Durante as duas últimas
décadas, fomos testemunhas da extraordinária evolução de cursos e programas
sobre empreendedorismo em todos os níveis de ensino de quase todos os países.
Podemos considerar o empreendedorismo como o termo utilizado para identificar o
individuo que dá início a uma organização. Apesar disto, empreendedor não é
somente aquele que inova, como muitos empreendedores que criam empresas em
sectores tradicionais. O empreendedorismo é o principal fator promotor do
desenvolvimento económico e social de um país. O papel do empreendedor é
identificar oportunidades, agarrá-las e buscar os recursos para transformá-las
em negócio lucrativo, algo que neste momento não é feito em Portugal perante a
situação em que nos encontramos.
Como é hábito ouvir-se,
momentos de crise sempre geram dificuldades e oportunidades. Uma das
oportunidades é a chamada de atenção ao empreendedorismo, como possível saída
ou mesmo solução para a crise. Quando o país começa a ficar sem muitas
alternativas para gerar receita, uma das habituais opções é o empreendedorismo.
Começam a surgir, no nosso dia-a-dia, palavras como “empreender”,
“empreendedor” e “empreendedorismo” em todos os meios de comunicação, motivadas
pelas diversas instituições que voltam a apostar no empreendedorismo como
estratégia de futuro para o nosso País. Vejo aqui uma oportunidade para os
empreendedores estarem no foco de todas as atenções, com ferramentas, concursos
e financiamento de projetos, vindas de várias organizações e instituições.
Todos pensamos, ou quase
todos, que uma recessão tem efeitos contraditórios no empreendedorismo. Por um
lado, as dificuldades económicas diminuem as possibilidades de criar uma
empresa bem-sucedida, mas por outro lado, essas dificuldades trazem consigo um
maior número de pessoas desempregadas, que podem ver na criação de uma empresa
a solução da sua situação.
Nesta altura em que a
crise financeira se sente por todo o mundo, é importante desenvolver a nossa
capacidade de empreender. Não só ao nível profissional mas também ao nível
pessoal, promovendo uma atitude ativa, em que cada um faça parte da mudança que
quer ver surgir. Outra coisa facilmente reconhecida são as atitudes
empreendedoras dos imigrantes. A coragem de partir para outro país à procura de
uma situação de vida melhor para nós e para a nossa família é já um grande ato
de empreendedorismo. É quase certo que este objetivo de melhoria de condições
de vida passará pela obtenção de um trabalho. E o que temos verificado é que a
vontade de vencer, por parte dos imigrantes, não se reduz apenas ao trabalho
por conta de outrem. São muitos os imigrantes que têm uma história de sucesso
conseguida através da criação do próprio emprego.
A crise económica vivida nos dias de hoje pode, à semelhança do
que já aconteceu no passado, levar à emergência de novos sectores e à criação
de novas empresas. Esta ameaça (crise económica) pode ser transformada numa
oportunidade para o empreendedor desenvolver a sua ideia de negócio e
implementar a mesma numa conjuntura que, à partida, parece desfavorável mas que
pode ser considerada um “recanto” de mercado. Toda a Europa deverá centrar a
sua preocupação na simplificação do novo, numa lógica empreendedora, deixando
de lado as políticas que apenas restauram e reabilitam o que já existe. A criação
de novos serviços e de novos negócios é um desafio que está lançado no sentido
de se conseguirem dar respostas às necessidades cada vez mais urgentes do nosso
tempo. Assim, podemos questionar-nos de forma simples sobre a forma de tirar
partido da inteligência coletiva para inovar e encontrar soluções cada vez mais
criativas para os problemas que a sociedade moderna nos impõe.
Elsa Lopes
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