Brexit foi a designação atribuída à saída do Reino Unido da
União Europeia (doravante designada por UE), que era um objetivo político almejado
por alguns indivíduos,
grupos de interesse e partidos políticos desde
1973, o ano da sua adesão à Comunidade Económica e Europeia.
Após a realização de vários referendos, foi a 23 de junho de 2016, que se
realizou o último, cujo resultado foi favorável à saída do Reino Unido da UE,
porém só a 31 de janeiro de 2020 é que ocorreu a sua saída formal. Após a saída
oficial deste país da UE, iniciou-se um período de transição durante o qual ambas
as partes têm estado a negociar como serão as suas relações de cariz político,
económico e social a partir de 31 de dezembro de 2020.
O referendo realizado em 2016 tinha como questão subjacente a seguinte: “Deve
o Reino Unido continuar ou não na união de países europeus?", sendo que a
opção “Sim" era a favor da manutenção do país na UE e a opção "Não"
era contra a permanência deste na UE. Neste sentido, constata-se que existem
sempre duas perspetivas acerca do assunto em questão e, em face disso, algumas
personalidades com responsabilidades acrescidas no país tomaram as suas
posições, que vão ao encontro dos seus ideais. Assim, destacaram-se como
defensores da continuação do Reino Unido na UE David Cameron e Theresa
May e como grande opositor distinguiu-se Boris Johnson. No entanto, Theresa May
apenas sustentava esta posição no caso de a UE estar disposta a implementar algumas
modificações nas políticas praticadas.
Em primeiro lugar, os defensores do “Sim” alegavam que o Reino Unido, enquanto membro da
UE, evitava o pagamento de tarifas de exportação e de burocracias em termos
comerciais, obtendo assim melhores condições mercantis. Em segundo lugar,
referiam também que a aliança do Reino Unido com diversos países da Europa
tornava-o mais poderoso e que a sua dupla representação em cimeiras internacionais
e no parlamento europeu lhe conferia um maior grau de reconhecimento e de
influência no mundo. Do mesmo modo, Jeremy Corbyn, líder do principal partido
da oposição britânico, afirmou ainda que “A UE traz investimentos, emprego e
proteção aos trabalhadores e aos consumidores britânicos". Finalmente,
salientava-se que a saída do Reino Unido da UE causava algumas questões a nível
de segurança, nomeadamente uma preocupação acrescida relativamente à
possibilidade do país ficar mais suscetível a ataques de terrorismo.
Contrariamente, os apoiantes do Brexit alegavam que o país iria ter
mais oportunidades de negociação, dando-lhe possibilidades de estabelecer novas
relações comerciais, sem estar limitado à legislação da UE. Da mesma forma, estes
apoiantes acreditavam que o Brexit iria voltar a conferir poder decisivo
ao Reino Unido em áreas como o emprego, a saúde e a segurança. Finalmente, um
dos grandes objetivos do país com a sua saída da UE era alterar a política de “porta
aberta” para cidadãos europeus, que era considerada uma política dispendiosa e
fora do controlo, dificultando a chegada de imigrantes não europeus, que
poderiam contribuir de melhor forma para a economia do país.
Importa igualmente referir que, para além dos prós e contras existentes para
o Reino Unido originados pelo Brexit, surgiram também algumas consequências
do mesmo para a UE, nomeadamente a perda do contributo britânico para o
orçamento europeu, bem como a redução das relações recíprocas a todos os níveis,
através da deslocação de pessoas, bens, serviços e investimentos. Isto, inevitavelmente,
irá causar um condicionamento dos afluxos laboral e académico, como também da cooperação científica e cultural. Em termos políticos, poderá
verificar-se a ascensão da Alemanha como potência na UE, causando um possível declínio
do uso da língua inglesa em transações e, consequentemente, uma maior afluência
da língua alemã.
Com base no que foi apresentado, acredito que a retirada do Reino Unido da UE irá ter mais repercussões a longo prazo, seja nos países aderentes à mesma e nos seus cidadãos seja no Reino Unido. Assim, no que me diz respeito, acredito que a permanência do Reino Unido na UE teria sido uma escolha mais sensata, dadas todas as vantagens a nível económico, político e social que a união económica e política enverga. Por último, é essencial mencionar a pandemia que estamos atualmente a viver, na qual é importante reforçar a solidariedade e cooperação internacional, incluindo entre o Reino Unido e a UE.
Marta Navio dos Santos Costa
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário