Inserido na UE desde 1986, Portugal trava ainda uma longa batalha contra os problemas estruturais da economia nacional, que se traduzem nos seus baixos níveis de produtividade comparativamente à média europeia.
Em primeiro lugar, é necessário compreender o que é a produtividade e porque razão existem assimetrias relativamente aos níveis de produtividade entre os países da UE. A teoria económica descreve a produtividade como a quantidade de produto obtido através da conjugação dos vários fatores de produção - desde o capital físico, o capital humano e os recursos naturais. Como tal, o produto produzido num dado país resulta da sua estrutura económica e, por isso, a qualidade dos seus factores produtivos depende intrinsecamente dos níveis de investimento e tecnologia, e da qualidade da qualificação da população activa, entre outros.
O caso específico de ineficiência português deve-se especialmente às deficiências apuradas nestas duas vertentes. Por um lado, Portugal tem um nível de intensidade capitalística em cerca de 59% da média da Europa dos 27, que advém do baixo investimento em bens de capital e em tecnologia avançada. Por outro, o volume do sector qualificado da classe trabalhadora assume valores 44% abaixo da média europeia (dados de 2010).
É, no entanto, o tópico da educação e qualificação que pretendo versar, já que "Não será eventualmente mera coincidência o facto de as economias com maiores problemas na resolução das finanças públicas e na contenção do volume das dívidas soberanas serem precisamente as mesmas economias onde são mais baixos os índices de criatividade associados à sua aplicação inovadora nos mercados de bens e serviços." (João Valente Aguiar, 2014).
De facto, a baixa proliferação de conhecimento técnico e científico na força de trabalho dificulta a aplicação e difusão de alta tecnologia no aparelho produtivo. Em adição, os baixos níveis de qualificação representam também um obstáculo à capacidade da mão-de-obra se adaptar às exigências dos mercados e “escapar” ao desemprego estrutural. Para além disto, segundo a OCDE, Portugal é um dos países em que o gap salarial mais oscila conforme o nível de habilitações literárias, ou seja, este é um fenómeno que agrava ainda as desigualdades sociais
Compreendidos estes vínculos, Portugal necessita de fazer alterações no seu modelo económico de desenvolvimento uma vez que, para potenciar o Valor Acrescentado do Produto e para impulsionar o crescimento económico, terá de articular um conjunto de políticas educativas e qualificações relevantes para o mercado de trabalho e reforçar o investimento em inovação.
Camila Helena Ӧlund Matos
Bibliografia:
http://economico.sapo.pt/noticias/falta-de-produtividade-em-portugal-devese-as-baixas-qualificacoes_149185.html
[Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3° ano do curso de Economia (1° ciclo) da EEG/UMinho]
[Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3° ano do curso de Economia (1° ciclo) da EEG/UMinho]
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