A principal causa do baixo nível de vida e da estagnação é o baixo nível de produtividade resultante, sobretudo, da queda a pique do investimento e do baixo nível de qualificação dos recursos humanos. Formalmente, a produtividade do trabalho corresponde à quantidade de trabalho necessária para produzir uma unidade de um determinado bem. Do ponto de vista macroeconómico, mede-se a produtividade do trabalho através do Produto Interno Bruto de um país (PIB) por pessoa activa.
Há em Portugal empresas, e mesmo sectores da economia, com uma produtividade ao nível dos melhores padrões internacionais. Pode dar-se exemplos de indústrias competitivas a nível mundial. Por exemplo, toda a fileira da madeira, turismo e calçado.
Porém, a produtividade a nível global é muito baixa. Porquê? Há vários aspetos a ter em conta. Por exemplo, num país em que predominam as PME, que por definição têm maior dificuldade em conseguir economias de escala, e em que muitas empresas pertencem ao chamado sector dos bens não transacionáveis, onde há menos concorrência, a produtividade tende a ser menor.
O mais importante é o stock de capital por trabalhador (máquinas, ferramentas, infraestruturas, etc.) e o nível de qualificações da força-de-trabalho (número de anos de escolaridade) serem extremamente baixos.
Evidentemente, um trabalhador português que emigre para a Alemanha passa a ter uma produtividade muito superior à que tinha em Portugal, porque tem ao seu dispor um stock de capital mais de três vezes superior, colegas de trabalho com melhor formação e gestores mais competentes. Da mesma forma, a produtividade na Autoeuropa está ao nível das unidades mais eficientes do grupo Volkswagen.
Portugal tem o stock de capital por trabalhador mais baixo, de longe, entre os países da zona euro. O stock de capital é inferior à Grécia, cerca de metade da Espanha e menos de um terço do da Alemanha e da Holanda. Como seria possível o trabalhador português produzir o mesmo que o alemão ou holandês com apenas um terço do stock de capital? A causa desta situação desoladora é, globalmente, as empresas e o Estado terem investido tão pouco, e nalguns casos tão mal.
O stock de capital é o resultado de anos e anos de investimento, que devia estar a aumentar, mas tem vindo a cair a pique.
Quanto ao capital humano, a nova geração de portugueses tem um nível de educação relativamente próximo da média do que se verifica nos países mais desenvolvidos, o que explica a sua relativa facilidade em emigrar. Porém, as gerações mais velhas têm qualificações muito baixas. Apenas 35% dos portugueses com mais de 25 anos terminaram o 2.º ciclo de escolaridade, o que compara com 86% na Alemanha, 84% na Finlândia e 72% em França. Na realidade, de acordo com os dados da OCDE, em Portugal, o nível médio de qualificações dos adultos será bastante inferior ao de países que são mais pobres, por exemplo, Chile, México e Argentina.
O que é que o governo tem feito para combater este fato? Nada. Primeiro, foram interrompidas as políticas de qualificação dos adultos com um baixo nível de escolaridade, por exemplo, o programa Novas Oportunidades. Segundo, os jovens foram aconselhados a emigrar. Muitos portugueses com idade entre os 25 e os 35 anos estão a emigrar para o estrangeiro.
Há uma verdade inescapável: não há maneira de aumentar a produtividade e o crescimento da economia sem mais investimento, quer das empresas e quer do Estado, sem políticas ativas de qualificação dos adultos com baixo nível de escolaridade e sem inverter o fluxo de emigração para o estrangeiro de jovens com qualificações acima da média.
Ou seja, para resumir, podemos afirmar que em Portugal é necessário que o governo dê incentivos às empresas para que estas aumentem o investimento. Por outro lado, é preciso que o estado aumente o investimento na educação e não o contrário, como tem acontecido nos últimos tempos, pois esta, é fundamental para uma maior produtividade. É muito importante que Portugal aumente o seu stock de capital porque sem isso não vamos ter uma maior produtividade.
Diana Patrícia Figueiras Costa
[Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3° ano do curso de Economia (1° ciclo) da EEG/UMinho]
[Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3° ano do curso de Economia (1° ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário