A emigração foi e é um fenómeno que esteve sempre presente na vida das famílias portuguesas. Dados estatísticos apontam que Portugal tem a sétima maior comunidade de emigrantes no mundo. Dados publicados pela OCDE mostram que Espanha e Suíça são os destinos mais escolhidos pelos portugueses nos últimos anos. Outros destinos também procurados pelos portugueses são o Reino Unido, Luxemburgo e França.
Como todos sabemos nos últimos anos temos vindo a observar o agravamento da situação económica do país, e isso tem levado ao aumento do desemprego, a uma diminuição dos salários, o aumento dos impostos e aumentos dos preços de muitos bens essenciais, que tem levado ao aumento das dificuldades que a população enfrenta no seu dia-a-dia.
Os mais jovens também não são indiferentes a esta situação pois, cada vez esta mais difícil para um recém-licenciado encontrar o seu primeiro emprego.
E uma forma que muitos encontram para fazer face a esta situação é a emigração, na tentativa de encontrarem melhores empregos e com melhores salários.
Muitos estudos publicados recentemente mostram que 43 por cento da população activa portuguesa está à procura de um novo emprego e que 3 em cada 10 coloca a emigração como uma possibilidade, pois muitos estão dispostos a emigrar na perspectiva de encontrar um emprego melhor. E entre as pessoas que colocam a emigração como hipótese, 54 por cento tem entre os 30 e os 39 anos e 42 por cento tem formação superior. E esta taxa é mais acentuada entre os jovens.
O que constituí um grande problema para a economia nacional porque não só se trata da perda da população activa, como também representa a diminuição da população com formação superior e também trata-se da “fuga” de mentes do país.
A diminuição da população activa e jovem do país é uma situação muito grave na medida em que vai diminuindo a população jovem, restando apenas os mais velhos
que em breve estarão reformados e é necessário que haja pessoal qualificado para os substituir. E não só este aspecto que é importante, temos que considerar também que para que haja reformas para os que já trabalharam é necessário também que haja trabalhadores que descontem de forma a que os reformados tenham a sua pensão.
Isto também afecta muito o consumo na medida em que os mais jovens que estão a iniciar a sua vida, saindo das casas dos pais, têm mais necessidade de consumir, de fazer investimentos, de adquirir a casa própria, etc. E com o aumento da emigração da população mais jovens, pode também afectar o consumo. E no momento em que se encontra a economia não podemos dar-nos ao luxo de ter diminuições no consumo pois este é necessário para estimular o crescimento económico, porque para que haja crescimento económico é necessário que as pessoas consumam, invistam, que actuem na economia.
Mas também devemos ter em consideração que nos últimos tempos a população não tem tido muitos incentivos ao aumento do consumo muito pelo contrário, temos assistido a aumentos dos impostos, dos preços e a uma diminuição dos salários. E estes aspectos só podem levar a diminuição do consumo porque se as pessoas não têm dinheiro não podem consumir. E temos que ter em conta também que, as pessoas vendo como a situação esta, têm tendência a fazer alguma poupança na perspectiva de que se a sua situação económica piorar têm algum dinheiro para enfrentar a situação.
Quanto a fuga de “mentes” é um assunto também muito grave porque isso vai diminuir a qualidade dos quadros técnicos disponíveis no país. Mas isto esta acontecendo porque os trabalhadores não encontram as condições necessárias para o desenvolvimento dos seus trabalhos, e também muitas vezes porque sabem que se emigrarem além de terem melhores condições de trabalhos eles terão melhores salários.
Cláudia Novais
Sem comentários:
Enviar um comentário