Em
Portugal, o turismo representava cerca de 10% do PIB do país. De facto, este
setor é uma fonte chave de emprego e um grande componente na atividade
económica exportadora do país. Devido à posição que o país tem vindo a ganhar
como destino turístico, nos
últimos anos, o emprego neste setor aumentou significativamente.
Dados de 2019 da World Travel & Tourism Council mostram que o turismo, direta ou
indiretamente, empregava 20% dos novos empregados em Portugal. Se, por um lado,
o turismo tinha vindo a criar milhares de postos de trabalho nos últimos anos,
o turismo tinha também vindo a contribuir para a igualdade de género: 58% dos trabalhadores do
turismo eram mulheres. Também este setor era um dos setores mais empreendedores
da economia nacional: 22% das pessoas empregadas no turismo trabalhavam por
conta própria. Por outro lado, 15% das pessoas empregadas no turismo tinham
menos de 24 anos, o que fazia deste setor uma grande oportunidade para os
jovens no mercado de trabalho.
Ainda
que o turismo em Portugal em 2019 tenha terminado com os indicadores a crescer,
a crise sanitária que estamos a atravessar veio abalar estes valores. O
progresso da pandemia COVID-19 teve e continua a ter impactos muito negativos
neste setor.
Por certo, restrições da mobilidade dos cidadãos e as medidas de confinamento implementadas tiveram como consequência uma redução significativa da procura turística mundial. Os impactos, efetivamente, ultrapassam aqueles que vivenciamos na crise financeira de 2008-2009.
Segundo
a OMT, se inicialmente a
previsão de quebra no turismo internacional seria na ordem dos 3%, mais tarde vieram
anunciar que a estimativa seria agora de recuar entre 20% e 30% no ano de 2020.
Esta queda poderá refletir-se numa perda entre os 290 e os 440 milhões de
turistas internacionais neste ano, sendo que poderá recuar a níveis semelhantes
aos dos anos 2012-2014.
Também, o WTTC aponta para uma perda
potencial de empregos de 75 milhões em todo o mundo. De facto, trata-se de um
choque no setor do turismo, assim como em outros setores, sem precedentes.
O turismo pós-COVID teve de fazer muitas adaptações às novas
realidades. Para que este setor não seja completamente esmagado por esta
realidade é necessário que os gestores deste setor, dada a incerteza deste
cenário pandémico, diminuam os custos, cortando em tudo o que não seja
essencial, e tentem encontrar alternativas para gerar receita. Só assim será
viável a sobrevivência destes negócios. Mesmo que o estado apoie estes
negócios, muitos irão fechar, certamente, porque a longo prazo tornar-se-á
inviável continuar com o estabelecimento aberto.
Dentro das decisões de reduzir custos está a dispensa de
colaborados e isto levará ao aumento do desemprego, o que já se tem vindo a
verificar. Se há investimento em que o turismo deve apostar agora é na
segurança, porque tudo isto é gerado pela insegurança das pessoas. As pessoas
precisam de confiar para avançar! Por exemplo, Portugal criou um selo Clean&Safe, em que quem aderir
assume o compromisso de cumprir os requisitos de segurança e higiene definidos
pela ANT segundo as orientações da DGS. Parecendo que não, ter este selo dá uma
maior segurança às pessoas nas suas estadias. Contudo, muita da insegurança,
para além de turística e sanitária, é também económica. Estamos todos com
receio de qual o rumo económico que isto irá tomar...
Dado que não há data prevista para uma vacina para a COVID-19, todos nós teremos de nos adaptar e ir aprendendo. Devemos tomar cuidados de higiene acrescidos e ser cautelosos nas decisões económicas, mas não podemos deixar a economia parar. Precisamos de nos ajudar uns aos outros e, com isto, ajudar este setor que é tão importante na dinâmica da economia nacional e na sua sustentabilidade.
Beatriz Carvalho Magalhães
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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