castro Coelho

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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