segunda-feira, 7 de outubro de 2019

O impacto do Brexit nos Serviços Financeiros

O Brexit foi mais uma vez adiado, e agora só deverá acontecer em Outubro de 2019 (e isso se acontecer mesmo), mas toda essa incerteza tem trazido vários efeitos negativos para a economia do Reino Unido.
O Brexit, mesmo não acontecendo, afeta a vida das pessoas: são muitos os imigrantes que voltaram para os seus países de origem, e muitas pessoas que queriam imigrar desistiram da ideia e escolheram outros países como destino. Outro efeito é vários negócios mudarem-se para países mais estáveis e para outros destinos dentro da UE, para continuarem a ter acesso livre a esse mercado. Também diversos investimentos planeados foram cancelados ou adiados indefinidamente devido à instabilidade sobre qual será o verdadeiro futuro do Reino Unido.
Um dos setores que já foi afetado e poderá ser ainda mais afetado é o dos serviços financeiros, um setor chave para economia britânica. São três pontos importantes sobre isso, os quais vemos abaixo:
i)    O impacto do Brexit no sistema de regulamentação
Este é um dos pontos mais complexos já que vários negócios financeiros apresentam regulamentação europeia. Com a saída, isso poderá gerar um problema nessa legislação, de forma a criar mais problemas para os negócios funcionarem em território britânico. Se o Reino Unido não mantiver as mesmas leis, muitos negócios vão se prejudicar e até mesmo abandonar o país. Um exemplo é indústria de apostas online que atua no país através das leis da Comunidade Europeia.
ii)  O impacto do Brexit na economia da cidade de Londres
Londres é a principal cidade do Reino Unido e o maior centro financeiro da Europa e do mundo, isso segundo dados de setembro de 2017, e poderá perder o seu poder com o Brexit, já que parte dessa importância resulta do fato de estar dentro da União Europeia e funcionar respeitando a zona do euro e sob a supervisão da União Europeia. Os muitos negócios da cidade perderiam este suporte, e poderiam deixar o mercado britânico, mudando-se para destinos como Paris, Frankfurt ou Amsterdão, aumentando assim o desemprego e diminuindo a entrada de divisas no país, bem como provocando uma “fuga de cérebros” em grande escala.
iii)    O impacto do Brexit nas importações e nas exportações
As importações e as exportações seriam altamente prejudicadas, já que hoje em dia o comércio entre os países da UE é completamente livre. O Reino Unido precisaria buscar acordos com novos parceiros comerciais, o que num primeiro momento prejudicará sua balança comercial, mas que poderá abrir oportunidades em novos mercados, como os países asiáticos, por exemplo. Mas acordos comerciais levam bastante tempo a ser negociados, e esse poderia ser um processo muito moroso. Outro ponto é a distância entre esses países, que dificultariam essas trocas comerciais, se comparados com os países europeus.
Ou seja, os efeitos do Brexit, especialmente nos serviços financeiros, podem ser muito negativos. Esse adiamento no entanto acabou por ser um mal menor, apesar das perspetivas econômicas após uma saída continuarem sendo negativas. Caso o Reino Unido tivesse saído da UE sem um acordo, o impacto da saída seria catastrófico, segundo muitos especialistas, como o Fundo Monetário Internacional, que prevê que o crescimento da economia poderá ser 3,5% inferior ao previsto até 2021.
Neste momento de instabilidade, é notável o fato de o governo britânico estar cada vez mais condicionado nas suas opções, e por isso será expectável que a incerteza perante o processo do Brexit conheça ainda mais desenvolvimentos inesperados ao longo dos próximos meses.

Cociorva Iulian

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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