Segundo os dados do Eurostat, houve um aumento de emprego em Portugal neste segundo trimestre. Portugal foi o terceiro país da União Europeia com um maior aumento de postos de trabalho (um crescimento de 0,9% face ao trimestre anterior, o que originou um aumento na criação de emprego de 1,6%).
Nesse mesmo período, a Estónia foi o país membro da União Europeia (EU) que obteve um maior crescimento (+1,2%), já a Lituânia e o Chipre sofreram uma queda de -1% e -0,1%, respectivamente. Em termos homólogos (face ao mesmo período do ano anterior), a Hungria teve uma subida de 3,1%, Malta 2,6% e a Irlanda 1,7%. Foi também entre Março e Junho que o emprego cresceu 0,4% na Zona Euro, e por sua vez Portugal verificou no mês de Julho deste ano uma grande descida na taxa de desemprego (situava-se nos 14%, enquanto que no mesmo mês do ano anterior esta assumia um valor de 16,3%). A taxa de desemprego nos 28 Estados-membros era de 10,2% nesse mesmo mês, mas no ano anterior era de 10,9%, o que representa uma descida de 0,7%. Na Zona Euro esta taxa foi de 11,5%.
Estes dados levam-nos a um pensamento mais otimista dada a situação portuguesa dos últimos anos, uma vez que um aumento do emprego no segundo trimestre é sinónimo que um dado números de pessoas que antes não usufruíam de um posto de trabalho agora terem essa oportunidade, e como tal obterão um rendimento. Mas a situação não é assim tão linear, uma vez que se avaliarmos a empregabilidade por sectores obtemos uma subida nos serviços na Zona Euro no segundo trimestre (1,5%) e uma descida no mesmo período no sector primário (-1,3%). Nos 28 países da União Europeia passa-se uma situação semelhante, onde a maior subida se encontra no sector dos serviços e a maior queda no sector primário.
Isto poder-nos-á levar a uma ideia de mobilidade do factor trabalho, isto é, os trabalhadores moverem-se de um sector para outro, mas existe a questão da especialização, o que é um entrave para os indivíduos que possuem poucas qualificações. E é este mesmo “entrave” que nos faz pensar até que ponto haverá um maior emprego. Porém, se nos desviarmos dessa perspectiva (e tendo em conta que em Portugal o sector com mais peso é o sector dos serviços) e nos concentrarmos na ideia de que efectivamente foi registado este aumento de empregabilidade, há uma possibilidade de o consumo privado aumentar. Isto é, os indivíduos que adquiriram um rendimento poderão dedicar uma parte desse mesmo rendimento à poupança e também às suas despesas (por outras palavras, consumo, como por exemplo a educação). Esta relação proporcional do rendimento/consumo (ou seja quando o rendimento aumenta/diminuiu, o consumo privado aumenta/diminui) traz um certo otimismo à economia portuguesa, uma vez que este aumento da empregabilidade no determinado trimestre ajude ao crescimento económico do país.
Porém, Portugal necessita de mais “movimentos impulsionadores”, ou seja, mais incentivos à inovação, ao desenvolvimento, e também ao investimento. E é por estes incentivos que há possibilidade de aumentar um pouco mais a taxa de empregabilidade, recorrendo, por exemplo: a tecnologias mais inovadoras, que permitam um trabalho mais eficiente e igualmente eficaz; a um desenvolvimento dos indivíduos e das empresas, isto é, promover a educação e estágios especializados para que os trabalhadores possam conhecer melhor as suas competências e saber como usá-las a seu favor; e, por fim, para que exista inovação tecnológica e este apoio ao desenvolvimento, é necessário um bom investimento por parte do Estado português.
Assim, podemos ver esta queda no desemprego como uma revelação, pois foi “uma melhoria das condições de base do mercado de trabalho", como diz Filipe Garcia (Presidente do CA e Economista da IMF), uma vez que os inquéritos mais recentes comprovam uma estabilização ou até aumento da empregabilidade da indústria e de estabilização nos outros sectores. A população activa aumentou tal como o emprego, mas há ainda efeitos de sazonalidade que não devem ser esquecidos. No entanto, este aumento de empregabilidade move-nos para um pensamento mais optimista, dada a situação vivida pelos portugueses nestes últimos anos.
Ana Isabel Lamas Nunes
Referências:
Expresso
Visão
Público
http://www.publico.pt/economia/noticia/portugal-entre-os-paises-da-ue-com-maior-aumento-do-emprego-1669428
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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