Portugal fica marcado por ter sido, desde há vários séculos, um
país de emigrantes. Os Portugueses rumavam em direção à Índia, ao Brasil,
espalhando-se, mais tarde, pela Europa, nomeadamente França, Alemanha, Bélgica
e Suíça, onde homens e mulheres ambicionavam melhores condições de vida,
sobretudo alcançar uma situação socioeconómica mais favorável e, assim,
proporcionar aos seus um futuro mais risonho.
As remessas dos
emigrantes, traduzidas no montante monetário que os mesmos enviam para o nosso
país, são expressas através do saldo da balança de pagamentos e representam um
papel importante na economia portuguesa, apesar de, por inumeras vezes, ser um
assunto omitido. É possível, ainda, referir que essas mesmas remessas exibem
valores superiores aos dos Fundos Comunitários, distribuídos pela União
Europeia.
Ao analisar os
valores das remessas, e atendendo a um estudo publicado jornalisticamente
através do “Público”, é possível estabelecer que os níveis das remessas estão
associados aos períodos de crise. Recordando, o período de 1993 a 1996, onde as mesmas
reduziram cerca de 15%, em resultado da fase final da recessão que influenciou
o continente Europeu, é possível, então, compreender que as remessas dos
emigrantes tenham diminuído no período entre 2007 e 2009 derivado da crise
internacional e consequentemente da turbulência dos mercados.
Contudo, a partir
de 2009 e examinando as estatísticas divulgadas pelo Banco de Portugal, podemos
constatar que as remessas dos emigrantes voltaram a aumentar, ainda que
ligeiramente e em valores inferiores aos alcançados durante as década passadas.
Isto vem realçar que, em virtude da crise de mercado de trabalho português,
muitos dos jovens portugueses, que hoje terminam os seus estudos têm procurado
um país estrangeiro em busca de alcançar o seu primeiro emprego.
De um modo geral,
ao comparar os resultados de uma década, é possível observar que no período
compreendido entre 2001 e 2011 as remessas dos emigrantes sofreram uma
acentuada descida, embora com períodos de variação positiva e períodos de
variação negativa. Em 2001, as remessas dos portugueses, dispersos pelo mundo,
representavam cerca de 10,24 milhões de euros por dia, enquanto que em 2011 o
valor rondou os 6,66 milhões de euros, o que traduz uma descida total de
34,96%, aproximadamente.
Importante ainda
salientar que, para o mesmo período, as remessas provenientes da Alemanha e da
França reduziram-se drasticamente em 54,60% e 42,94%, respetivamente. Porém, as
verbas recebidas da Espanha aumentaram, consideravelmente, para o mesmo
período, em 51,02%. Relativamente aos países exteriores à União Europeia, é
possível observar que o volume de remessas tanto da Suíça, como dos Estados
Unidos da América e do Canadá diminuiu ao longo da última década. Por fim, um
alerta para o aumento notável das remessas originárias do resto do mundo (para
dados estatísticos são considerados todos os países excetuando: Alemanha,
França, Reino Unido, Espanha, Luxemburgo, Suíça, Canadá, Estados Unidos da
América, Venezuela, Brasil).
Torna-se possível
concluir que, apesar dos valores das remessas dos emigrantes, hoje em dia,
serem bastante distintos dos alcançados em décadas anteriores, estes ainda
continuam a ser um ponto fulcral da economia portuguesa, sendo extremamente
relevante o contributo dos mesmos para o equilíbrio da balança de pagamentos.
Ana Rita Marinho
Carvalho
Sem comentários:
Enviar um comentário