Hoje em dia, falasse muito em promover a competitividade
internacional das empresas portuguesas. Assim sendo, este
artigo aborda a importância da flexibilidade do mercado de trabalho na
construção de uma economia competitiva e capaz de criar empregos mais
produtivos.
De facto, Portugal caracteriza-se pelas suas leis laborais
rígidas. Leis que dificultam o despedimento individual, obrigam a uma
indemnização em caso de despedimento, impõem salário mínimo, entre outras
regras.
Contudo, nos últimos anos, estas leis sofreram
algumas alterações, com o objectivo de tornar o mercado de trabalho mais
flexível e dinâmico, e aumentar a capacidade de adaptação das empresas as
alterações dos ciclos económicos. Alterações como a redução do pagamento de
horas extraordinárias, subsídios de desemprego mais curto, prolongamento dos
contratos a termo, alterações nas regras do despedimento individual por
inadaptação ou por extinção do posto de trabalho, entre outras. Apesar destas
alterações continua a ser complicado despedir um trabalhador.
Quanto à rigidez laboral, esta poderá ser sinónimo de
trabalho permanente. Ou seja, a legislação protege os trabalhadores com vínculo
definitivo, promovendo a segmentação do mercado de trabalho. Assim, a
flexibilização do mercado de trabalho aumentaria a mobilidade e permitiria uma
melhor adequação da mão-de-obra às diversas funções das empresas.
A inflexibilidade impede que o mercado de trabalho se
ajuste espontaneamente às rápidas mudanças das condições económicas. Talvez
fosse importante para as empresas terem a oportunidade de adaptarem permanentemente os seus quadros às flutuações do
mercado. É desta limitação, por parte das
empresas, em demitir funcionários prescindíveis ou pouco produtivos e
ineficientes, que nos leva a seguinte questão. Será justo obrigar uma empresa a manter um empregado que não deseja? De facto,
nenhum patrão quer despedir um bom trabalhador. Neste
caso, liberdade para despedir poderá ser sinónimo de maior produtividade. Deduz-se, então, que com mercados de trabalho
flexíveis as empresas seriam mais eficientes e competitivas, devido,
essencialmente, ao aumento da produtividade, da produção e das exportações.
É evidente que
o
aumento da flexibilidade dos mercados de trabalho pode implicar a criação de
insegurança no emprego. No entanto, se o mercado é rígido o empregador pensará
várias vezes antes de admitir alguém. Ora, havendo
facilidade em despedir, haverá muito menos receio em contratar. Actualmente,
fala-se muito nos despedimentos colectivos, estes também estão relacionados com
a legislação laboral. Para muitas empresas, o custo de despedir um trabalhador
(a indemnização) é demasiado elevado. Desta forma, muitas dessas empresas têm
optado por despedir todos os trabalhadores, declarando falência. No entanto,
apesar deste efeito, a existência de indemnizações é fundamental para os
trabalhadores terem uma garantia de bem-estar.
A flexibilidade
do mercado laboral é muito associada à precariedade do trabalho. Esta
precariedade refere-se à instabilidade do emprego, à ameaça do desemprego, à
falta de perspectivas de evolução profissional e, também, ao trabalho mal pago.
Se calhar um bom empregado, também, merece um bom ordenado. No entanto, a meu
entender, as formas flexíveis do mercado laboral são ambíguas, tanto implicam
riscos, como comportam várias oportunidades. A verdade é que muitos países da
União Europeia têm optado pela flexibilização do mercado de trabalho.
Certamente, que a
flexibilidade acarreta muitas incertezas para os trabalhadores. Mas, também, estimulará a economia nacional, através do aumento
da produtividade e das exportações mais competitiva. Neste sentido, a
flexibilização do mercado laboral português seria benéfica tanto para as
empresas como para o bem-estar geral da sociedade. Podendo ser uma das resposta
para o tão preocupante desemprego e para a baixa produtividade.
Ana
Sofia Ferreira Fernandes
[artigo de opinião
produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do
3.º ano do curso de Economia (1.º ciclo) da EEG/UMinho]
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