Nos tempos atuais, a
realidade que todos nós conhecíamos viu-se mudada devido ao início da pandemia Covid-19.
Além de ter afetado o nosso dia-a-dia, esta afetou muitos dos setores presentes
na nossa vida.
Em Portugal, uma das
indústrias mais afetadas pela pandemia foi a futebolística. Note-se que, desde
março, entrou em vigor a proibição de adeptos nos estádios. Até ao dia, em
contexto de Covid-19, apenas em dois jogos foi permitido a volta do público às
bancadas, sendo que um jogo teve a lotação máxima de 30% e o outro viu esta
reduzida para 7,5%.
O impacte económico do
coronavírus no futebol português foi maior que o esperado, isto é, antes da
pandemia os clubes tinham como receitas as verbas de transmissões televisivas,
o merchandising e patrocínios,
receitas provenientes das bilheteiras, como também receitas das transferências
no mercado de jogadores. Estas receitas serviam para suportar os custos
elevados de salários de jogadores, staff técnico
e demais funcionários. Com a Covid-19, os clubes viram estas receitas
decrescerem, tornando assim as suas estruturas mais frágeis. São exemplos o
Sporting, o FC Porto e o Benfica, que se estima que podem perder mais de 27 milhões
por cada mês de paragem de futebol, segundo Alfredo Silva, professor da Escola
Superior de Desporto de Rio Maior, sendo que a queda nas bilheteiras pode
atingir uma perda real mensal de 4,3 milhões de euros.
Num plano mais geral, na
Europa, as perdas registadas são maiores, sendo que é esperado que, no pior dos
casos, “Muitos clubes percam a sua própria existência”, segundo Andrea Agnelli,
presidente da Juventus e da ECA. A ECA aponta, após estudo, que os clubes
europeus tenham perdas no valor de 4 mil milhões de euros. As quedas mais
acentuadas nas receitas dos clubes são previstas serem no mercado de
transferências, com uma quebra de 20 a 30%, e nas vendas de bilhetes, que com a
proibição de público nos estadios apresentou um recuo de 14%, sendo que a
próxima época deve apresentar uma descida de 38,5%.
Como maneira de combate a
esta crise de setor, muitos clubes tiveram de arranjar soluções para sobreviver
a este colapso. É o caso, nomeadamente, do clube Belenenses, que foi a primeiro
representante da I liga de futebol a formalizar o recurso parcial ao “lay-off”.
Outro exemplo que adotou este método foi o Sporting. Ao adotar o “lay-off”, os
clubes viram os salários serem reduzidos.
Não só em Portugal, mas também noutros clubes da Europa, os jogadores
viram os seus salários sofrerem cortes, como é caso do Barcelona, no qual houve
uma redução salarial de mais de 70% e, ainda, a suspensão temporária de muitos
contratos de trabalho.
Para além de os clubes
terem sido afetados, podemos também conferir que o Estado português teve as suas
receitas afetadas por esta crise financeira. Segundo a agência Lusa, devido aos
cortes salariais durante a pandemia, esta podia reduzir a receita tributária do
Governo entre a 5 e 6 milhões de euros por mês.
Por fim, podemos concluir
que esta indústria foi bastante afetada pela pandemia pois as suas receitas são
geradas maioritariamente pelo público e o setor de entretenimento. No entanto,
nestes tempos, a prioridade é a saúde pública. Defendo que a reabertura do público
aos estádios é um tópico bastante complicado, e para tal acontecer é necessário
cumprir todas as regras defenidas pela DGS, além de um acréscimo de
responsabilidade social e consciência pela visão geral das consequências da
Covid-19. Embora as medidas atuais não sejam suficientes para evitar o colapso,
tomar estas medidas é indispensável para a prevenção e apoio dos clubes.
Rita Maria de Paiva Peixoto
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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