quinta-feira, 15 de março de 2012

Empreendedorismo: uma saída para a crise?

Durante as duas últimas décadas, fomos testemunhas da extraordinária evolução de cursos e programas sobre empreendedorismo em todos os níveis de ensino de quase todos os países. Podemos considerar o empreendedorismo como o termo utilizado para identificar o individuo que dá início a uma organização. Apesar disto, empreendedor não é somente aquele que inova, como muitos empreendedores que criam empresas em sectores tradicionais. O empreendedorismo é o principal fator promotor do desenvolvimento económico e social de um país. O papel do empreendedor é identificar oportunidades, agarrá-las e buscar os recursos para transformá-las em negócio lucrativo, algo que neste momento não é feito em Portugal perante a situação em que nos encontramos.
Como é hábito ouvir-se, momentos de crise sempre geram dificuldades e oportunidades. Uma das oportunidades é a chamada de atenção ao empreendedorismo, como possível saída ou mesmo solução para a crise. Quando o país começa a ficar sem muitas alternativas para gerar receita, uma das habituais opções é o empreendedorismo. Começam a surgir, no nosso dia-a-dia, palavras como “empreender”, “empreendedor” e “empreendedorismo” em todos os meios de comunicação, motivadas pelas diversas instituições que voltam a apostar no empreendedorismo como estratégia de futuro para o nosso País. Vejo aqui uma oportunidade para os empreendedores estarem no foco de todas as atenções, com ferramentas, concursos e financiamento de projetos, vindas de várias organizações e instituições. 
Todos pensamos, ou quase todos, que uma recessão tem efeitos contraditórios no empreendedorismo. Por um lado, as dificuldades económicas diminuem as possibilidades de criar uma empresa bem-sucedida, mas por outro lado, essas dificuldades trazem consigo um maior número de pessoas desempregadas, que podem ver na criação de uma empresa a solução da sua situação.
Nesta altura em que a crise financeira se sente por todo o mundo, é importante desenvolver a nossa capacidade de empreender. Não só ao nível profissional mas também ao nível pessoal, promovendo uma atitude ativa, em que cada um faça parte da mudança que quer ver surgir. Outra coisa facilmente reconhecida são as atitudes empreendedoras dos imigrantes. A coragem de partir para outro país à procura de uma situação de vida melhor para nós e para a nossa família é já um grande ato de empreendedorismo. É quase certo que este objetivo de melhoria de condições de vida passará pela obtenção de um trabalho. E o que temos verificado é que a vontade de vencer, por parte dos imigrantes, não se reduz apenas ao trabalho por conta de outrem. São muitos os imigrantes que têm uma história de sucesso conseguida através da criação do próprio emprego.
A crise económica vivida nos dias de hoje pode, à semelhança do que já aconteceu no passado, levar à emergência de novos sectores e à criação de novas empresas. Esta ameaça (crise económica) pode ser transformada numa oportunidade para o empreendedor desenvolver a sua ideia de negócio e implementar a mesma numa conjuntura que, à partida, parece desfavorável mas que pode ser considerada um “recanto” de mercado. Toda a Europa deverá centrar a sua preocupação na simplificação do novo, numa lógica empreendedora, deixando de lado as políticas que apenas restauram e reabilitam o que já existe. A criação de novos serviços e de novos negócios é um desafio que está lançado no sentido de se conseguirem dar respostas às necessidades cada vez mais urgentes do nosso tempo. Assim, podemos questionar-nos de forma simples sobre a forma de tirar partido da inteligência coletiva para inovar e encontrar soluções cada vez mais criativas para os problemas que a sociedade moderna nos impõe. 

Elsa Lopes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]  

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