Segundo o
Secretário-Geral da OMT, Zurab Pololikashvii, “O crescimento do turismo nos
últimos anos confirma que este sector é um dos principais impulsionadores de
crescimento económico e desenvolvimento”.
Há várias explicações
para o crescimento do turismo nos últimos anos, por exemplo, o maior rendimento
das famílias, a maior acessibilidade das viagens aéreas, o progresso
tecnológico, a conexão digital, e a maior abertura internacional, entre outros.
Segundo dados do World
Travel and Tourism Council, em 2019 o sector do turismo contribuiu 10,3% para o
PIB global e foi responsável pela criação de 330 milhões de empregos.
Muitos países dependem
fortemente do turismo como fonte de rendimento e emprego. No entanto, o turismo
também acarreta problemas, especialmente se não for bem gerido. Um grande fluxo
de visitantes pode gradualmente destruir a beleza, singularidade, tradições e
recursos das regiões turísticas.
De facto, o turismo
apresenta vantagens e desvantagens para os países. Quanto aos benefícios, o
principal é, sem dúvida, o económico, através da geração de receitas e criação
de empregos.
Existem, também,
benefícios a nível das infra-estruturas. O turismo fornece meios e incentivos
para o investimento em estradas, caminhos-de-ferro, aeroportos, instalações
médicas e de educação, entre outros. Verificam-se, ainda, vantagens a nível
ambiental. O turismo proporciona incentivos económicos para a preservação e
restauração das regiões, tanto as urbanas, como as rurais.
Finalmente, o turismo
permite o conhecimento de novas culturas e tradições, contribuindo para uma
maior consciência e aceitação social.
Infelizmente, o turismo
implica também alguns problemas para os países. A nível ambiental, apresenta
riscos de poluição, erosão e destruição de ecossistemas e, ainda, a
deterioração de edifícios antigos, monumentos e templos que não estão
preparados para receber um grande volume de turistas.
Outra desvantagem é a
comercialização das culturas locais, reduzindo-as, por exemplo, ao uso de
máscaras e vestes. Para além disso, os turistas muitas vezes não respeitam a
cultura e tradição das regiões, recusando-se a seguir os costumes locais, como
o vestir de forma apropriada, não estar intoxicado em público, entre outros.
Ainda, os empregos
criados pelo turismo (hotelaria, restauração, transportes, etc.) não requerem
qualificações elevadas, pelo que existem poucas perspectivas quanto a promoções
ou aumentos de rendimento no futuro. Além disso, os empregos relacionados com o
sector turístico são muitas vezes sazonais, o que implica uma grande
insegurança para o trabalhador.
Adicionalmente, a maior
parte da indústria turística dos países em desenvolvimento pertence a grandes
empresas estrangeiras, que ficam com a maior parte do lucro. Isto compromete a
sustentabilidade e o desenvolvimento das comunidades locais.
Existe, também, o risco
dos países e regiões se tornarem demasiadamente dependentes do turismo,
negligenciando outros sectores, o que deixa o país/região vulnerável a crises
económicas, instabilidade política e catástrofes naturais.
Tudo isto reforça a
importância da prática de turismo sustentável. Um relatório da UNWTO sobre a
saturação turística reconheceu a necessidade do sector garantir políticas
sustentáveis e práticas que minimizem os efeitos adversos do turismo no uso de
recursos naturais, infra-estruturas, mobilidade e congestionamento e, ainda, que
tenham em conta o seu impacte sociocultural.
O turismo sustentável deve,
então, proteger os ecossistemas e os recursos naturais aquando do desenvolvimento
e gestão de actividades turísticas; deve focar-se em experiências turísticas
que celebrem e conservem o património e cultura locais; e deve apoiar negócios
locais, criando, assim, benefícios socioeconómicos para as comunidades através
de empregos e oportunidades geradoras de rendimento.
Em Portugal, o turismo
tem tido um impacte muito positivo a nível de receitas e emprego, sendo a principal
indústria de exportações. Em 2017, foi criada a Tourism Strategy 2027 para garantir a sustentabilidade de longo
prazo deste sector. Esta estratégia apresenta 10 desafios para 10 anos. Alguns
desses desafios são: a promoção das qualificações dos empregos e a valorização
das pessoas, permitindo um aumento dos rendimentos dos profissionais do sector turístico;
o alargamento da actividade turística a todo o território e a promoção do turismo
como fator de coesão social; a expansão das actividades turísticas a todo o
ano, para assegurar a sustentabilidade do turismo; a estimulação da inovação e do
empreendedorismo; e garantir a preservação de recursos naturais e culturais;
entre outros.
Para concluir, reforço a
necessidade, por um lado, de uma consciencialização ambiental a vários níveis e
a importância de ser um viajante responsável (respeitar as comunidades, apoiar
o comércio local, viajar fora da época alta,…), e, por outro, da utilização da
tecnologia como instrumento de gestão de fluxos turísticos e de melhoria da
experiência tanto dos turistas como dos residentes.
Ana
Amorim Marques
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário