A investigação e a inovação
fazem parte das prioridades da agenda da União Europeia (UE) para o crescimento
e o emprego. Os países da UE foram incentivados a, até 2020, aumentarem para 3
% a parte do PIB que investem em I&D (1 % de fundos públicos, 2% de fundos
privados), o que deverá criar 3 700 000 empregos e levar a um acréscimo do PIB
de quase 800 mil milhões de euros. Por Investigação e Desenvolvimento
(I&D) entende-se todo o trabalho criativo prosseguido de forma sistemática,
com vista a ampliar o conjunto dos conhecimentos, incluindo o conhecimento do
homem, da cultura e da sociedade, bem como a utilização desse conjunto de
conhecimentos em novas aplicações.
A concorrência
que se irá gerar à escala da UE para a obtenção destes fundos garantirá a sua
atribuição aos melhores investigadores e inovadores europeus, que colaborarão
para enfrentar os maiores desafios da nossa época, nomeadamente nos domínios da
energia, da segurança alimentar, das alterações climáticas e do envelhecimento
da população.
Embora seja o
líder mundial em muitas tecnologias, a UE está cada vez mais exposta à
concorrência tanto dos seus concorrentes tradicionais como das economias
emergentes. O “Painel Europeu sobre o Investimento na I&D Industrial”, publicado
pela Comissão Europeia em 2011, revela que o investimento em I&D de grandes
empresas da União Europeia registou uma forte recuperação em 2010, com um
aumento de 6,1% após uma queda de 2,6% em 2009. A lista das primeiras
50 empresas em termos de investimentos totais em I&D inclui 15 empresas da
UE, 18 dos EUA e 13 do Japão. No entanto, os dados relativos às 1.400 maiores
empresas do mundo mostram que as empresas da UE, como um todo, ficam aquém dos
maiores concorrentes oriundos dos EUA e de algumas economias asiáticas
relativamente ao crescimento da I&D.
O
facto de a UE estar aquém de alguns concorrentes mundiais, mostra que é
necessário melhorar ainda mais as condições da actividade empresarial de acordo
com os objectivos da iniciativa emblemática “União da Inovação”.
A “União da
Inovação” irá orientar os esforços europeus e a cooperação com países terceiros
para a resolução dos grandes desafios acima mencionados. Utilizará a
intervenção do sector público para estimular o sector privado e eliminar
obstáculos que impedem as ideias de chegar ao mercado, nomeadamente a falta de
financiamento, a fragmentação dos sistemas e mercados de investigação, a
sub-utilização da contratação pública para a inovação e a lentidão do processo
de normalização.
O Sétimo Programa-Quadro 2007-13,
com um orçamento de 50 500 milhões de euros, é a manifestação mais concreta da
política de investigação e inovação da UE. O 7.º Programa-Quadro comporta
quatro programas específicos: Cooperação
- projectos de investigação em colaboração nos vários domínios (saúde,
alimentação, biotecnologia, …); Ideias
– criação do Conselho Europeu de Investigação (CEI), que financia a ciência de
fronteira (uma
nova abordagem da investigação fundamental que, por um lado, denota a enorme
importância da investigação e ciência fundamentais para a economia e o
bem-estar social e, por outro, realça o facto de a investigação nas fronteiras
e para além das fronteiras do conhecimento ter riscos intrínsecos, permitindo
avanços em áreas de investigação novas e mais excitantes); Pessoas – recursos humanos, incluindo
bolsas para jovens investigadores, bolsas para formação ao longo da vida e
progressão na carreira, parcerias entre a indústria e as universidades e
prémios de excelência; Capacidades - financiamento
de infra-estruturas de investigação, investigação e desenvolvimento em PME,
agrupamentos científicos e de conhecimento e conhecimento científico em geral.
Existe, ainda, um novo programa da
UE designado programa Horizonte 2020 que tem como finalidade o financiamento da
investigação e da inovação no período compreendido entre 2014-2020. Os fundos
(no total, cerca de 80 200 milhões de euros) serão postos à disposição de
organismos de investigação, universidades, empresas privadas inovadoras e PME.
Todos os sectores da economia europeia irão beneficiar destes fundos,
designadamente a agricultura, as pescas e o sector alimentar, a saúde, os
transportes, a energia (em especial, a renovável) e as tecnologias da
informação e comunicação.
Em suma, é possível constatar que o nível de vida futuro
dos europeus depende da sua capacidade para inovar em termos de produtos e
serviços, bem como de processos e modelos económicos e sociais. A saída
progressiva da crise financeira e a necessidade de enfrentar os grandes
desafios mundiais tornam a inovação mais importante do que nunca. Desta forma,
na minha opinião, é da máxima importância que a inovação ocupe um lugar central
na estratégia Europa 2020, para que a UE se torne uma economia inteligente,
sustentável e inclusiva e que, consequentemente, possam ser atingidos níveis
elevados de emprego, de produtividade e de coesão social.
Sílvia Manuela de Jesus
Pinto
[artigo de opinião produzido no âmbito da
unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de
Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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