A repentina mudança para o trabalho remoto, durante a pandemia da Covid 19, veio alterar a forma de trabalhar agora e no futuro. Assim como se assistiu a uma transformação com a crise que se viveu durante a grande depressão de 1929 - salário mínimo, a redução do tempo semanal de trabalho, seguro contra o desemprego - também, a pandemia que atravessamos, quase um século depois, mudará para sempre a vida do trabalhador e dos empresários.
Na verdade, essas mudanças organizacionais já se fazem sentir. Um dos grandes exemplos disso é o regime de teletrabalho.
Mas o que é isto de teletrabalho? Qualquer definição de teletrabalho assenta em dois aspetos essenciais: o facto de se exercer à distância e o facto de implicar a utilização de novas tecnologias e Internet. O teletrabalho é agora uma palavra que faz parte do vocabulário de muitos portugueses e que, dadas as circunstâncias, na minha opinião, vai perdurar.
No segundo trimestre de 2020, o número de teletrabalhadores em Portugal cresceu 23,1%, para mais de um milhão (1094,4 mil pessoas). Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), destas, 998,5 mil pessoas (91,2%) indicaram que a principal razão de terem trabalhado a partir de casa foi a pandemia do COVID-19. Comparando as horas trabalhadas, conseguimos perceber que não há grande diferença entre trabalhar “dentro ou fora de casa”. A mesma fonte constatou que, “quem não esteve ausente e trabalhou fora de casa, trabalhou em média 36 horas semanais e quem não esteve ausente e trabalhou a partir de casa, trabalhou 35 horas semanais”, e referiu ainda que os trabalhadores que podem trabalhar a partir de casa ganham mais 56% do que o salário recebido por quem tem que se deslocar ao local.
Num contexto internacional, várias empresas, como a Google, a Microsoft, Spotify, entre outras multinacionais, alargaram a sua política do trabalho a partir de casa e Mark Zuckerberg, criador do Facebook, já informou as suas equipas que podem “teletrabalhar” até ao final de 2020, regressando aos seus escritórios apenas em 2021.
Este cenário apresentado, tem vantagens para os colaboradores, para as organizações e para a sociedade em geral. Na perspetiva dos colaboradores, destaca-se a redução dos custos nas deslocações, as oportunidades de trabalho e o horário flexível. Para as entidades empregadoras, a poupança nos custos (rendas, eletricidade, água, manutenção do espaço), o aumento da produtividade e turnos mais flexíveis são algumas vantagens. Contudo, o estar permanente “ligado” e o isolamento social não é algo de muito positivo neste contexto.
Neste sentido, o sentido híbrido, presencial e remoto, permite combater esse risco e é apontado como uma nova tendência para o futuro das novas gerações de trabalho em que se admite a possibilidade de teletrabalho. No futuro, acredito que nunca mais será como antes e que a tendência verificada veio para ficar.
João Manuel Martins da Silva
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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