quarta-feira, 14 de março de 2012

A dependência Portuguesa – “Ouro Negro”


A subida persistente do preço dos combustíveis nos mercados internacionais ao longo dos últimos meses pode tirar mais alguns pontos percentuais ao crescimento da economia portuguesa este ano e pôr um travão à correção dos desequilíbrios externos em curso. Porém, pode acabar por contribuir para diminuir um pouco o valor do défice orçamental.
Mais concretamente, o agravamento do custo dos combustíveis faz-se por duas vias: a subida dos preços em dólares (já em 123 dólares por barril, mais 15 dólares que o estimado pelo Orçamento de Estado de 2012) e a desvalorização do euro, que seguia ontem a valer 1,32 dólares (contra 1,39 no Orçamento).
Importante referir que Portugal é um dos países mais dependentes de importação de combustíveis, e por isso o impacto desta variação de preço no crescimento económico português será substancial.

Segundo, o Ministério das Finanças uma subida de 20% do preço dos combustíveis “come” cerca de 0,2 pontos percentuais do crescimento real do PIB nacional.
Outro facto é a inevitável degradação das contas externas (balança comercial), tendo em conta o saldo negativo de exportações e importações de combustíveis que representa quase metade do défice externo anual de Portugal.

Visto a importância de variações dos preços dos combustíveis, lanço ideias do que poderá descer e subir os preços de acordo com a atual conjuntura: a incerteza das economias, isto é a estagnação da economia da Zona Euro e os sinais de recuperação dos EUA podem deprimir a procura por petróleo, baixando automaticamente o preço; a desaceleração dos países emergentes também pode ser um estimo para a baixa do preço; com a subida acentuada os EUA poderão voltar a ter de libertar as reservas do seu crude, contendo os preços .

Por outro lado, o clima de instabilidade entre os EUA e o Irão devido ao programa nuclear deste ultimo poderá levar a um conflito, o que fará aumentar os preços do “ouro negro”; as politicas monetárias nos EUA, acomodatícia, e na Europa através da injeção de liquidez no sistema financeiro poderão levar os investidores a protegerem-se com a compra de matérias-primas, como o ouro e o petróleo, o que provocará mais um motivo de subida de preços.
Contudo, neste momento a principal fonte de subida de preços é a deslocação do crescimento económico dos países desenvolvidos para os países emergentes, o que faz com que haja um aumento significativo da procura...

António José Costa Martins Barros Rodrigues

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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