quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Alterações Climáticas e os efeitos na Economia

“Calotas polares estão a desaparecer”, “Mais uma espécie entrou em vias de extinção”, “Níveis da água do mar atingiram valores recordes”, “Emissões de CO2 destroem cada vez mais o planeta”. Estas são apenas algumas das headlines que nos últimos tempos fizeram eco na comunicação social.
         O clima, as alterações climáticas e o ambiente são, hoje em dia, uma das mais importantes questões sociais a nível mundial. Estas transferem-se para a economia, visto que as empresas, atualmente, têm mais preocupações além do lucro e da ética.  Juntam-se à equação os valores ambientais, que vão de mão dada com os valores éticos e morais. Medidas como sacos feitos com materiais reutilizáveis ou até o pagamento dos mesmos, produtos com menos plástico e redução das embalagens descartáveis, recibos digitais e o não facilitismo à utilização das palhinhas nos refrigerantes são algumas das medidas cada vez mais implementadas em empresas multinacionais.
A importância desta temática é de tal forma consensual que as empresas ganham posição no mercado através da confiança dos consumidores quando estabelecem práticas ou políticas ditas “amigas do ambiente”. A este fenómeno dá-se o nome de Marketing Verde ou Ecomarketing. Trata-se de qualquer estratégia de marketing que se foca nos benefícios dos produtos, como estes são produzidos ou da postura em geral da empresa em relação ao meio ambiente. Se olharmos para as empresas com mais popularidade no panorama atual, são empresas com consciência ecológica que, por exemplo, na sua atividade eliminaram os testes em animais (“Cruelty free”), utilizam energias renováveis e materiais recicláveis.
Contudo, não são só as empresas que juntam esforços para vivermos num planeta melhor. Portugal e mais 162 países estiveram presentes na mais recente cimeira pelo clima, em Paris, onde se debateram as propostas para que os objetivos de 2015 fossem, efetivamente, alcançados. Um dos principais objetivos propostos nesse ano foi a neutralização das emissões de dióxido de carbono (CO2) em cada país, ou seja, não produzir mais gases de efeito estufa do que aqueles que conseguirem absorver até 2050.
Mas voltando aos efeitos que esta problemática tem na economia, é importante perceber-se quais as indústrias mais afetadas. A insegurança das populações quanto às catástrofes naturais, causadas pelas alterações climáticas, provocam danos, por exemplo, em indústrias como a do turismo e das seguradoras. Em relação ao turismo, o aumento da temperatura faz com que os postos de turismo, onde os desportos radicais praticados na neve são a principal atração, fiquem prejudicados. Já no que toca à indústria das seguradoras, o aumento da frequência de catástrofes naturais tem causado, naturalmente, um maior número de sinistros. E qual o impacto disto na indústria? Nos últimos 10 anos, as seguradoras portuguesas indemnizaram cerca de 600 milhões de euros devido a inundações, tornados e incêndios. Com o aumento do número de ocorrências, as seguradoras viram-se obrigadas a tomar uma posição aumentando o valor cobrado pelos prémios de seguro ou, até mesmo, a diminuição da cobertura que os mesmos oferecem no que ao património diz respeito.
Em jeito de conclusão, parece-me pertinente citar António Guterres: “Estamos em risco de perder a corrida”. Mas o que quer afinal dizer Guterres com esta afirmação? Bem, o sentido da mesma é que alterações climáticas estão a ocorrer a uma velocidade mais elevada do que as medidas para travar o aquecimento global. Concordo em absoluto com esta afirmação feita pelo secretário-geral da ONU, na medida em que se deve reforçar o esforço feito para que, no final de contas, seja o planeta a ganhar esta corrida.

Mariana da Costa Lopes de Carvalho

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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