A subida persistente do preço dos combustíveis nos mercados
internacionais ao longo dos últimos meses pode tirar mais alguns pontos
percentuais ao crescimento da economia portuguesa este ano e pôr um travão à
correção dos desequilíbrios externos em curso. Porém , pode acabar por contribuir para
diminuir um pouco o valor do défice orçamental.
Mais concretamente, o agravamento do custo dos combustíveis
faz-se por duas vias: a subida dos preços em dólares (já em 123 dólares por
barril, mais 15 dólares que o estimado pelo Orçamento de Estado de 2012) e a
desvalorização do euro, que seguia ontem a valer 1,32 dólares (contra 1,39 no
Orçamento).
Importante referir que Portugal é um dos países mais
dependentes de importação de combustíveis, e por isso o impacto desta variação
de preço no crescimento económico português será substancial.
Segundo, o Ministério das Finanças uma subida de 20% do
preço dos combustíveis “come” cerca de 0,2 pontos percentuais do crescimento
real do PIB nacional.
Outro facto é a inevitável degradação das contas externas
(balança comercial), tendo em conta o saldo negativo de exportações e
importações de combustíveis que representa quase metade do défice externo anual
de Portugal.
Visto a importância de variações dos preços dos combustíveis,
lanço ideias do que poderá descer e subir os preços de acordo com a atual
conjuntura: a incerteza das economias, isto é a estagnação da economia da Zona
Euro e os sinais de recuperação dos EUA podem deprimir a procura por petróleo,
baixando automaticamente o preço; a desaceleração dos países emergentes também
pode ser um estimo para a baixa do preço; com a subida acentuada os EUA poderão
voltar a ter de libertar as reservas do seu crude, contendo os preços .
Por outro lado, o clima de instabilidade entre os EUA e o
Irão devido ao programa nuclear deste ultimo poderá levar a um conflito, o que
fará aumentar os preços do “ouro negro”; as politicas monetárias nos EUA, acomodatícia, e na Europa através da injeção de liquidez no sistema financeiro poderão levar
os investidores a protegerem-se com a compra de matérias-primas, como o ouro e
o petróleo, o que provocará mais um motivo de subida de preços.
Contudo, neste momento a principal fonte de subida de preços
é a deslocação do crescimento económico dos países desenvolvidos para os países
emergentes, o que faz com que haja um aumento significativo da procura...
António José Costa Martins Barros Rodrigues
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