quarta-feira, 21 de março de 2012

As remessas dos emigrantes e o seu impacto na Economia Portuguesa

       Portugal fica marcado por ter sido, desde há vários séculos, um país de emigrantes. Os Portugueses rumavam em direção à Índia, ao Brasil, espalhando-se, mais tarde, pela Europa, nomeadamente França, Alemanha, Bélgica e Suíça, onde homens e mulheres ambicionavam melhores condições de vida, sobretudo alcançar uma situação socioeconómica mais favorável e, assim, proporcionar aos seus um futuro mais risonho.
            As remessas dos emigrantes, traduzidas no montante monetário que os mesmos enviam para o nosso país, são expressas através do saldo da balança de pagamentos e representam um papel importante na economia portuguesa, apesar de, por inumeras vezes, ser um assunto omitido. É possível, ainda, referir que essas mesmas remessas exibem valores superiores aos dos Fundos Comunitários, distribuídos pela União Europeia.
            Ao analisar os valores das remessas, e atendendo a um estudo publicado jornalisticamente através do “Público”, é possível estabelecer que os níveis das remessas estão associados aos períodos de crise. Recordando, o período de 1993 a 1996, onde as mesmas reduziram cerca de 15%, em resultado da fase final da recessão que influenciou o continente Europeu, é possível, então, compreender que as remessas dos emigrantes tenham diminuído no período entre 2007 e 2009 derivado da crise internacional e consequentemente da turbulência dos mercados.
            Contudo, a partir de 2009 e examinando as estatísticas divulgadas pelo Banco de Portugal, podemos constatar que as remessas dos emigrantes voltaram a aumentar, ainda que ligeiramente e em valores inferiores aos alcançados durante as década passadas. Isto vem realçar que, em virtude da crise de mercado de trabalho português, muitos dos jovens portugueses, que hoje terminam os seus estudos têm procurado um país estrangeiro em busca de alcançar o seu primeiro emprego.
            De um modo geral, ao comparar os resultados de uma década, é possível observar que no período compreendido entre 2001 e 2011 as remessas dos emigrantes sofreram uma acentuada descida, embora com períodos de variação positiva e períodos de variação negativa. Em 2001, as remessas dos portugueses, dispersos pelo mundo, representavam cerca de 10,24 milhões de euros por dia, enquanto que em 2011 o valor rondou os 6,66 milhões de euros, o que traduz uma descida total de 34,96%, aproximadamente.
            Importante ainda salientar que, para o mesmo período, as remessas provenientes da Alemanha e da França reduziram-se drasticamente em 54,60% e 42,94%, respetivamente. Porém, as verbas recebidas da Espanha aumentaram, consideravelmente, para o mesmo período, em 51,02%. Relativamente aos países exteriores à União Europeia, é possível observar que o volume de remessas tanto da Suíça, como dos Estados Unidos da América e do Canadá diminuiu ao longo da última década. Por fim, um alerta para o aumento notável das remessas originárias do resto do mundo (para dados estatísticos são considerados todos os países excetuando: Alemanha, França, Reino Unido, Espanha, Luxemburgo, Suíça, Canadá, Estados Unidos da América, Venezuela, Brasil).
            Torna-se possível concluir que, apesar dos valores das remessas dos emigrantes, hoje em dia, serem bastante distintos dos alcançados em décadas anteriores, estes ainda continuam a ser um ponto fulcral da economia portuguesa, sendo extremamente relevante o contributo dos mesmos para o equilíbrio da balança de pagamentos.

Ana Rita Marinho Carvalho  

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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