segunda-feira, 26 de outubro de 2020

O SISTEMA DE SAÚDE DOS E.U.A.: RESULTARIA A SUA ADOÇÃO EM PORTUGAL?

 

Ao contrário do que acontece na grande maioria dos países europeus, incluindo Portugal, os Estados Unidos da América apresentam um sistema de saúde maioritariamente privado, no qual, com a exceção de alguns idosos, pessoas com deficiência e famílias com baixos rendimentos, todos devem ser portadores de um seguro/plano de saúde, visto que, caso sejam tratados em contexto de emergência e não o tenham, serão responsabilizadas por todos os gastos médicos. No entanto, visitas médicas e alguns pagamentos extra, consoante o tratamento a que forem sujeitos, não são cobertos pelo seguro referido. Em alguns casos, o plano de saúde pode alcançar os 1.168 dólares por mês, para uma família. Este valor pode variar no espaço, sendo que algumas cidades maiores apresentam valores para os planos de saúde mais elevados do que aqueles para pessoas que habitam em cidades menores.

Normalmente, as pessoas conseguem ter acesso a um plano de saúde através do seu empregador, podendo este cobrir parte do plano ou a sua totalidade, ficando a cargo do indivíduo alguns custos extraordinários, ou, no caso das crianças, ter esse benefício ao estarem matriculadas numa escola.

Por outro lado, os sistemas de saúde públicos apresentam algumas diferenças. Nestes não é necessário obter um plano ou seguro de saúde, pelo que teremos acesso a consultas e tratamentos onde apenas teremos de pagar um valor simbólico, tal que o valor é comparticipado em parte pelo Estado, podendo ser total para alguns casos, como o de alguns reformados e doentes crónicos. Através deste sistema, procura-se a promoção da saúde pública e melhoria da saúde dos indivíduos constituintes do sistema. As pessoas podem optar por escolher o setor privado da saúde, quando assim o pretenderem. A equidade do sistema de saúde é promovida pela comparticipação do Estado, onde as famílias com menores rendimentos irão ser mais ajudadas.

Após uma análise teórica dos sistemas de saúde, como o americano e o público (tipicamente europeu), concluo que, em comparação, uma família “normal”, que não tenha graves problemas de saúde, tem muitos mais gastos num sistema privado do que num sistema público. Ou seja, na minha opinião, nos países onde os rendimentos são maiores, não se torna tão necessária a existência de um sistema de saúde público tão difundido dentro da população, pelo que as pessoas terão mais capacidade de sustentar as suas despesas, especificamente no setor da saúde, tal como acontece nos E.U.A.. Por outro lado, Portugal, por ter uma população mais envelhecida e não ser um país com rendimentos médios elevados, a qualidade dos serviços de saúde prestados não seria acessível à grande maioria da população portuguesa. Desta forma, faz todo o sentido que o sistema de saúde em Portugal seja maioritariamente público. Por outro lado, caso o sistema de saúde passasse a ser na sua maioria privado, o Estado iria incorrer em menos despesas, o que poderia ajudar a equilibrar as contas públicas, no entanto, a população iria ficar mais desfavorecida economicamente, pelo que mais gastos iriam recair sobre os agentes individuais. Por outro lado, a saúde pública, que advém da saúde individual iria ficar mais frágil, uma vez que as pessoas iriam desvalorizar os seus sintomas e a sua condição pessoal, pelos maiores gastos que iriam ter de sustentar, o que ultimamente iria revelar-se pior para um país como Portugal.

 

Diogo Araújo

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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